quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SÉRIE: LIÇÕES PRECIOSAS QUE PODEMOS APRENDER... COM QUEM JAMAIS ESPERARIAMOS! (III)

ALBERT EINSTEIN

 
“Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”.

Todo ser humano é movido por um conjunto de conceitos e valores basilares – ou seja, conceitos e valores que definem seu modo de pensar e agir: seu estilo de vida.

Existem conceitos e valores basilares que precisam ser revistos e mudados, por produzirem um estilo de vida nocivo.

Mas com esta frase, o cientista Einstein mostra seu conhecimento também da condição humana, por afirmar, em outras palavras o quão difícil é que as pessoas mudem!

Ou seja, como é difícil a mudança de conceitos e valores basilares!

O velho sempre é o melhor, o mais seguro, o mais cômodo!

O aspecto mais grave da situação é que temos a impressão de que basta dar às pessoas as condições necessárias que elas mudarão.

Mas quantas pessoas possuem as condições necessárias para viver melhor e não o fazem!

Não vivem à luz do que sabem, nem aproveitam todo seu potencial cognitivo, emocional e espiritual.

Poderiam ser príncipes, mas por não mudarem seus princípios orientadores, vivem como escravos.

O velho (e, por conseqüência, o errado) é o melhor – e aqui a assertiva de Einstein cai como uma luva.

Como é difícil mudar uma concepção errada de vida – mesmo possuindo os meios para tanto!

Realmente, Einstein estava certo.

O Senhor, que criou átomos e pessoas (e, portanto, entende de ambos) é poderoso para destruir preconceitos vãos e errôneos e para construir conceitos dignos.

Ele apenas impõe como elemento condicionante a ordem dos fatores: é necessário destruir, para depois construir.

Todo processo de aprendizagem traz implícito em si um necessário processo de desaprendizagem, ou seja, a revisão e ampliamento daquilo que eu tinha por certo.

Se não for assim, não haverá aprendizagem.

Mas o preconceito precisa ser desintegrado!

Ou nós é que seremos!

E então? Permitiremos que o Senhor trabalhe em nossas vidas?

Aceitaremos que Ele destrua para depois edificar?

Aceitaremos Suas condições?

terça-feira, 27 de setembro de 2011

UMA LEITURA TEOLÓGICA DE “LANTERNA VERDE”

O legalista dentro de mim estava com medo de tirar uma folga e ir ao cinema.



Mas Deus sabe como estava precisando de uma folga.


Fui ao cinema - e Ele falou comigo através do filme!

Saí do cinema com a visão espiritual mais aguçada do que antes de entrar na sala de projeção!

Isto ocorreu quando fui assistir “Lanterna Verde” no cinema.

Já tinha o desejo de assistir a este filme desde que soube de seu lançamento (fui logo quando o filme foi lançado, pois quanto mais eu demorasse para ir, mais difícil seria encontrar uma sessão em 2D com horário compatível – não consigo enxergar efeitos em 3D devido à minha deficiência visual), pois mesmo que Hal Jordan e seus companheiros não sejam meus super-heróis favoritos, considero interessantíssima a temática de seus gibis (ou seja, o anel energético – uma arma movida pela imaginação).

Em resumo, a adaptação cinematográfica da história do super-herói da DC Comics o apresenta sob a seguinte premissa:

"1. Ser escolhido para ser um Lanterna Verde é a mais alta honraria possível;

2. A missão de um lanterna Verde é promover a justiça e defender a vida;

3. O poder de um Lanterna Verde é um poder outorgado para o exercício específico desta tarefa;

4. O poder de um Lanterna Verde não provém dele mesmo, e o anel necessita ser constantemente recarregado na bateria, a fonte do poder verde, no ato de repetir o juramento solene que contém seus princípios;

5. Apesar de possuir o anel energético, é o desenvolvimento pessoal do Lanterna Verde que o torna mais exímio no seu manuseio do anel e eficaz em suas batalhas;

6. O potencial de um Lanterna Verde se desenvolve á medida que ele não sucumbe à 'impureza amarela' que pode neutralizar seu poder".

