quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

PERSPECTIVAS DIFERENTES


Feliz Ano Novo!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

POCKET GOD


Hoje, graças a um parente que mora no exterior, fui apresentado ao iPod Touch.

Admirado e, ao mesmo tempo, imaginando como deveria ser o iPhone (!), consegui entender na prática porque a tecnologia da Apple se tornou uma febre mundial (não no Brasil, infelizmente, graças aos impostos brasileiros que acabam impondo a estes produtos um preço final altíssimo).

Conferindo a infinidade de aplicativos que mostram que o Ipod é muito mais que um MP3 player comum (GPS, calendário, Wi-Fi, etc.) pude verificar como o aparelhinho é potente para rodar games com alta qualidade gráfica. Como o aparelho é totalmente touch-screen, joga-se deslizando os dedos na tela para executar os comandos, o que torna a experiência bem interessante.

Um joguinho, porém, chamou minha atenção.

Seu nome era Pocket God (literalmente, “Deus de bolso”).

A idéia do jogo é a seguinte: você controla totalmente a vida dos nativos que vivem em uma ilha. Você decide quantos nascimentos e quantas mortes haverão. Sol e chuva se alternam de acordo com sua vontade. O mar pode ter peixes ou tubarões. Você decide se os nativos terão um dia agradável ou se serão atingidos por um raio ou ainda se o vulcão da ilha entrará em atividade, provocando um incêndio.

O aplicativo me deixou perplexo e pensativo.

Fiquei pensando na intenção de quem bolou o game. Que mensagem ele (ou a equipe) quis passar?

1) Teria ele transmitido seu conceito particular sobre Deus (neste caso, considerando-O um ser sádico e insensível à humanidade – o que o caracterizaria como um ateu revoltado)?

2) Ou teria fantasiado acerca do que aconteceria se os seres humanos tomassem o lugar de Deus (o que conferiria um caráter mais filosófico ao jogo)?

Se a opção 1 for verdadeira, mostra o quão impregnada na cultura popular está a questão da teodicéia (conciliar a fé na bondade de Deus com o mal existente no universo), mostrando à Igreja a necessidade de apresentar a visão bíblica do problema do mal e do sofrimento e a solução que Deus provê para o mesmo, mediante o Evangelho. Ou seja, a Igreja precisa mostrar ao mundo que o dilema do mal é um problema que possui solução como parte de seu trabalho evangelizador.

Quanto à opção 2, vale a pena o questionamento: se alguém tivesse os poderes de Deus, iria usá-los com que finalidade? Para abençoar ou sacanear ou outros? Enquanto escrevo estas linhas estou assistindo O Todo Poderoso, com Jim Carrey, e tendo uma boa idéia do que aconteceria!

Dizem que o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente. Neste caso, a questão 2 me dá mais motivos para amar e confia em Deus, pois somente Ele pode exercer poder ilimitado aliado a um caráter santo.
Mesmo as situações mais simples são desafios e oportunidades para reflexão e comunicação da fé, exigindo olhos treinados para não se iludir com a aparente simplicidade daquilo que temos sob vista - por trás de tal simplicidade pode estar um profundo clamor.

sábado, 26 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL, DA MANJEDOURA ATÉ A CRUZ!


Não é possível compreender o significado do Natal enxergando a manjedoura como um evento isolado em si.

O nascimento de Cristo é uma etapa histórica dentro do plano de redenção elaborado por Deus.

Um plano que possui propósito e significado, entrelaçado e que abrange de eternidade a eternidade.

Sendo assim, consigo dizer “Feliz Natal” com propriedade sabendo que “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (João 1.1-2).

Compreendendo que “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto.” (Isaías 9.6-7)

Não mais vendo 25 de dezembro como uma festa centralizada em mim mesmo, mas sabendo que ela remete ao histórico momento em que “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.” (Gálatas 4.4-5), “agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hebreus 9.26), fundamentado em que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16)

A manjedoura é devidamente apreciada somente quando compreendida como etapa que precede a cruz, pois “o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Marcos 10.45)

E seu objetivo é alcançado quando desfruto da promessa que ela encerra: “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10.10)

E, assim, posso vislumbrar o alcance da encarnação, paixão e ressurreição de Jesus Cristo e compreender seu significado último para a história do Universo “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses 2.6-10).
O Natal é o testemunho do amor que inaugura um novo estado de coisas e que a manjedoura de Belém é o convite a homens de todas as épocas a experimentarem em seus dias a redenção do Salvador amoroso que nasceu no século I, mas decidira encarnar e morrer por eles desde a fundação do mundo.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

VOCÊ TEM ABUSADO DO PRECEDENTE DE ANA?

Utilizar um precedente histórico significa apelar a um fato passado para embasar uma atitude presente.

Na verdade, a história como um todo assume a função de servir como precedente à nossa realidade, no sentido de ser uma das fontes de consulta necessárias para a ação presente e construção do futuro.

Todavia, existem limites para o uso de um precedente histórico, limites estes que, se não forem respeitados, inevitavelmente gerarão abusos.

