quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

MAIS QUE UM JOGO DE PALAVRAS


A professora Ligia Cadermatori escreveu que nós, ao tornarmos-nos adultos, perdemos facilmente o sentido estético e lúdico das palavras,limitando-nos apenas ao seu sentido instrumental.

Poetas, literatos e crianças ainda possuem este senso em si.

É com mestas palavras em mente que confesso que sempre me impressionei com a dedicatória que C. Y. Scofield (1843-1921) escreveu no prefácio de sua famosa Bíblia de Estudo:

"... dedicada ao serviço entre os homens deste Deus  Amoroso e Santo, cuja maravilhosa graça em Cristo Jesus ela procura exaltar".

Parece tolo escrever um artigo apenas sobre o teor poético empregado na redação de uma dedicatória, mas mais do que um jogo de palavras, as palavras de Scofield sempre me comoveram pelos sentimentos que elas envolvem:

"Aos homens deste Deus Amoroso e Santo":  não existe no mundo título mais honroso do que este: homem de Deus. E certamente as pessoas que o detêm (e não apenas o ostentam por fanfarronice) são verdadeiros "ornamentos da doutrina de Deus nosso Salvador" (Tito 2.10) e dignas de nossa mais sincera admiração - sentimento que Davi já havia expressado no Salmo 16.3 ("Quanto aos santos que estão na terra, eles são os ilustres nos quais está todo meu prazer") e Scofield aqui endossa. O mundo fica melhor com pessoas deste porte;não há nada mais belo que os efeitos da obra do evangelho na vida de um ser humano.

"... cuja graça maravilhosa em Cristo Jesus ela procura exaltar" - o cristianismo só é verdadeiramente compreendido e apreciado quando entendido como uma religião erigida sobre o amor imerecido de Deus - este é o seu ponto central e nevrálgico, mais admirável e escandaloso, que tanto nos livra do engano e do fardo do autosoterismo quanto nos ensina humildade para aceitar o próximo como fomos aceitos - desta verdade brota um sentido de missão e urgência para a nossa vida: a adoração agradecida, como expressou Charles Wesley (1707-1788), que desejou "ter mil línguas para entoar louvor" à graça divina.

Enfim, as palavras de Scofield continuarão a me impressionar pela singeleza com que revestiu coisas de imenso valor com profundos sentimentos. Que assim seja o meu coração. 

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