Saí do cinema alegre, com o paralelo que o filme possibilita fazer entre os Lanternas Verdes e o Reino de Deus:

1. Ser chamado para o Reino de Deus é a mais alta honraria que um ser humano pode receber;

2. Os súditos do Reino possuem uma missão comprometida com a promoção da vida e da justiça;

3. O poder concedido aos súditos do Reino não é para a promoção de seus próprios interesses, mas é outorgado para o cumprimento de sua missão como agentes do Reino;

4. O poder dos súditos do Reino não provém deles, logo, os filhos do Reino não podem negligenciar a Fonte de seu poder, a saber, o próprio Rei, nem os princípios do Reino;

5. Quanto mais o súdito do Reino cresce como pessoa, mais eficiente ele se torna como agente do Reino;

6. E, finalmente, quanto mais vitorioso é o súdito do Reino contra a impureza que o ameaça, maior será seu potencial! 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

QUE TIPO DE PREGADOR É VOCÊ? LULA OU DILMA?

Politicamente falando, apesar de algumas peculiaridades inerentes aos dois presidentes, é possível falar de continuidade entre o governo Lula e o governo Dilma.


Há, contudo, uma diferença marcante entre os dois políticos.


Lula gabava-se de não haver cursado faculdade e desdenhava da utilidade da educação formal para o exercício de seu cargo - ou seja, fazia apologia da ignorância.


Dilma, ao contrário, não se envergonha de sua formação acadêmica e sempre informa à mídia qual o último livro que está lendo.


Existem pregadores que agem da mesma forma que o antigo presidente: promovem em seus púlpitos a idéia de que o não-saber e a falta de informação são ferramentas úteis para o crescimento espiritual.


Afirmam que Deus usa um pregador que pronuncia um português incorreto (e eu não discordo disto), mas ignoram que Deus não deixará de usá-lo se melhorar a dicção.

São pessoas que, pelo não-desenvolvimento de uma visão mais crítica da realidade, apresentam respostas simplistas em suas mensagens.


Alardeiam que pregam a Bíblia somente, e não Lutero, Calvino, Wesley ou Armínio para a congregação: como se fosse possível apagar a influência de homens como tais possuem na vida e pensamento da Igreja. Pior: ignoram eles próprios que sua pregação forçosamente se alinhará com algum destes expoentes do pensamento cristão.


Seus ouvintes nunca serão enriquecidos com o legado espiritual de irmãos no Senhor que não conhecem: Spurgeon, Stott, Lloyd-Jones e outros, mas que poderiam ter sido conhecidos através do pregador – mas, ah, puxa vida, o legado de tais homens encontra-se em livros...

Acreditam que é saudável sonegar informação, sendo assim, seus ouvintes são privados do privilégio de conhecer a diversidade do pensamento cristão: nunca ouvirão falar em teorias milenistas, dicotomia e tricotomia, teoria da lacuna, ou qualquer outro grande debate da história da igreja.


São pessoas que, pior do que ter medo de pensar, têm medo de fazer pensar.


Aqueles que cursaram o seminário (existem, sim, apologistas da ignorância com formação acadêmica) apregoam alegremente que não aplicam nada do que aprenderam no curso teológico na Igreja – uma idéia confusa (onde está o problema, então? No seminário ou na Igreja?) e dissimulada (por que concuíram o curso, então?).


Não estou defendendo um academicismo eclesiástico árido.

Não defendo a idéia de que diploma seja sinônimo de vocação ministerial.

Eu mesmo creio que um pregador possa ter sólidos conhecimentos bíblicos sem possuir formação acadêmica formal (não podemos nos esquecer dos auto-didatas, e os tais devem receber o reconhecimento da Igreja).


Mas em tempos que os púlpitos tanto têm servido à futilidade, confesso que tenho medo dos pregadores-Lula!


Há que se pensar (guardadas as devidas proporções) na declaração de Nicholas D. Kristof (texto integral disponível em http://edrenekivitz.com/blog/2011/08/evangelicos-sem-espetaculo/ ):

"Há muitos séculos, o estudo profundo da religião era extraordinariamente exigente e rigoroso; por outro lado, qualquer um podia declarar-se cientista e passar a exercer a alquimia, por exemplo. Hoje, é o contrário. Um título de doutor em química exige uma formação rigorosa, enquanto um pregador pode explicar a Bíblia pela televisão sem dominar o hebraico ou o grego – ou mesmo sem mostrar interesse pelas nuances dos textos originais".

