quarta-feira, 2 de maio de 2012

UMA LEITURA TEOLÓGICA DO FUNK DO CABARÉ


O funk de Mc Duzinho tem alcançado considerável sucesso, atestado tanto por aqueles que apreciam este gênero musical, quanto por aqueles que têm de suportar o mesmo - pessoas que geralmente tomam contato com o funk de maneira forçada, através de algum  inconveniente que o escuta no último volume (não quero parecer preconceituoso, mas baseado na observação e na experiência, pergunto: será que existe alguma relação entre gostar de funk e a falta de educação?).

Mas meu questionamento principal em relação aos apreciadores do funk (e, em especial, às mulheres que o apreciam) é: eles param para analisar as letras do que cantam e dançam?

E no caso deste hit do momento, qual a sua mensagem? Estarei fazendo algimas considerações dentro dos próprios versos da canção:

Vem pro Cabaré, vem, vem pro cabaré
Já tá, já tá, já tá cheio de mulher e só tem mulher tarada
(O autor já começa mal, apresentando a falsa ideia-clichê de que as mulheres que vivem da comercialização do corpo - de forma física ou visual - em um cabaré ou local semelhante o fazem por outro motivo que não seja financeiro, a luta pela sobrevivência. É o sonho machista de imaginar que existam mulheres que sintam prazer em serem meros objetos dos homens)
Vem pro cabaré, vem, vem pro cabaré

Então...
Eu vou largar minha casa e vou morar no cabaré
Eu vou largar minha casa e vou morar no cabaré
(nosso autor anuncia por duas vezes a intenção de abandonar seu lar - ou seja, findar um relacionamento que já devia ter assumido proporções bastante sérias. Vejamos quais são suas motivações para ir morar no cabaré...)

Lá eu fico a vontade rodeado de mulher
Lá eu fico a vontade rodeado de mulher
(Aqui está o "x" da questão: viver à vontade. Viver para si mesmo. Este tipo nde mentalidade é avessa à ideia de construir um relacionamento, pois relacionamentos são onerosos: exigem compromissos, altruísmo e responsabilidade. É o oposto de viver "à vontade". É viver tendo em vista o outro.
O que eu acho mais engraçado - e mais hipócrita -  é que toda pessoa que deseja "viver à vontade" acaba exigindo o sacrifício da vontade de outras pessoas para que estas estejam à sua mercê, pois o ideal egoísta de "viver à vontade", sem ter de responder a ninguém que não seja o próprio ego, acaba levando ao processo de considerar todas as outras pessoas como objetos - objeto=não-ser. Por isso o cabaré é tão "bom" - porque proporciona a companhia de gente-não-gente, gente coisificada, gente que abre mão da vontade e das demandas de um relacionamento).
Vem pro cabaré, vem, vem pro cabaré
Vem pro cabaré, vem, vem pro cabaré

Mas é porque eu sou safado e disso ela sabia
Agora me perturba dia e noite, noite e dia
Não me contento com uma, nem com duas, nem com três
Eu tenho que ter uma mulher pra cada dia do mês
(Neste ponto da canção, a única coisa que posso fazer é lamentar, por saber quão mal algumas mulheres escolhem seus companheiros "Mas é porque eu sou safado e disso ela sabia" e o quanto elas persistem no erro: "Agora me perturba dia e noite, noite e dia"
Amiga leitora, permita-me deixar-lhe um conselho: não adianta tente iniciar uma vivência que exige maturidade (a construção de um lar) com alguém que não a possui. Isto é um pré-requisito básico, que carisma, beleza ou dinheiro não podem substituir. Você irá se decepcionar. Escolha melhor. Não desperdice sua vida).

Vem com Mc Duzinho assim ...

Eu vou largar minha casa e vou morar no cabaré
Eu vou largar minha casa e vou morar no cabaré
Lá eu fico a vontade rodiado de mulher
Lá eu fico a vontade rodiado de mulher
Vem pro cabaré, vem, vem pro cabaré

Sendo assim, o que concluo?

Não apoio a dicotomia equivocada comum no meio evangélico entre música secular e música religiosa. Para mim existe música boa e música ruim (com finalidades variadas), simplesmente.

E o "funk do cabaré" é um exemplo de música muito ruim.
Pelo desdém dispensado às mulheres (tanto à do lar como às do cabaré).
Pela glamourização de um estilo de vida narcisista, evocando o mais profundo e pecaminoso egoísmo.
Por ser simplesmente uma ode ao desamor, em resumo.

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