quinta-feira, 10 de março de 2011

PEDRO, PAULO E NOSSO RELACIONAMENTO COM ELES

Não é exagero falar que, depois do Senhor Jesus, Pedro e Paulo são os personagens mais importantes do Novo Testamento.

Da mesma forma, também são os mais amados.

Por razões diferentes, no entanto.

Em Pedro enxergamos o nítido retrato da humanidade – o que sempre corresponderá a um quadro de fragilidade: sua impulsividade, sua fanfarronice, suas ideias absurdas, sua demora em aprender, e seu amor sincero por Jesus.

Amamos Pedro porque enxergamos a nós mesmos nele.

Com Paulo a situação toma outro rumo: amamos sua constância, dedicação, energia, vanguardismo e coerência. Amamos Paulo porque vemos nele a realização de um ideal que gostaríamos de alcançar em nossas próprias vidas.

Pedro desperta em nós cumplicidade. Paulo provoca admiração.

Rimos de Pedro, o trapalhão. Ficamos graves diante de Paulo, o apóstolo aos gentios.

Ouso dizer que somos esmagados pelo gigantismo que representa a figura de Paulo, que se torna, ao mesmo tempo para nós, desafio e frustração, e que respiramos aliviados diante de Pedro: ele é uma válvula de escape para nós.

Pedro, humano demais; Paulo, às vezes aparentando ser sobre-humano.

Nossa relação com Paulo apresenta um binômio de amor/frustração, ao passo que com Pedro somos tomados de amor/irritação (sim, pois mesmo que vejamo-nos a nós mesmos na trajetória de Pedro, impacientamo-nos com a demora do apóstolo em amadurecer – queremos ver mais dele, da mesma forma que queremos ver mais de nós).

Nossa análise dos apóstolos seria injusta se terminasse por aí, pois estaria se limitando apenas às impressões iniciais que estes homens nos passam.

Quando penetramos mais profundamente no pensamento destes homens, em um exame mais  minucioso do que eles viveram e escreveram, as primeiras impressões desaparecem.

Conhecemos um Paulo que se considerava portador de defeitos piores que Pedro – a ponto de ter sua tendência ao orgulho necessariamente sob a disciplina de um espinho na carne.

Conhecemos um Paulo que considerava todas as realizações de sua vida como obra da graça de seu Senhor em si.

Conhecemos um Paulo que se gloriava de suas fraquezas e falava delas com franqueza.

Conhecemos um Paulo que considerava-se longe da perfeição, jamais deixando de engajar-se em seu aprimoramento pessoal.

Conhecemos, enfim, um Paulo que azia a apologia do demérito – e, acima de tudo, um homem totalmente fascinado pela figura de seu Senhor.

Da mesma forma, em Pedro, conhecemos um homem que revelou-se mais que um trapalhão, mas alguém que aprendeu através do erro.

Conhecemos um Pedro que, tendo escrito menos que seu colega Paulo, nos legou a peça mais importante da Bíblia acerca do sofrimento cristão.

Conhecemos, enfim,um Pedro que cumpriu o propósito de seu Senhor, pastoreando as suas ovelhas – o trapalhão,afinal, evoluiu.

Que bom que nenhum relacionamento sério é construído através de impressões superficiais!

Permitindo que estes homens falem por si mesmos acerca de si e de sua experiência de fé através das páginas das Escrituras, nos livramos do fardo de estabelecer um relacionamento contraditório com eles, percebendo que, apesar de suas diferenças, ambos eram igualmente dependentes da graça de Deus e amados por seu Senhor.

Assim como nós.

Um comentário:

  1. Conhecemos um Paulo que se considerava portador de defeitos piores que Pedro... Vitor Gadelha.

    Somos vistos e vemos as pessoas e as circustancias assim tambem. É mais facil vêr o que aparentemente é "mais pecado" em nós (Pedro); e deixar de vêr o que é "menos pecado" em nós (Paulo).

    Mas, diante da mensagem biblia entendemos que o Ser humano é depravado, e realmente não a merito em nós, a não ser a Graça de DEUS.

    Um abraço amigo...

    ResponderExcluir