O negrito e a fonte vermelha da citação são meus - são a expressão de minha preocupação. 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

ESBOÇO: 4 DETALHES QUE FAZEM A DIFERENÇA PARA NOSSO CRESCIMENTO ESPIRITUAL

“...para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor...” (Ef 4.14-16)


Texto-base: Efésios 4.14-16

 
1. "ANTES, ...": DETALHE DO CONTRASTE ENTRE COMO DEVO E COMO NÃO DEVO VIVER
 
a. Vivo em meninice?

b. Vivo em inconstância?

c. Vivo em ignorância?

d. Vivo sob manipulação?

e. Conclusão: Estou em perigo!

f. O crescimento não é opcional, mas obrigatório e necessário

 
2. "...SEGUINDO A VERDADE EM AMOR,...": DETALHE DA NECESSIDADE DE ORTODOXIA+ORTOPRAXIA

a. Verdade e amor refletem o caráter de Deus

b. Deus não transige nem com a verdade nem com o amor

c. O amor media o uso da misericórdia com os menos maduros

Reflexão: por que tantos abandonam nossas igrejas e procuram as seitas – por insatisfação doutrinária ou relacional?
 

3. "...CRESÇAMOS EM TUDO...": DETALHE DA TOTALIDADE

a. Não podemos fragmentar nossa vida diante de Deus em áreas nas quais nós administramos o quanto Ele irá influenciar – isto é uma negação de Seu senhorio



4. "...NAQUELE QUE É A CABEÇA, CRISTO.": O DETALHE QUALITATIVO

a. Nem todo progresso é sinônimo de crescimento

b. Sempre existe o risco de usarmos padrões mundanos de avaliação de crescimento...

 
CONCLUSÃO: O crescimento espiritual é mais que um fator de bênção para mim, mas o meio de ser uma bênção, pois segundo Paulo, o crescimento do indivíduo é a ferramenta para o crescimento e o bem-estar de toda a comunidade cristã (v.16).

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

UMA ADVERTÊNCIA (ou algo que, creio eu, merece ser pensado com seriedade...)

 Conforme eu escrevi em outro artigo, “usos e costumes” é um assunto complexo no meio assembleiano.

Não raro, muitas pessoas defendem suas convicções nesta área (quase sempre assuntos relacionados à estética) sem conseguir apresentar respaldo bíblico claro para aquilo que defendem, sem um texto de prova, apelando para conceitos abstratos, sendo que a saída genérica clássica para encerrar a questão é simplesmente apresentar (sem explicar) o argumento de que “o crente tem que ser diferente”.

Preocupa-me que a falta de embasamento bíblico dos afoitos defensores dos “costumes tradicionais” possa simplesmente revelar o histórico preconceito social brasileiro como um elemento arraigado e cristalizado dentro da mentalidade da denominação.

Sim, pois a sociedade brasileira sempre foi uma sociedade preconceituosa – e algumas expressões corriqueiras do dia-a-dia demonstram isso:

Você já colocou em um currículo que possuía “boa aparência”? Esta é considerada uma clássica expressão máxima de preconceito social.

Você já pediu um corte de cabelo “social” ao cabelereiro? Isto sugere que os demais cortes são para quem: os anti-sociais ou aqueles que estão à margem da sociedade?

E a roupa social, então: a calça social, oposta à calça jeans, tida originalmente como roupa de transviado – e o mesmo ocorre na correlação entre o sapato social e o tênis.

Por que é tão comum chamarmos de “Doutor” quem não o é, de fato? Isto não revela a institucionalização de uma mentalidade voltada para a subserviência e adulação dos poderosos?

Promover uma sociedade homogênea é o mais eficiente meio de repressão, pois semeia a intolerância com o diferente – que deixa de ser reconhecido em seu direito de ser e cerceado em sua liberdade de questionamento.

Ou seja, é uma ferramenta muito eficaz para manutenção do status quo, atendendo aos interesses das elites sociais que o detém.

E estas expressões, que exemplificam o modo de pensar da homogenia e repressão, já são centenárias... assim como a maior denominação evangélica brasileira.

E eu me pergunto: o quanto desta forma de pensar, deste ethos, desta forma de ver o outro, foi absorvido (inconscientemente, até, como por osmose) pelas Assembleias de Deus?

