quinta-feira, 6 de maio de 2010

JAMES CAMERON, O PREGADOR DE PANDORA



Já esperava que sites evangélicos iriam se propor a destrinchar o filme Avatar, em busca de conteúdo anticristão e/ou mensagens subliminares. Conforme o relato de alguns irmãos, minhas suspeitas se confirmaram.



Não visitei os referidos sites e, ao falar de James Cameron e Avatar, não pretendo seguir esta linha de raciocínio. Meus motivos?

1.      Não creio que o subliminar seja mais importante que o liminar;


2.       Devo esperar conteúdo cristão em obras produzidas por pessoas e instituição cristãs - sendo assim, é um contrasenso esperar que Avatar (e muitos outros filmes) seja um tratado teológico cristão. Podem haver conexões com a doutrina cristã (como de fato há), mas não tem o mesmo grau de intencionalidade que em um filme como A Virada, por exemplo.


Ainda assim, gostaria de comentar algumas coisas sobre o diretor de Avatar.


Jim Cameron tem no seu currículo alguns dos mais importantes filmes da história do cinema, assim considerados não apenas pela bilheteria ou o número de prêmios que obteve, mas principalmente pela maneia com que ajudaram a revolucionar o aspecto técnico do cinemama: foi assim com o Exterminador do Futuro (especialmente a parte 2, que apresentou efeitos especiais inéditos para a época), Titanic (quando lançado, o filme mais caro até então) e, agora, com Avatar, revolucionando a animação gráfica e o uso de 3D.


Este currículo de sucesso faz de Cameron uma das pessoas mais influentes e respeitadas no mundo do cinema.


Certamente seu prestígio pessoal é uma ferramenta capaz de promover automaticamente uma de suas produções.


Inclusive o documentário sobre uma suposta tumba de Jesus, do qual ele foi um de seus produtores.


Por que ele teria abraçado esta causa?


Creio que em Avatar esteja a resposta.


A perspectiva religiosa apresentada em Avatar nos mostra a subsistência da divindade na natureza (panenteísmo, ou seja, a idéia que a divindade subsiste em tudo - não confundir com panteísmo, a afirmação que a natureza é  a divindade), conduzindo ao reconhecimento da ligação vital entre todos os seres e o respeito a todas as formas de vida.

Tais conceitos não são novos, já encontravam-se na religião dos antigos índios norte-americanos.


Ou seja, James Cameron nos convida ao culto da divindade presente na diversidade da vida, promovendo ao mesmo tempo o humanismo, a tolerância e a vida em harmonia com o ambiente.

James Cameron está pregando e Avatar é o seu púlpito.

E, segundo o diretor, os Na´vi eram mais piedosos com sua fé que os imperialistas norte-americanos, que gritavam “Jesus” o tempo todo e ali estavam para matar.


Pena que ele não percebeu que os valores que ele defende são valores cristãos também.

(Com a vantagem de que o Deus da Bíblia, mesmo preservando e abençoando Sua criação, é transcendente a Ela).

Que o imperialismo que ele critica, muitas vezes apoiado pela igreja na História, não é uma legítima expressão da fé cristã.

Devo então deixar de assistir Avatar por causa disto?

De maneira nenhuma! Afinal de contas, o respeito à natureza, à vida e às diferentes etnias nunca será coisa do diabo.


Mas eu te convido a assistir com a alegria de saber que, antes que James Cameron pensasse e pregasse isto, a Palavra de Deus já havia apresentado os mesmos valores.

Com o imperativo de que, assim como James Cameron fez de Avatar seu púpito, devemos fazer de nossa vida o nosso, encarnando os valores do Evangelho de Cristo, mostrando que a valorização da vida não encontra sua expressão concreta apenas em homens azuis em 3D.

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