Por exemplo, utilizar o fato histórico de que os gregos realizavam as Olimpíadas como forma de culto a seus deuses como argumento teológico para a proibição de esportes é um abuso do fator histórico, por fazer uma analogia forçada que desconsidera os contextos diferentes em que a mesma atividade é exercida.

Quero aplicar o mesmo raciocínio à história bíblica de Ana, devido a alguns abusos que têm sido cometidos ao usarem-na.

O primeiro livro de Samuel, no capítulo primeiro, narra o nascimento do profeta: Ana, sua mãe, era amada por seu pai, Elcana. Porém, ele mantinha um relacionamento bígamo, sendo casado também com Penina que, embora não fosse amada como Ana, concedia filhos a Elcana.

A esterilidade era um fardo bastante difícil para as mulheres daquela época – e Penina sabia tirar proveito disso, humilhando Ana na tentativa de obter o favorecimento de Elcana.

Ao comparecer à reunião de adoração em Siló, para onde sua família peregrinava anualmente, Ana ora angustiada ao Senhor, pedindo que lhe desse um filho. Nesta ocasião ocorre o famoso incidente em que Ana, orando em silêncio, apenas mexendo os lábios, é confundida com uma bêbada pelo sacerdote Eli, que, posteriormente, a abençoa.

Ana teve sua oração atendida e o seu cântico de agradecimento (1.º Samuel 2.1-10) tornou-se uma referência histórica para os israelitas em suas orações.
Devido ao incidente ocorrido em Siló, onde o sacerdote Eli não compreendeu que Ana orava, e a repreendeu em um primeiro momento, a Igreja contemporânea também tomou esta passagem como um paradigma da incompreensão humana, agravada ainda mais pelo fato de ela ter sido exercida por um sacerdote.
Eli tornou-se, então, símbolo de insensibilidade e falta de compreensão. Muitos leitores da Bíblia, vítimas de desprezo, identificam-se facilmente com Ana, também identificando, com igual facilidade, os seus “Elis”.
Agora, convenhamos:
Não era inusitada a cena que Eli tinha diante de seus olhos em Siló?
Teria ele outra opção além de supor que Ana estava “mamada”, dada a bizarrice do que contemplava?
Devemos ter bem claro para nós que toda compreensão que o nosso próximo tiver acerca de nós (de nossas intenções, motivações, atitudes), por melhores que sejam suas intenções (e isto incluirá certamente aqueles a quem mais amamos e por quem somos mais amados) sempre será limitada. O motivo para tal fato é porque somente Deus é capaz de nos conhecer em nossa inteireza. Isto me leva a crer que, em seu sentido mais essencial, todo ser humano é um solítário – porque somente Deus o conhece e o entende plenamente.

Sendo assim, não faz sentido pretender (e exigir) que seres humanos de carne e osso como nós sejam capazes de nos discernir integralmente.
Por esta razão a transparência nos relacionamentos é um ingrediente vital para a vida em comum.
Quantas vezes as pessoas, tolamente, ressentem-se por não serem compreendidas apesar de não terem feito o menor esforço para que isto pudesse ter ocorrido.
Abusar do precedente de Ana é viver exigindo que todo ser humano possua uma bola de cristal para viver com você!
Não estou querendo dizer que não existam atitudes concretas de desprezo.
Apenas quero alertar você para o risco de tornar ainda mais dificultosas as já complexas relações humanas.
Não creio que Eli tivesse recursos para compreender a cena que se passava diante de seus olhos. Ana, de maneira sábia, colocou o sacerdote à par de tudo que estava ocorrendo, e pôde contar com seu apoio e solidariedade após ele ter compreendido o que se passava.

Portanto, analise suas dificuldades relacionais e verifique se você realmente tem sido vitima de desprezo ou se, por não ter se esforçado por fazer ser compreendido (a) por aqueles que vivem ao seu redor, tem utilizado mal a experiência da transparente Ana para se afundar em autopiedade.

sábado, 19 de dezembro de 2009

JESUS E A IGREJA NOS LUGARES CERTOS


"... edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". (Mateus 16.18)


Já escrevi sobre a absoluta necessidade de distinguir Cristo da Igreja e retorno hoje a este tema.

Nunca é demais enfatizá-lo, dada a constatação empírica de que muitas pessoas abandonam a Cristo devido a alguma decepção com a Igreja.


Só que...

Transferir a Cristo a culpa da Igreja é um falso raciocínio.

A Igreja é conseqüência de Cristo - não é ela que fundamenta Cristo.

Cristo é anterior à Igreja e, sem Cristo não haveria Igreja.

Logo, Cristo possui precedência sobre a Igreja.

Antes de pensar na Igreja devo pensar em Cristo - este é um sério caso onde a ordem dos fatores altera o produto.

Quão sério erro é tentar definir Cristo a partir da Igreja.

Quão sério engano é permitir que a experiência com a Igreja condicione a experiência de Cristo!

A Igreja deve ser definida a partir do referencial de Cristo, pois Ele determina os fundamentos para a identidade da Igreja, fornecendo também, neste sentido, o fundamento para a crítica da Igreja, através do contraste entre a experiência real e o ideal estabelecido por Seu fundador.