Como já disse, uma perigosa maneira de pensar pode estar sutilmente escondida por detrás do discurso do tradicionalismo.

E eu me pergunto então: comprovaremos nosso compromisso com a Palavra de Deus aceitando o desafio de renovar nossa mentalidade?

"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

ESBOÇO - COMO DEVE SER NOSSO FALAR (Sermão Temático)

TEXTO-BASE: Tiago 3.10

INTRODUÇÃO/CONSIDERAÇÕES INICIAIS:


• O que é uma palavra? O símbolo de uma ideia, em sinais sonoros e visuais.


• A palavra estrutura o pensamento, e vice-versa


• Deus concedeu o dom da fala e, consequentemente, da palavra ao homem.


• Através da fala, aperfeiçoamos nossa comunicação interpessoal.


              o “A cegueira isola o homem do mundo; a surdez isola o homem das pessoas”.


• O Éden mostra os primeiros bons e maus usos da palavra (a comunhão do primeiro casal entre si e com o Senhor X dialogar com a serpente e os posteriores conflitos interpessoais ).


• A fala que glorifica a Deus é a fala que promove relacionamentos.


             o Os pecados da fala são graves porque atingem aqueles que escutam e aqueles de quem se fala.


TESE: Devemos ser fiéis para cumprir com as palavras os propósitos que Deus tinha ao nos conceder o dom da comunicação - portanto, nossa fé deve definir o nosso falar.


1. NOSSO FALAR DEVE ESTAR LIGADO COM OS FATOS


a. O oposto disso chama-se MENTIRA


2. NOSSO FALAR DEVE ESTAR RELACIONADO COM QUEM SOMOS


a. O oposto disto chama-se HIPOCRISIA


3. NOSSO FALAR DEVE ESTAR LIGADO À RESPONSABILIDADE


a. O oposto disto chama-se FRIVOLIDADE


4. NOSSO FALAR DEVE ESTAR RELACIONADO AO CONHECIMENTO


a. O oposto disto chama-se CALÚNIA


5. NOSSO FALAR DEVE ESTAR RELACIONADO À NOSSA


a. O oposto disto chama-se MURMURAÇÃO


CONCLUSÃO: Podemos falar melhor - se formos pessoas melhores (Mt 12.34).

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

E POR FALAR NO DIA DO SEXO...


"Eis que és formosa, amiga minha, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas entre as tuas tranças, o teu cabelo é como o rebanho de cabras que pastam no monte de Gileade. Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais todas produzem gêmeos, e nenhuma há estéril entre elas. Os teus lábios são como um fio de escarlata, e o teu falar é doce; a tua fronte é qual pedaço de romã entre {ou atrás do teu véu} as tuas tranças. O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para pendurar armas; mil escudos pendem dela, todos broquéis de valorosos. Os teus dois peitos são como dois filhos gêmeos da gazela, que se apascentam entre os lírios" (Cântico dos Cânticos 4.1-5).


O prazer sempre foi um tema problemático para a cristandade, devido a um histórico milenar de zelo sem entendimento.

Um dos exemplos mais clássicos disto é a alegorização (metaforização “espiritualizada”) que os teólogos (judeus e cristãos) aplicavam ao Cântico dos Cânticos, devido à sua dificuldade de aceitar a presença de um texto bíblico que exaltava o amor sexual – logo, o livro não deveria ser entendido literalmente, mas como uma metáfora do amor entre Deus e Israel ou e/ntre Cristo e a Igreja.

Os teólogos foram engenhosos para elaborar argumentos que justificassem a rejeição do sentido óbvio do texto. A Bíblia de Estudo Defesa da Fé apresenta alguns exemplos destas “pérolas” que foram utilizadas no passado para interpretação de Ct 4.5:

“O Targum (a tradição e a explicação em aramaico do Antigo Testamento)correlacionou dois peitos com dois Messias, ou com Moisés e Arão. Historicamente, os intérpretes cristãos ofereceram uma variedade de explicações. Alguns afirmaram que os dois seios se referiam aos dois Testamentos, alimentando espiritualmente a Igreja. Outra perspectiva correlacionou os seios com os mandamentos de amar a Deus e de amar uns aos outros. Uma terceira interpretação acreditava que os seios representavam o monte Ebal e o monte Gerizim (Dt 27.11-13), ao norte de Jerusalém, de onde as tribos israelitas proclamavam as maldições ou sanções do concerto”.

