terça-feira, 27 de outubro de 2009

DE QUÊ VOCÊ PRECISA PARA CRER EM DEUS?


O filósofo Sam Harris, citado na edição de outubro da revista Galileu, sugere que 1 bilhão de cristãos se unam em oração em prol de uma única pessoa amputada, pedindo a Deus que faça crescer novamente o membro perdido.

Harris considera pífia a possibilidade de que este milagre ocorra.

De acordo com sua lógica, esta é uma prova cabal de que crer em Deus é tolice.

Afinal, se um Deus que, teoricamente, é todo-poderoso e todo-bondoso, ignora voluntariamente a súplica fervorosa de 1 bilhão de fiéis, traz motivos para duvidar ou de sua bondade ou de sua existência.

Argumento impressionante, não?

Não para Jesus.

Jesus teve de lidar com este argumento e não se curvou à sua lógica.

Em todas ocasiões em que foi desafiado a realizar milagres para provar algo sobre Si, respondeu com o silêncio (Mateus 12.38-42; lucas 23.8-9), ao passo que curou pessoas que mal sabiam Seu nome.

Deus não age sob pressão.

Pediram uma demonstração espetacular para Jesus enquanto ele estava na cruz (Mateus 27.41-42).

Prometeram-lhe "conversão em massa", caso Ele os atendesse.

"Desça da cruz e creremos"!


Nada.

Jesus não desceu da cruz.

Ele não desceu porque a cruz é a resposta de Jesus para todos aqueles que buscam a Deus (Romanos 5.8).

Quem não encontrar na cruz de Jesus razões suficientes para crer em Deus não as encontrará de nenhuma outra forma!


Agora a proposta de uma pergunta diferente para Sam Harris:

Será que 1 bilhão de ateus reunidos poderiam fazer o bem que Jesus me proporcionou?

Estou certo que não.

***


PS: Harris parece abertamente ignorar diversos relatos historicos de curas divinas documentados pela Igreja, mas ainda assim podemos lhe dar uma colher de chá e perguntar honestamente:


Por que não temos relatos de curas de amputados?


Não sei!


Deus o sabe!


Mas pela cruz posso saber de um futuro em que toda mutilação, do corpo e do coração, será curada.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

DOENÇAS QUE NÃO PODEM ATINGIR SUA ALMA I: O MAL DE JOSUÉ, OU A SÍNDROME DO EXCLUSIVISMO RELIGIOSO


Saiu, pois, Moisés, e referiu ao povo as palavras do SENHOR, e ajuntou setenta homens dos anciãos do povo, e os pôs ao redor da tenda.
Então, o SENHOR desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais.
Porém, no arraial, ficaram dois homens; um se chamava Eldade, e o outro, Medade. Repousou sobre eles o Espírito, porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda; e profetizavam no arraial.
Então, correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial.
Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus escolhidos, respondeu e disse: Moisés, meu senhor, proíbe-lho.
Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito!
(Números 11.24-29)

Nesta passagem o jovem Josué exemplifica a síndrome do exclusivismo religioso.

Quem sofre deste mal não consegue conceber que a religião possa ter caráter democratizador.

Geralmente esta grave doença apresenta duas variações: a personalista e a totemista.

Impossível dizer qual das duas é mais perigosa.

No primeiro caso, o indivíduo crê ser o único autorizado a ter acesso ao sagrado. Toda e qualquer manifestação do divino que não passe pelo crivo DELE (não dos parâmetros estabelecidos por Deus nas Escrituras, que fique claro) deve ser considerada espúria. Ele é o paradigma de toda espiritualidade.

No segundo caso, o indivíduo, assim como Josué, transfere a outro esta prerrogativa de ser o único mediador entre Deus e os homens.

O grande efeito colateral desta modalidade, que transforma um homem em poste-ídolo, é o sacrifício do senso crítico.

Certamente não faltará quem se aproveite disso.

Felizmente, Moisés estava imune a esta doença que, na verdade, é uma tentação.

"Tens tu ciúmes por mim"?

Imunizado pela alegria de ver o progresso do próximo no caminhar com Deus.

"Tomara todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito"!

Pentecostes cumpre o sonho de Moisés.

Aquele que não é vitimado pelo exclusivismo consegue enxergar longe.

Felizmente, Josué aprendeu.

Isto mostra que, realmente, não há mal que Deus não cure.


Especialmente os que estão associados ao mau uso de Seu nome.

domingo, 18 de outubro de 2009

DEVOÇÃO INDEVOTA


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A PEDAGOGIA DE DEUS PARA AS CRISES DE BICO


O livro de Gênesis talvez seja um dos mais populares de toda a Bíblia. Geralmente os primeiros contatos que as crianças têm com as Escrituras é dado através das narrativas sobre a criação, o dilúvio, a torre de Babel e outras, o que torna os personagens de Gênesis (Adão, Eva, Noé, Abraão, José) muito conhecidos.

Inclusive Caim e Abel.

É famoso o relato do primeiro assassinato cometido na história humana.