O caráter de Cristo não fica comprometido pelas atitudes de Seus seguidores.

E quanto às pessoas que sentem-se tentadas a afastarem-se de Cristo por causa da Igreja?

Sugiro que pensem mais em Cristo que na Igreja!

Veja, eu não disse "Não pense", mas "Pense melhor sobre..."
E que ao pensar nela, não o façam com jactância, mas com misericórdia.

Desejo de ajudar.

Pois, afinal de contas, Cristo ama a este povo imperfeito - e, neste sentido, a Igreja comprova a veracidade do Evangelho de que a salvação é exclusivamente pela graça de Deus.

Você é perfeito?

Não?

Sendo assim, visto que você está irmanado na herança comum da humanidade (em sua ruína e possibilidade de redenção em Cristo), há um lugar na Igreja para você também.

sábado, 12 de dezembro de 2009

LIÇÕES DO SALMO DA DESESPERANÇA


1 SENHOR, Deus da minha salvação, diante de ti tenho clamado de dia e de noite.
2 Chegue a minha oração perante a tua face, inclina os teus ouvidos ao meu clamor.
3 Porque a minha alma está cheia de angústias, e a minha vida se aproxima da sepultura.
4 Já estou contado com os que descem à cova; estou como um homem sem forças,
5 posto entre os mortos; como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais te não lembras mais; antes, os exclui a tua mão.
6 Puseste-me no mais profundo do abismo, em trevas e nas profundezas.
7 Sobre mim pesa a tua cólera; tu me abateste com todas as tuas ondas. (Selá)
8 Alongaste de mim os meus conhecidos e fizeste-me em extremo abominável para eles; estou fechado e não posso sair.
9 A minha vista desmaia por causa da aflição. SENHOR, tenho clamado a ti todo o dia, tenho estendido para ti as minhas mãos.
10 Mostrarás tu maravilhas aos mortos, ou os mortos se levantarão e te louvarão? (Selá)
11 Será anunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade na perdição?
12 Saber-se-ão as tuas maravilhas nas trevas, e a tua justiça na terra do esquecimento?
13 Eu, porém, SENHOR, clamo a ti, e de madrugada te envio a minha oração.
14 SENHOR, por que rejeitas a minha alma? Por que escondes de mim a tua face?
15 Estou aflito e prestes a morrer, desde a minha mocidade; quando sofro os teus terrores, fico perturbado.
16 A tua ardente indignação sobre mim vai passando; os teus terrores fazem-me perecer.
17 Como águas me rodeiam todo o dia; cercam-me todos juntos.
18 Afastaste para longe de mim amigos e companheiros; os meus íntimos amigos agora são trevas.


Mesmo antes de ser evangélico já sabia que o Salmo 88 era um dos textos mais tristes da Bíblia.

O Salmo 88 é a súplica de um homem profundamente atribulado.

Pouco se sabe de Hemã, seu autor. Provavelmente era um dos levitas que serviam no templo de Jerusalém, durante o reinado de Davi. Se for o mesmo homem mencionado no 1.º livro das Crônicas, capítulo 25.4, tratava-se de um importante profeta e ministro de louvor.

Infelizmente, nada disto torna alguém imune à aflição.

Hemã não deixa claro o que está causando seu sofrimento, nem sua duração (de acordo com o versículo 15, não parece tratar-se de uma crise momentânea). Prefere se concentrar nas consequências que suas tribulações podem acarretar (a morte) e na grande solidão que sente.

Não importa.

O que importa é que Hemã enfatizou a tentativa de compreender teologicamente seu sofrimento. E a conclusão que chegou, a partir de sua perspectiva, era que Deus o abandonara.

Aí, foi demais para ele. Hemã surtou.

Hemã entrou em parafuso.

Hemã questionou a bondade de Deus.

Compreendendo que nada acontece fora da permissão divina, julgou que estava vivendo sob Seu desfavor.

Afinal, como não responsabilizar um Deus que se sabe soberano sobre todo o universo?

Nenhuma nota de esperança conclui o Salmo. Apenas a certeza da solidão do salmista.

Que lições podemos tirar deste cântico desesperado?

LIÇÃO N.º1: A oração do salmista é uma lamentação e desabafo indignado, mas não se constitui apenas nisto. Ele ora ao “SENHOR, Deus da minha SALVAÇÃO”. O que leva Hemã a orar? O que o leva a se mover em direção a seu Deus? Apesar de não compreender Deus, de virtualmente discordar de Deus, Hemã não desiste de Deus – sabe que Ele é confiável – e encontra coragem para, expor tudo que há em seu coração. Somente aquele que crê em Deus apresenta para Ele sua dúvida acerca dEle. O Salmo 88 é um lamento fundamentado na esperança que o caráter de Deus fornece.
LIÇÃO N.º2: Este cântico foi ouvido – no sentido mais pleno possível. A inclusão do Salmo 88 na Bíblia demonstra que Deus não exclui a súplica dos desesperados. Deus não condenou Hemã a um ostracismo na história, antes preservou o registro de sua luta e forneceu a homens e mulheres de todas as gerações um modelo que confere a certeza de que os ouvidos de Deus estão atentos aos aflitos.

