terça-feira, 17 de novembro de 2015

VOCÊ É MOTIVADO (A)?





"Depois, voltaram de espiar a terra, ao fim de quarenta dias.E caminharam, e vieram a Moisés, e a Arão, e a toda a congregação dos filhos de Israel no deserto de Parã, a Cades, e, tornando, deram-lhes conta a eles e a toda a congregação; e mostraram-lhes o fruto da terra. E contaram-lhe e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel, e este é o fruto. O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, fortes e mui grandes; e também ali vimos os filhos de Anaque. Os amalequitas habitam na terra do Sul; e os heteus, e os jebuseus, e os amorreus habitam na montanha; e os cananeus habitam ao pé do mar e pela ribeira do Jordão.Então, Calebe fez calar o povo perante Moisés e disse: Subamos animosamente e possuamo-la em herança; porque, certamente, prevaleceremos contra ela. Porém os homens que com ele subiram disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós.E infamaram a terra, que tinham espiado, perante os filhos de Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos no meio dela são homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos." (Números 13.25-33)


Todo comportamento é explicável pela motivação (MOTIVO-EM-AÇÃO) que há por trás dele. Muitas vezes, a motivação chega a ser mais importante do que a própria ação em si.

O tema "motivação"é considerado extremamente importante na sociedade atual, sendo pauta frequente em várias esferas: corporativas, esportivas, educacionais, etc. Pessoas que "dominam" este assunto são consideradas “gurus”, sendo muito requisitadas.


As motivações se dividem em externas e internas:


Um aumento de salário, ambiente favorável, equipe colaborativa, apoio e aceitação são alguns exemplos de motivadores externos (que estão fora do sujeito). Com estes poucos exemplos, podemos salientar 3 características das motivações externas:

  • Nem sempre é possível contar com elas - por isso é perigoso vincular a ação às circunstâncias ou a terceiros; teríamos aí o inadequado casamento da conveniência com a heteronomia;
  • Podem ser mal aproveitadas - a experiência comprova que muitas pessoas cercadas das melhores condições de vida e trabalho não traduzem estes benefícios em qualidade de vida, criatividade e produtividade;
  • Não atendem à satisfação humana - as pessoas sempre querem mais.

Meus valores, prioridades, compromissos e sentimentos são exemplos de motivadores internos (que estão no sujeito):

  • Já fazem parte de mim - logo, a ação passa a ser um exercício de autonomia; 
  • Independem de circunstâncias - logo, sempre teremos a certeza da ação;
  • Podem ser bons ou ruins - uma pessoa pode ser motivada pelos ideias mais nobres ou mais baixos; nenhuma ação, seja qual for seu elemento motivador, está isenta de escrutínio ético.


A grande questão que fica para o cristão é: A TUA FÉ TE MOTIVA???

Entendemos que a fé é um elemento motivador interno. Mas ela possui relevância tal em nossa vida a ponto de nos motivar para a ação, nos motivar em meio aos desafios?


Uma das mais preciosas aprendizagens para o cristão é a de se auto-motivar de forma correta. 

Principalmente por entender não apenas que a motivação precede e fundamente a ação, mas para evitar que a desmotivação leve a um tempo em que seja tarde demais para agir.

Os contemporâneos desmotivados de Josué e Calebe que o digam.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

QUAL A RELAÇÃO ENTRE O ANTIGO E O NOVO TESTAMENTO?



Este é um tema que sempre tem sido espinhoso para a Igreja.

Temos o exemplo de Marcião (c. 85-160 d.C.), bispo de Sínope, que rejeitou o Antigo Testamento e adotou um cânon reduzido do Novo Testamento, eliminando todas suas "influências judaicas", incluindo apenas Lucas, Atos e as epístolas paulinas.

Mas temos também várias afirmações contemporâneas (e, infelizmente, muito comuns), oriundas de uma hermenêutica questionável:
  • “O Deus do Antigo Testamento é um Deus de ira, o Deus do Novo Testamento é um Deus de amor”
  • "A salvação ocorreu porque o Filho a obteve de um Pai rancoroso" (um pseudo pacto da graça!)
  • “No Antigo Testamento a salvação é pelas obras, no Novo Testamento a salvação é pela graça”

·         Embora pareça que a dificuldade da igreja cristã ao lidar com o Antigo testamento apresente apenas elementos de negação, temos também o extremo oposto: a judaização da igreja, que descaracteriza totalmente a vida e a adoração sob a Nova Aliança. 

Sem a devida compreensão da relação do Antigo Testamento com o Novo Testamento, nenhum dos dois será aproveitado da maneira certa!

Minha sugestão para compreender esta relação baseia-se em 2 pontos: 
  1. Identifique o CONTEÚDO do Antigo Testamento (História, Leis e Promessa)
    • História: O Antigo Testamento apresenta a do universo e da humanidade e a História dos atos de Deus, que leva à História do povo de Deus (HISTÓRIA DA SALVAÇÃO);
    • Leis: as leis formavam a identidade civil e religiosa da comunidade da Aliança. Por esta razão, cada mandamento do Antigo Testamento é uma lei civil, ou uma lei cerimonial ou uma lei moral. Em virtude da Nova Aliança e da natureza transcultural da Igreja, a lei civil e cerimonial foram abolidas, sendo que a lei moral é mantida (Mt 22.36-40; Rm 13.9-10; Gl 5.14; Cl 2.16-17)*;
    • Promessa: o Antigo Testamento não era um fim em si mesmo: o tema da mensagem dos profetas era o Messias e o vindouro Dia do Senhor ("Naquele Dia...). O Antigo Testamento dá testemunho de Cristo e nEle encontra seu cumprimento (Mt 5.17; Rm 10.4).   
  2. Entenda que a relação entre as Duas Alianças é DIALÉTICA (possui elementos de continuidade e descontinuidade; contraste e semelhança):
    • O Antigo Testamento é a promessa; o Novo Testamento é o cumprimento;
    • O Antigo Testamento fala da infância da humanidade; o Novo Testamento fala do amadurecimento da humanidade;
    • O Antigo Testamento está atrelado a tempos e espaços específicos; o Novo Testamento ultrapassa estes limites;
    • O Antigo Testamento é o início; o Novo Testamento é a expansão;
    • O Antigo Testamento é a semente; o Novo Testamento é a árvore.
P    Sendo assim, o Antigo Testamento não deve ser desdenhado, pois fundamenta o Novo; mas o Novo Testamento apresenta os fatos vigentes acerca do relacionamento entre Deus e os homens, por isto ele possui predominância teológica.
   
*     *A lei civil e cerimonial para nós hoje é como exemplo da retidão do caráter de Deus, apresenta princípios para conduta virtuosa ou possui função tipológica.