Há divergências, contudo, acerca da motivação de Caim em cometer o homicídio, principalmente acerca do motivo que explica a recusa de Deus em receber sua oferta.

Já li argumentos alegando que a oferta de frutos de Caim foi rejeitada por não ter sido um sacrifício de sangue, como o de seu irmão Abel. Tal argumento não se sustenta à luz das leis sobre ofertas em Levítico, que prevê a oferta de vegetais e seus derivados na adoração (Levítico 2; 23.9-14).

Outro afirmava que a oferta de Abel fora um fruto espontâneo de seu trabalho, não algo que fora extraído à força da terra – um argumento bastante estranho, principalmente se considerarmos que Deus deu ao homem o mandamento de desenvolver a agricultura (Gênesis 1.29-30; 2.15) e que a morte cruenta de animais (tanto para sacrifício e como alimento), aparentemente, é um fato que se tornou necessário apenas após a Queda, não refletindo a ordem natural idealizada por Deus.

O Caim agricultor só podia servir a Deus sendo o Caim agricultor. Não abandonamos em um canto nossos talentos e profissão para adorar a Deus.

Pode ser uma possível explicação o fato, mencionado no texto que Abel apresentou as primícias de seu rebanho ao Senhor (Gênesis 4.4). Aparentemente, Caim não foi tão zeloso.

Todavia, considerações dos teólogos à parte, creio que o grande problema da oferta de Caim era Caim. O texto diz que Deus rejeitou a Caim, e, por conseqüência, sua oferta (“...de Caim e de sua oferta não se agradou.” Gênesis 4.5).

Isto ocorreu porque não é possível dissociar aquilo que fazemos fora dos ambientes de adoração com aquilo que ofertamos a Deus nos momentos de culto.

Deus não é subornável. Porque as obras de Caim eram más e as de seu irmão boas (1.ª João 3.12), Deus não pôde aceitar sua oferta, ao passo que Se alegrou com o culto oferecido por Abel.

A Bíblia relata que Caim ficou terrivelmente irado, e que seu semblante descaiu. “Fechou a cara”, como traz a Nova Tradução na Linguagem de Hoje.

Após o incidente Deus, misericordiosamente, vai conversar com Caim.

O que o Senhor lhe diz?

Em primeiro lugar, Deus convidou Caim a pensar sobre sua atitude. Ou seja, quis fazê-lo refletir sobre os motivos que o levaram a ficar “de bico” (
“Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante?” Gênesis 4.6).

Ou seja, “pare e pense”, diz Deus. “Seja razoável"!

Depois disto, o convoca a deixar de ter auto-piedade e fazer uma análise honesta de suas atitudes e das possibilidades de melhorias para seu futuro caso se emendasse (“Se procederes bem, não é certo que serás aceito?” Gênesis 4.7).

Em outras palavras:

“Pare de ter autopiedade”.

“Pare de culpar a seu irmão por seu fracasso”.

“Pare de culpar a mim”.

“Culpe exclusivamente A VOCÊ pelo rumo que tem dado à sua vida.”

E, finalmente, Deus apresenta a grande responsabilidade que está sobre os ombros de cada ser humano da Terra, deixando claro que, aqueles que utilizam o ressentimento como escapismo para o dever de gerenciar bem a própria vida terão como conseqüência a perda progressiva da capacidade de geri-la (“Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”. Gênesis 4.7).

Quem se faz de vítima, torna-se vitimado por um estado de incapacitação.

Quem se arma contra Deus e o próximo fica desarmado diante da desumanização.

Todos sabemos o final da História (Gênesis 4.8).

Caim não aproveitou bem a preciosa aula que Deus lhe deu.

Diariamente esta história se repete.

Muitas pessoas carregam dentro de si ressentimentos injustificáveis.

São misericordiosamente buscadas por Deus.

Inclusive você, meu leitor.

Se sua esta e a situação de seu coração, saiba que também pode contar com a misericórdia de Deus.


Jamais, porém, com sua conivência.

Tenha uma boa aula e tire 10 na arte de viver!


***

Recentemente foi anunciado o lançamento do novo livro do escritor português José Saramago, chamado “Caim”. A tese principal de Saramago é que Deus é o culpado por Caim ter assassinado Abel.


Haja bico!

domingo, 4 de outubro de 2009

LIBERDADE, SEGUNDO A AVON

"Liberdade de escolher seu destino.

Ir onde tudo acontece.

Apresentamos as novas fragrâncias da Avon – Jet Femme Jet Homme.

Seu estilo de vida exclusivo.

Fale com uma revendedora Avon."

Como você define liberdade?

Para a Avon, liberdade consiste no estilo de vida conforme demonstrado por Thiago Lacerda em sua última campanha publicitária.

Carrões. Iates. Belas mulheres.

Não me pergunte que ligação os cosméticos têm com iates e belas mulheres.

É pena que a liberdade segundo a Avon seja limitada a poucos. Afinal, quem não possui capital econômico não poderá ser livre conforme a Avon entende.