Você não precisa desistir de sua sinceridade para caminhar com Deus. Aliás, é no exercício dela, tanto nos bons como maus momentos, que você começará a compreender melhor quem é Deus e o que significa ter um relacionamento pessoal com Ele.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

ONDE DEUS É MAIS AMADO?


Onde podemos encontrar maior e mais sincera devoção e amor a Deus?

Em uma igreja improvisada em uma favela ou em uma catedral?

Nestes respectivos locais de culto ama mais a Cristo o irmão que diz “grória a Jesuis” e se alegra em saber que é aceito por Deus em sua simplicidade ou aquele que busca o máximo de aprimoramento para servi-Lo?

Quem amou mais ao Senhor? Aquele que participou do mutirão na favela ou o artista que, ao ornamentar a catedral, a Ele apresentou o requintamento de sua arte?

Expressa melhor seu amor a Deus aquele que dá altissonantes gritos de glória a Seu nome ou aquele que cultua recatadamente em seu interior?

Encontramos melhor expressão de amor naquele que se esforça por defender e preservar a ortodoxia que considera mais pura diante de outras interpretações da fé cristã ou naquele que tenta enfatizar mais as semelhanças ou as diferenças entre aqueles que professam a Cristo?

Ama mais ao Senhor o mártir que tem sua vida ceifada por amor ao Evangelho ou aquele que percorre toda sua vida em serviço amoroso a Deus e ao próximo, inspirado pelo mesmo Evangelho?

***
É... são perguntas difíceis, sendo um tremendo atrevimento tentar achar as respostas.

Está fora de nosso alcance saber onde Jesus é mais amado. Só Jesus sabe!

Há um único lugar onde esta investigação é possível e incentivada: dentro de mim!

Olhando para dentro de meu coração, posso encontrar amor a Jesus nele?

E esta é a grande questão, pois apesar do grande enigma que esta mensagem encerra (“Onde Deus é mais amado”) não somos chamados a responder pela solução deste enigma, mas para responder pela medida de nosso amor a Deus.

Busque esta resposta.

E, se o seu coração for um enigma, tenha coragem para decifrá-lo. A busca desta resposta não é algo que pode ser ignorado.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

DOENÇAS QUE NÃO PODEM ATINGIR A SUA ALMA III: O MAL DE NOÉ, OU A SÍNDROME DO “EU FAÇO, E VOCÊ PAGA O PATO”


"Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda. Cam, pai de Canaã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos. Então, Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem.
Despertando Noé do seu vinho, soube o que lhe fizera o filho mais moço e disse: Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos. E ajuntou: Bendito seja o SENHOR, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo". (Gênesis 9.20-27)


Sarah E. Saville disse que o espetáculo de um bêbado é o melhor sermão contra o vício.

Noé não fugiu à regra. Bêbado e nu, mal lembrava o homem digno que sobreviveu ao dilúvio.

O maior problema, contudo, ocorreu após o porre (uma curiosidade: antigamente, uma bebedeira se chamava “carraspana” - isto pode cair no vestibular!):
Furioso pelo fato de seu filho Cam ter presenciado o espetáculo que ele mesmo proporcionara, Noé achou-se no direito de lançar-lhe uma maldição, mais especificamente, desejando que ele fosse subalterno em relação aos irmãos.

Que pensar disso?

Historicamente, a maldição de Noé foi utilizada por alguns intérpretes da Bíblia favoráveis ao racismo e à escravidão como um texto que traria sustentação seu sistema de exploração da etnia negra (onde Sem é visto como antepassado dos judeus, Jafé dos europeus e Cam dos africanos).

Outros intérpretes, convencidos da maldade desta interpretação distorcida do texto bíblico, consideram que a maldição de Noé atingiu apenas a Cam e seus descendentes diretos, ou seja, as tribos cananitas, não sendo aplicáveis a nenhum outro grupo étnico.

O que eu penso a este respeito?

Particularmente, não creio que devamos procurar algum “cumprimento” para esta maldição – e nem que tenha ocorrido algum.

Não creio que Deus tenha endossado as palavras de Noé.

Já pensou se Deus desse cumprimento a todo absurdo dito durante uma ressaca?


Não quero aqui justificar o comportamento de Cam, mas destacar que o causador de toda aquela confusão foi o próprio Noé!

É contraditório reclamar das risadas quando você as inspirou.

É uma saída muito simples desviar o foco das atenções para evitar lidar diretamente com o problema real – e quando é possível se abusar do poder, a coisa se torna mais fácil ainda!

Quantas pessoas saem pela tangente de suas responsabilidades, achando a quem culpar (e muitas vezes até maltratar ou amaldiçoar) pelo próprio fracasso!

Como prevenir a síndrome de Noé?

Com uma boa dose de autocrítica e responsabilidade.

Virtudes que ensinam que é melhor prevenir do que remediar – principalmente tentar remediar os próprios erros às custas dos outros.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CALENDÁRIO MALA


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

QUE BOM QUE ÀS VEZES DEUS NÃO NOS LEVA A SÉRIO!

