quarta-feira, 6 de julho de 2011

A PASSAGEM MAIS DIFÍCIL DA BÍBLIA



"E, descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão. E, eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra" (Mateus 8.1-3).

 
Considero este um dos mais difíceis e enigmáticos textos da Bíblia.

Por quê?

Em ouras palavras, eis o que diz o texto:

LEPROSO: "Para que eu seja curado, basta o Senhor querer".

JESUS: "Ok, eu quero".

E o milagre aconteceu.

Simples assim – e complicado assim.

Considero este um dos mais difíceis textos da Bíblia porque é um exemplo claríssimo de sintonia da vontade humana com a vontade divina.

Acontece que nem sempre temos evidência de que a vontade divina está de acordo com a nossa.

Sabemos que basta o Senhor querer para que aconteça – se não aconteceu, é porque Ele não quis.

Mas a situação se torna angustiosa quando parece que nossa vontade é muito razoável, não havendo razões óbvias para a vontade divina não aceder a ela.

Afinal, que desejo mais natural a um leproso do que ser curado?

E como soa natural a resposta de Jesus “Quero, sê limpo”!

Por que nem sempre é tão simples assim?

Aqui caímos no terreno da oração não respondida.


(Quando digo "oração não-respondida", refiro-me à oração não-respondida de acordo com a intenção original de quem ora: "não-respondido" não significa "ignorado").

Mas o próprio Jesus soluciona este mistério ao ser também, de forma paradoxal, um paradigma da oração não respondida.

"Então, chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. E, indo um pouco adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres". (Mateus 26.36-39)

Todos sabemos que o cálice não foi afastado de Cristo.

Mas Ele aceitou não priorizar Sua vontade, acatando a do Pai Celeste – e assim Ele nos instrui não somente acerca da oração respondida (em Mateus 8), mas também da oração não-respondida (em Mateus 26).
Se Deus não quer o mesmo que nós, é porque o que nós queremos não é tão bom quanto o que Ele quer!

Mesmo que às vezes não nos pareça razoável – mas a fé que nos leva a considerar o caráter de Deus em Seu perfeito amor e sabedoria, nos convence a abrir mão de nossa “razão” e confiar em Sua vontade.

A salvação da humanidade estava implícita no “não” de Deus a Cristo. O que não poderá estar implícito no “não” que Ele dirige a nós?

Continue confiando!

Um comentário:

  1. Gostei demais dessa explicação!
    Muito boa, fácil de entender e bíblica, pois não é antropocêntrica mas mostra tanto a Soberania Divina quanto o anseio de respostas às necessidades humanas.

    Pr. Felipe Miranda

    www.pastorfelipemiranda.blogspot.com

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