quarta-feira, 5 de agosto de 2009

QUANDO RIR SE TORNA O PIOR VENENO


O povo brasileiro é conhecido mundialmente por seu bom humor. Rimos mesmo quando temos problemas.

Torna-se preocupante, porém, o fato de costumeiramente rirmos de nossos problemas. Utilizar o deboche diante de situações que demandam soluções que requerem seriedade e reflexão é escapismo da pior espécie; uma forma de transformar o riso em um novo tipo de ópio.

Atualmente é exibido na televisão um comercial de cerveja onde um grupo de amigos em uma roda de pagode zombam das advertências de uma mulher sobre a crise mundial.

Para o brasileiro, a leviandade é uma virtude.

Diogo Mainardi escreveu que teria sido um ato de decência cancelar o carnaval no Rio de Janeiro em 2007, como forma de protestar contra a morte de João Hélio, semanas antes. E, no entanto, todos sambaram no mesmo cenário da barbárie.

Marta Suplicy será eternamente lembrada por um momento de infeliz falta de sensibilidade humorística.

Há sabedoria na música popular que diz que rir é bom, mas rir de tudo é desespero.

Ao contrário do que se pensa, a Bíblia Sagrada estimula e incentiva a alegria e o bom humor. Diversas passagens narram o júbilo divino (Sofonias 3.17; Lucas 10.21; 15. 7, 10; Hb 12.2). Um dos frutos do Espírito Santo é a alegria (Gálatas 5.22), que também apresentada como um mandamento (Filipenses 3.1; 4.4).

Todavia, as Escrituras reprovam severamente estabelecer uma mentalidade leviana como rota de fuga para os momentos difíceis da vida (Eclesiastes 7.2-6).

Este tipo de riso configura-se em uma postura de covardia diante da vida.

A alegria verdadeira não aposenta o intelecto, nem tampouco diminui o senso de urgência diante das necessidades da realidade.

Apenas a título de curiosidade: na teoria clássica do teatro grego, a diferença entre a tragédia e a comédia consiste em que o primeiro gênero apresenta a agrura e a impotência do homem diante da vida.


E o segundo gênero realiza precisamente a mesma coisa... mas convidando o espectador a rir desta situação.

Seria cômico... se não fosse trágico.

2 comentários:

  1. Acho que nã é por acaso que irei concordar que rir de si ou dos outros em muitos casos é uma maneira triste de expor o quão facilmente nos deixamos seduzir por qualquer leviandade, mas o que confere leveza a esse peso talvez seja o fato de poder refletir sobre o quanto somos seres limitados.
    Parabéns pelo blog. Andreia

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  2. Muito obrigado pela contribuição, Andreia!
    Ore por mim e por este blog e tenha sempre em sua vida a alegria como característica de um estilo de vida grato, e jamais como um meio de escapismo.
    Fique com Deus!

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