O livro de Rute tem como uma de seus protagonistas Noemi, retirante da fome que assolou Belém e a levou a se estabelecer em Moabe com sua família.

Após ter sido vitimada pela perca do marido e dos filhos, e com a perspectiva de um regresso doloroso à sua pátria, Noemi toma uma decisão fatídica: não mais queria ser chamada pelo seu nome (cujo significado é "minha delícia"), preferindo ser tratada por Mara ("amargura").

Por consider que a tragédia havia obtido poder para definir sua vida, Noemi abriu mão de sua identidade.

Felizmente, Deus não concordou.

O autor bíblico (provavelmente Samuel) jamais utiliza o termo "Mara" para falar de Noemi (veja Rute 1.22; 2.1-2, 6, 20, 22; 3.1, 18; 4.3, 5, 9, 14, 16-17).

Deus não abriu mão da identidade de Noemi e desrespeitou sumariamente a nova maneira pela qual ela concebia a si mesma e a vida, fazendo-a ver que as coisas não são como ela pensava, e que era possível ainda conhecer a felicidade.

Deus não desistiu de Noemi, apesar de ela ter desistido de Si.


Deus não desiste de nós em nossas precipitações.
Deus não anula o futuro que tem para nós quando tomamos como verdade nossas próprias perspectivas enganosas.

Deus não nos trata na mesma medida de nossas iniquidades e nem tampouco nos recompensa com base em nossa limitada fidelidade.

Deus ainda nos enxerga como somos, apesar dos pseudônimos que adotamos.

E ele jamais irá aceitar as decisões que tomamos acerca de nós mesmos que impliquem em um projeto de vida que não concretize o melhor que Ele tem para nós: assim como ele não aceitou tratar Noemi como Mara, Ele não aceitará abrir mão do homem e da mulher que Ele quer formar em nós, concordando com as alcunhas que assumimos e apelidamos de "vida", "identidade" e "perspectivas".

Que bom para nós!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

DOENÇAS QUE NÃO PODEM ATINGIR A SUA ALMA II: A SÍNDROME DE ELIAS, OU "SOU O ÚLTIMO FIEL DA FACE DA TERRA"!


"Que fazes aqui, Elias?
Ele respondeu: Tenho sido em extremo zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida". (1.º Reis 19.13-14)


Quem sofre desta doença considera-se o único (ou o último) fiel que Deus possui na Terra.

É uma forma diferente de monopolizar Deus: enquanto a pessoa exclusivista não aceita que outros tenham acesso a Deus, esta não acredita que seja possível que isto aconteça.

A "síndrome de Elias" é uma tendência que se torna perceptível em discursos que tentam caracterizar indivíduos ou comunidades (o aspecto gregário da síndrome) como a voz profética de Deus, os mais puros doutrinariamente, os realmente avivados, a igreja pensante.

(Fatores como uma tradição denominacional ou uma questão teológica particular podem fomentar este sectarismo "piedoso".)

Certamente quem assim pensa deve sentir enorme solidão e desconfiança em relação ao próximo.

Assim sentia-se Elias na caverna: só e cético em relação aos homens.

A cura para a "síndrome de Elias" está no entendimento de que as menções bíblicas ao "remanescente fiel" são coletivas, e não individuais.

Você NÃO É o último crente da face da Terra!

Você NÃO É a única voz que Deus usa.

Você NÃO É o único a preocupar-se com andar em retidão.

Você NÃO É o único enojado com tanto engano religioso.

Você NÃO É o único a pensar.

Você NÃO É o único a experimentar Deus - outros O conhecem melhor que você, e sua vida pode ser abençoada por aprender com eles.

Você não está só.

Foi o que Elias teve de aprender.

"... conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou". (v. 18)

Nosso Senhor (não é só teu, viu?) prometeu que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja - portanto, volte a ter fé nos homens como expressão de fé em Deus, reconhecendo que Sua graça é poderosa também na vida do próximo.

Assim como foi na sua.


Se você não descrê do que Deus fez em Sua vida, não duvide do que Ele tem feito em outros; não duvide que você tenha irmãos: você não tem este direito.

domingo, 8 de novembro de 2009

DUAS PALAVRAS QUE DEVEM SER EXCLUÍDAS DO RELACIONAMENTO COM DEUS


PALAVRA NÚMERO 1: ACHO

Temos poucas certezas na vida, o que encerra o ato de viver em um contexto de mistério. Mas não somente mistério: também incerteza, temor e ansiedade acabam sendo subprodutos da incerteza.

Não é imprudente viver e valorizar as verdades às quais temos acesso.

(Aquele que põem em dúvida a existência de verdades absolutas neste universo deveriam colocar as mãos no fogo e gritar: "Eu não creio que o fogo queime"! - e assim se veriam curadas de seu relativismo ilógico.)

Por que é errado usar "eu acho" em relação a Deus?

Porque entre tantas incertezas, Deus nos dá conhecimento seguro de si mesmo - de Sua existência, de Seu caráter e de Seus propósitos.