É preciso de dinheiro para ter a liberdade de escolher um destino que inclua iates, e não perfumes!

Todos que compram os produtos da Avon sabem disso? (Espero que sim)

A Avon sabe que eles sabem?

E, se ela sabe que sabem, por que insiste em utilizar publicidade mentirosa para vender seus produtos?

Por que vender através da ilusão?

Para ofender a maior parte da população sem poder aquisitivo?

Nesta vida, você encontrará muitas situações que se configurarão como uma tentativa de te enclausurar em uma cela.

Uma prisão mental.

Estar consciente disto o quanto antes te ajudará a manter-se alerta e construir defesas internas.

Sendo a maior delas saber que JESUS CRISTO nos chama para a liberdade!

Decida-se firmemente a jamais abrir mão da verdadeira liberdade (espiritual, mental e moral) que somente Jesus Cristo oferece.

A todos.

Mesmo àqueles que não podem desfrutar de iates como os do comercial da Avon.

sábado, 3 de outubro de 2009

PELO DIREITO DE SER IDIOTA


Certas tendências da Igreja Evangélica me preocupam. Uma delas é um certo complexo de perseguição, incentivado inclusive por alguns de seus líderes.

Quero analisar esta paranóia em seu aspecto político e legal.

(Talvez você discorde de mim, a princípio, quanto ao uso do termo PARANÓIA.

Mantenho minha posição, afirmando categoricamente: NÃO, A IGREJA NO BRASIL NÃO É PERSEGUIDA.

Chega a ser blasfemo afirmar tal coisa.

Basta pensar na janela 10/40.

E uma das maiores provas de que realmente possuímos consistente liberdade religiosa é o respeito que até mesmo os picaretas religiosos desfrutam nesta nação para ampliarem seus “ministérios”.)

Este sentimento se manifesta através de uma análise política superficial, produzindo discursos do tipo: "estão aprovando leis contra a família", "os princípios cristãos não estão sendo levados em conta pelo Congresso".

Este discurso traz em si uma perigosa inconsistência: ao requerer que nossos legisladores consultem a Bíblia para criar e aprovar projetos de leis, e que defendam a família cristã, os proponentes desta idéia se esquecem de que, em um estado laico, tal coisa não pode ocorrer.

Não deve ocorrer.

E é BOM e, mais ainda, NECESSÁRIO que assim seja!

Por definição, o Estado que se declara laico isenta-se de legislar sobre assuntos religiosos, por compreender que está fora de sua alçada fazê-lo; que tal tarefa cabe ao indivíduo, na liberdade de sua consciência.

E Estado bom é o Estado que preserva a liberdade do indivíduo.

Toda boa legislação deve garantir e salvaguardar ao indivíduo o direito de ser idiota, se ele assim o quiser.

Ao legislar sobre os limites que esta liberdade individual deverá assumir para que não seja nociva socialmente, o Estado não recorrerá a textos sagrados, mas utilizará a base comum do Direito, que concebe valores como vida e dignidade como bens jurídicos, ainda que estes temas recebam também muito enfoque dentro da doutrina cristã.

Agora, quanto ao teor de validade existencial no uso da liberdade individual, somente a Deus serão prestadas contas. O Estado não pode exigir isto.

E, sabiamente, o Estado laico entende tal coisa.

O Estado que assim não procede, age criminosamente, violando a consciência individual.

Aqueles que desejam um Estado cristianizado sonham, sem saber, com o estabelecimento de um Estado criminoso, onde os princípios cristãos seriam impostos por força da lei, e não pela convicção do coração.

Deus não deseja tal abominação, e como podem alguns setores da Igreja sonharem com tal coisa?

Devemos respeitar as liberdades individuais assim como Deus as respeita.

Deus não remove do homem sua liberdade mesmo quanto este a usa para entristecê-lo.

E o Estado deve garantir o pleno exercício da liberdade a todos. A Igreja não deve solicitar ao Estado o cerceamento da liberdade dos grupos que propõem um estilo de vida diferente do seu, pois o Estado legisla para todos, e não apenas para a Igreja.

Quem vai defender a "família cristã" são os próprios cristãos, a partir da formação dada em seus lares. O Estado legisla para todas as famílias.

Quem vai defender os princípios cristãos é a própria cristandade, não importa as leis que sejam aprovadas pelo Estado.

Ao invés de pretender enfiar, goela abaixo, por força de lei, princípios cristãos àqueles que não desejam segui-los livre e espontaneamente, a Igreja deve concentrar-se no âmbito de sua atividade: apresentar o Evangelho e o estilo de vida em que ele implica a indivíduos para que, NO ÂMBITO DE SUA LIBERDADE INDIVIDUAL, ACEITEM TRANSFORMAR SUAS CONVICÇÕES.

A Igreja, no poder da Grande Comissão, chega onde o Estado não chega.


E isto, odiando o pecado, mas amando o pecador.


Amando-o inclusive no respeito de sua cidadania, liberdade e inviolabilidade de consciência.