Ridículo.

O que me chamou mais a atenção, porém, é que mesmo o comentarista contemporâneo (Sheri L. Klouda) temeu o conteúdo sexual do texto sagrado e ofereceu uma interpretação tangenciada:

“É improvável que a menção aos seios tivesse o propósito especial de sugerir o apelo sexual da esposa ao homem, ainda que em uma interpretação literal: eles foram listados aqui justamente com outras características da esposa que impressionam igualmente o poeta (4.1-7). Somente nos tempos modernos os seios das mulheres têm uma conotação ‘sugestiva’ na cultura ocidental. Nos tempos antigos e medievais, eles eram símbolos de sua função: fornecer alimento”.

Ah, tá.

Quero ver como sustentar uma interpretação destas diante de textos como Ct 7.1-8 (e o versículo 6 deixa claro que Salomão enfatiza o aspecto estético/sensual) ou Pv 5.18-20 (comprove por você mesmo, leitor!).

A Biblia não tem os grilos dos teólogos!

A doutrina cristã compreende o amor sexual como uma dádiva generosa de Deus para o bem da espécie humana, a ser usufruído exclusivamente no matrimônio, de forma monogâmica: ou seja, dentro de uma aliança de amor e fidelidade, assumida diante de Deus e dos homens – que é a salvaguarda para evitar a “coisificação” do ser e da sexualidade. Por isso, a doutrina cristã repudia severamente a libertinagem (que, temo, seja o sentido da comemoração popular de 06 de setembro).

Todavia, é igualmente cristão e necessário afirmar, que a doutrina cristã repudia o recalque, mesmo que ele seja utilizado equivocada e amplamente por muitos cristãos como ferramenta para a promoção da santidade: sempre será uma ferramenta ineficaz.

Afinal, o recalque é incapaz tanto de promover a glória ao Criador de todas as coisas (inclusive do sexo) quanto a felicidade e consagração de Seus filhos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A “ESTADUNIZAÇÃO” DA FÉ

Em primeiro lugar, do título do artigo: me recuso a falar da “americanização” da fé porque a América somos nós – latinos e anglo-saxões e não apenas os ocupantes do país governado por Barak Obama.

Agora, quanto ao tema do artigo propriamente dito: temo que a compreensão e vivência da fé evangélica no Brasil esteja adquirindo algumas características (leia-se: vícios) do cristianismo norte-americano.

Em primeiro lugar, a visão política do segmento, estreitando-se em questões relacionadas ao aborto e à questão LGBSTT, tal como nossos vizinhos do hemisfério norte – não nego a importância do debate sério e cidadão sobre estes temas, mas preocupa-me o fato de que eles possam decidir eleições (uma tendência que os candidatos espertalhões vão saber aproveitar muito bem para angariar a simpatia do segmento) e de que a escolha de uma candidato possa ser feita tão somente com relação a seu posicionamento sobre estes temas, descartando a exigência idoneidade pessoal e da apresentação de um projeto político que abranja a promoção de cidadania e justiça social mais ampla e efetiva.

Em segundo lugar, preocupa-me a apologia do obscurantismo: os cristãos americanos são afoitos e obcecados com teorias de conspiração, mensagens subliminares, especulações escatológicas e coisas do gênero: ou seja, se promove a espiritualidade através da paranóia, através de um perigoso desprezo ao discernimento e uso do senso crítico como meio de crescimento espiritual.

E, finalmente, o crescimento do nominalismo evangélico também me preocupa e entristece: as estatísticas numéricas do evangelicalismo nos Estados Unidos são impressionantes – da mesma forma como o alardeado crescimento da Igreja brasileira: porém, de forma semelhante nos dois países, é alto o número sem compromisso com Deus e sem vida cristã, apesar de inscritas em um rol de igreja. O que explica este fenômeno? Arrisco dizer que este seja um subproduto da Teologia da prosperidade perversamente pregada em muitos recantos evangélicos do país, com uma metodologia de discipulado falha, formando consumidores e espectadores da fé – e não imitadores de Cristo.

Historicamente, somos consumidores, imitadores e admiradores de tudo o que vem do “primeiro mundo” – mas espero que, nos casos que citei agora, nosso povo não siga o exemplo do país de Tio Sam.