É só ler a Bíblia.

Porque Deus Se revela (e, neste sentido, define a Si mesmo), este é um dos poucos temas da vida nos quais podemos utilizar um abençoado "eu sei"!

Se Deus não fornecesse conhecimento de Si mesmo, restaria ao homem apenas a esapeculação.

É claro que não quero afirmar que é possível saber tudo sobre Deus!

Deus será conhecido de forma mais plena apenas na eternidade.

Mas aquilo que sabemos, ou melhor, o conhecimento que Deus nos proporciona de Si mesmo é suficiente para fundamentar a visão de mundo e a conduta, concordando com as palavras do salmista: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos". (Salmo 119.105)

"Achismo" em relação a Deus é ateísmo em sua variante mais antropocêntrica, no sentido de ser uma tentativa da criatura em definir o Criador, rejeitando o que Ele diz acerca de Si mesmo.

PALAVRA NÚMERO 2: LEGAL

Não sei se você define Deus como "legal".

Talvez você diga que Ele é pop, 10, 100 ou 1000.

Não importa, desde que, em seu entendimento, "legal" não signifique menos que vital.

Sim, pois de que adianta uma conversa sobre Deus e as Boas Novas do Evangelho que tem como conclusão: "Isto tudo é muito legal!"?


A lugar algum.


Falar sobre Deus é falar do sentido próprio da existência.


É Aquele a quem não se pode ignorar.


Por isso, Deus só é percebido realmente quando compreendido como questão de vida e morte.


Caso contrário, Ele não é percebido realmente.


Ele se torna apenas um acessório, um opcional "legal" para a vida.

***

Alcançando tal entendimento é possível não apenas falar melhor sobre Deus, mas falar com Ele com maior discernimento e melhor sentimento de coração.

E trazer-Lhe mais honra.

domingo, 1 de novembro de 2009

PORQUE É MELHOR PERDER NA FINAL QUE NAS ELIMINATÓRIAS


Tive um pesadelo esta semana no qual uma pessoa amiga estava à beira da felicidade e era visitada pela tragédia, que boicotava violentamente seu sonho.

Acordei sentindo o desalento pela frustração, intensificada por parecer tão perto e tão certa a realização.

Foi apenas um sonho.
Mas é pertinente a pergunta:

De que vale a pena avançar tão longe (em um sonho ou em um projeto) para apenas encontrar a frustração? Não seria melhor nem começar?

Nem nutrir esperanças?
Perguntemo-nos: O que torna diferente que o Brasil perca na final da Copa do Mundo ao invés de perder na primeira fase?
A resposta é: seis partidas vitoriosas!
O fato de uma meta não ser atingida não invalida os sucessos que fizeram parte de sua busca.
Eticamente falando, o caminhar é tão ou mais importante quanto o chegar.
Martin Luther King não viveu para ver Barack Obama como presidente dos Estados Unidos, mas pôde dizer, em vida, que vira a glória do Senhor, reconhecendo o valor das pequenas conquistas de então.
Moisés não pôde entrar na Terra Santa, mas sua biografia permanece incólume como exemplo de liderança e devoção a Deus.
Deus não terá cumprido seu intento maior: não prevalecerá sobre todos os corações dos homens, que persistirão em viver de forma egoísta e incrédula.
Que faz o Todo-Poderoso?
Alegra-se por Aqueles que conquistou.
Valoriza a escolha de cada coração que optou por amá-Lo e conhecê-Lo.
O parcial não é destituído de valor.
Algum sucesso é infinitamente melhor que nenhum sucesso.
Mesmo as esperanças não realizadas são responsáveis por terem nos levado a caminhar em frente, e nos tornaram melhores.
A vida não termina com o fracasso de um projeto, nem diminui em valor e significado.
Diante da frustração por aquilo que não foi, permanece a memória do que foi.
E, reconhecida a posse de tal tesouro, mesmo um coração ferido poderá dizer que valeu a pena perseguir a felicidade e a contribuição que cada momento nesta busca.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

DE QUÊ VOCÊ PRECISA PARA CRER EM DEUS?


O filósofo Sam Harris, citado na edição de outubro da revista Galileu, sugere que 1 bilhão de cristãos se unam em oração em prol de uma única pessoa amputada, pedindo a Deus que faça crescer novamente o membro perdido.

Harris considera pífia a possibilidade de que este milagre ocorra.

De acordo com sua lógica, esta é uma prova cabal de que crer em Deus é tolice.

Afinal, se um Deus que, teoricamente, é todo-poderoso e todo-bondoso, ignora voluntariamente a súplica fervorosa de 1 bilhão de fiéis, traz motivos para duvidar ou de sua bondade ou de sua existência.

Argumento impressionante, não?

Não para Jesus.

Jesus teve de lidar com este argumento e não se curvou à sua lógica.

Em todas ocasiões em que foi desafiado a realizar milagres para provar algo sobre Si, respondeu com o silêncio (Mateus 12.38-42; lucas 23.8-9), ao passo que curou pessoas que mal sabiam Seu nome.

Deus não age sob pressão.

