quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

SÉRIE ESCLARECIMENTOS (II): “O FOGO ARDERÁ CONTINUAMENTE SOBRE O ALTAR”

Movido mais pelo dever do que pelo prazer, inicio esta nova série, cujo objetivo principal é debater e desmistificar alguns conceitos que circulam pela igreja e se tornaram lugar comum, seja pela má interpretação de alguns textos bíblicos ou pela força do hábito.



Todo cristão reconhece a necessidade de liderança eclesiástica de qualidade: que os responsáveis pelo povo de Deus sejam exemplos de ortodoxia e piedade.


Um dos textos mais utilizados para defender esta convicção é Levítico 6.13: “O fogo arderá continuamente sobre o altar e não se apagará”.


Um texto totalmente inadequado para expressar o desejo por um púlpito cristão avivado.


O fogo que este texto menciona é o fogo dos holocaustos (sacrifícios totalmente queimados) apresentado para expiação de pecados no período do sacerdócio levítico, no Antigo Testamento.


Ou seja, este é um fogo que, à luz da Nova Aliança e do perfeito sacrifício de Cristo, já se apagou.


Continua apagado.


E nunca mais se acenderá, para a glória de Deus.


Desejar que este fogo esteja aceso é ofensivo ao caráter infinitamente superior da Nova Aliança sobre o sacerdócio levítico (Hebreus 8.6; 10.8-14).


Outra dificuldade (é talvez você discorde comigo neste ponto) é que não existe altar na Igreja Evangélica.


Sei que muitos confundem púlpito com altar – só que altar é lugar de apresentação de sacrifícios – e não existe tal coisa para a Igreja evangélica, que reconhece que o sacrifício de Cristo é perfeito, dispensando repetição; e suficiente, dispensando novidades (Hebreus 7.22-27; 9.11-28), embora eu sei que existem aqueles que realmente crêem, pregam e ensinam que o crente se relaciona com Deus através de seus $acrifício$.


Ainda que a Bíblia fale de apresentar o próprio ser e louvor como sacrifício vivo a Cristo (Rm 12.1; Hb 13.15), o “altar” onde isto acontece é a vivência do dia-a-dia em Cristo – e não dentro de quatro paredes de um templo, em manifestações muitas vezes estereotipadas de espiritualidade.


A Igreja evangélica possui púlpito, e não altar – porque entende que Deus é glorificado e sua missão é cumprida através da pregação e ensino da Palavra de Deus - púlpito este que ocupa lugar central, demonstrando que a Palavra de Deus é o elemento central da fé e prática da Igreja (lembrando que relegar às Escrituras uma posição periférica fatalmente levará à corrupção da Igreja), e posição elevada para deixar claro que acima de qualquer pretensa autoridade humana está a autoridade divina, que provém das Escrituras.


Continuemos desejando, orando e trabalhando por púlpitos avivados, que sejam fonte de bênçãos para a Igreja e para o mundo.


Mas utilizando bases bíblicas adequadas.

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