Pediram uma demonstração espetacular para Jesus enquanto ele estava na cruz (Mateus 27.41-42).

Prometeram-lhe "conversão em massa", caso Ele os atendesse.

"Desça da cruz e creremos"!


Nada.

Jesus não desceu da cruz.

Ele não desceu porque a cruz é a resposta de Jesus para todos aqueles que buscam a Deus (Romanos 5.8).

Quem não encontrar na cruz de Jesus razões suficientes para crer em Deus não as encontrará de nenhuma outra forma!


Agora a proposta de uma pergunta diferente para Sam Harris:

Será que 1 bilhão de ateus reunidos poderiam fazer o bem que Jesus me proporcionou?

Estou certo que não.

***


PS: Harris parece abertamente ignorar diversos relatos historicos de curas divinas documentados pela Igreja, mas ainda assim podemos lhe dar uma colher de chá e perguntar honestamente:


Por que não temos relatos de curas de amputados?


Não sei!


Deus o sabe!


Mas pela cruz posso saber de um futuro em que toda mutilação, do corpo e do coração, será curada.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

DOENÇAS QUE NÃO PODEM ATINGIR SUA ALMA I: O MAL DE JOSUÉ, OU A SÍNDROME DO EXCLUSIVISMO RELIGIOSO


Saiu, pois, Moisés, e referiu ao povo as palavras do SENHOR, e ajuntou setenta homens dos anciãos do povo, e os pôs ao redor da tenda.
Então, o SENHOR desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais.
Porém, no arraial, ficaram dois homens; um se chamava Eldade, e o outro, Medade. Repousou sobre eles o Espírito, porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda; e profetizavam no arraial.
Então, correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial.
Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus escolhidos, respondeu e disse: Moisés, meu senhor, proíbe-lho.
Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito!
(Números 11.24-29)

Nesta passagem o jovem Josué exemplifica a síndrome do exclusivismo religioso.

Quem sofre deste mal não consegue conceber que a religião possa ter caráter democratizador.

Geralmente esta grave doença apresenta duas variações: a personalista e a totemista.

Impossível dizer qual das duas é mais perigosa.

No primeiro caso, o indivíduo crê ser o único autorizado a ter acesso ao sagrado. Toda e qualquer manifestação do divino que não passe pelo crivo DELE (não dos parâmetros estabelecidos por Deus nas Escrituras, que fique claro) deve ser considerada espúria. Ele é o paradigma de toda espiritualidade.

No segundo caso, o indivíduo, assim como Josué, transfere a outro esta prerrogativa de ser o único mediador entre Deus e os homens.

O grande efeito colateral desta modalidade, que transforma um homem em poste-ídolo, é o sacrifício do senso crítico.

Certamente não faltará quem se aproveite disso.

Felizmente, Moisés estava imune a esta doença que, na verdade, é uma tentação.

"Tens tu ciúmes por mim"?

Imunizado pela alegria de ver o progresso do próximo no caminhar com Deus.

"Tomara todo o povo do SENHOR fosse profeta, que o SENHOR lhes desse o seu Espírito"!

Pentecostes cumpre o sonho de Moisés.

Aquele que não é vitimado pelo exclusivismo consegue enxergar longe.

Felizmente, Josué aprendeu.

Isto mostra que, realmente, não há mal que Deus não cure.


Especialmente os que estão associados ao mau uso de Seu nome.

domingo, 18 de outubro de 2009

DEVOÇÃO INDEVOTA


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A PEDAGOGIA DE DEUS PARA AS CRISES DE BICO


O livro de Gênesis talvez seja um dos mais populares de toda a Bíblia. Geralmente os primeiros contatos que as crianças têm com as Escrituras é dado através das narrativas sobre a criação, o dilúvio, a torre de Babel e outras, o que torna os personagens de Gênesis (Adão, Eva, Noé, Abraão, José) muito conhecidos.

Inclusive Caim e Abel.

É famoso o relato do primeiro assassinato cometido na história humana.

Há divergências, contudo, acerca da motivação de Caim em cometer o homicídio, principalmente acerca do motivo que explica a recusa de Deus em receber sua oferta.

Já li argumentos alegando que a oferta de frutos de Caim foi rejeitada por não ter sido um sacrifício de sangue, como o de seu irmão Abel. Tal argumento não se sustenta à luz das leis sobre ofertas em Levítico, que prevê a oferta de vegetais e seus derivados na adoração (Levítico 2; 23.9-14).

Outro afirmava que a oferta de Abel fora um fruto espontâneo de seu trabalho, não algo que fora extraído à força da terra – um argumento bastante estranho, principalmente se considerarmos que Deus deu ao homem o mandamento de desenvolver a agricultura (Gênesis 1.29-30; 2.15) e que a morte cruenta de animais (tanto para sacrifício e como alimento), aparentemente, é um fato que se tornou necessário apenas após a Queda, não refletindo a ordem natural idealizada por Deus.

O Caim agricultor só podia servir a Deus sendo o Caim agricultor. Não abandonamos em um canto nossos talentos e profissão para adorar a Deus.

Pode ser uma possível explicação o fato, mencionado no texto que Abel apresentou as primícias de seu rebanho ao Senhor (Gênesis 4.4). Aparentemente, Caim não foi tão zeloso.

Todavia, considerações dos teólogos à parte, creio que o grande problema da oferta de Caim era Caim. O texto diz que Deus rejeitou a Caim, e, por conseqüência, sua oferta (“...de Caim e de sua oferta não se agradou.” Gênesis 4.5).

Isto ocorreu porque não é possível dissociar aquilo que fazemos fora dos ambientes de adoração com aquilo que ofertamos a Deus nos momentos de culto.

Deus não é subornável. Porque as obras de Caim eram más e as de seu irmão boas (1.ª João 3.12), Deus não pôde aceitar sua oferta, ao passo que Se alegrou com o culto oferecido por Abel.

A Bíblia relata que Caim ficou terrivelmente irado, e que seu semblante descaiu. “Fechou a cara”, como traz a Nova Tradução na Linguagem de Hoje.

Após o incidente Deus, misericordiosamente, vai conversar com Caim.

O que o Senhor lhe diz?

Em primeiro lugar, Deus convidou Caim a pensar sobre sua atitude. Ou seja, quis fazê-lo refletir sobre os motivos que o levaram a ficar “de bico” (
“Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante?” Gênesis 4.6).

Ou seja, “pare e pense”, diz Deus. “Seja razoável"!

Depois disto, o convoca a deixar de ter auto-piedade e fazer uma análise honesta de suas atitudes e das possibilidades de melhorias para seu futuro caso se emendasse (“Se procederes bem, não é certo que serás aceito?” Gênesis 4.7).

Em outras palavras:

“Pare de ter autopiedade”.

“Pare de culpar a seu irmão por seu fracasso”.

“Pare de culpar a mim”.

“Culpe exclusivamente A VOCÊ pelo rumo que tem dado à sua vida.”

E, finalmente, Deus apresenta a grande responsabilidade que está sobre os ombros de cada ser humano da Terra, deixando claro que, aqueles que utilizam o ressentimento como escapismo para o dever de gerenciar bem a própria vida terão como conseqüência a perda progressiva da capacidade de geri-la (“Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”. Gênesis 4.7).

Quem se faz de vítima, torna-se vitimado por um estado de incapacitação.

Quem se arma contra Deus e o próximo fica desarmado diante da desumanização.

Todos sabemos o final da História (Gênesis 4.8).

Caim não aproveitou bem a preciosa aula que Deus lhe deu.

Diariamente esta história se repete.

Muitas pessoas carregam dentro de si ressentimentos injustificáveis.

São misericordiosamente buscadas por Deus.

Inclusive você, meu leitor.

Se sua esta e a situação de seu coração, saiba que também pode contar com a misericórdia de Deus.


Jamais, porém, com sua conivência.

Tenha uma boa aula e tire 10 na arte de viver!


***

Recentemente foi anunciado o lançamento do novo livro do escritor português José Saramago, chamado “Caim”. A tese principal de Saramago é que Deus é o culpado por Caim ter assassinado Abel.


Haja bico!

domingo, 4 de outubro de 2009

LIBERDADE, SEGUNDO A AVON

"Liberdade de escolher seu destino.

Ir onde tudo acontece.

Apresentamos as novas fragrâncias da Avon – Jet Femme Jet Homme.

Seu estilo de vida exclusivo.

Fale com uma revendedora Avon."

Como você define liberdade?

Para a Avon, liberdade consiste no estilo de vida conforme demonstrado por Thiago Lacerda em sua última campanha publicitária.

Carrões. Iates. Belas mulheres.

Não me pergunte que ligação os cosméticos têm com iates e belas mulheres.

É pena que a liberdade segundo a Avon seja limitada a poucos. Afinal, quem não possui capital econômico não poderá ser livre conforme a Avon entende.

É preciso de dinheiro para ter a liberdade de escolher um destino que inclua iates, e não perfumes!

Todos que compram os produtos da Avon sabem disso? (Espero que sim)

A Avon sabe que eles sabem?

E, se ela sabe que sabem, por que insiste em utilizar publicidade mentirosa para vender seus produtos?

Por que vender através da ilusão?

Para ofender a maior parte da população sem poder aquisitivo?

Nesta vida, você encontrará muitas situações que se configurarão como uma tentativa de te enclausurar em uma cela.

Uma prisão mental.

Estar consciente disto o quanto antes te ajudará a manter-se alerta e construir defesas internas.

Sendo a maior delas saber que JESUS CRISTO nos chama para a liberdade!

Decida-se firmemente a jamais abrir mão da verdadeira liberdade (espiritual, mental e moral) que somente Jesus Cristo oferece.

A todos.

Mesmo àqueles que não podem desfrutar de iates como os do comercial da Avon.

sábado, 3 de outubro de 2009

PELO DIREITO DE SER IDIOTA


Certas tendências da Igreja Evangélica me preocupam. Uma delas é um certo complexo de perseguição, incentivado inclusive por alguns de seus líderes.

Quero analisar esta paranóia em seu aspecto político e legal.

(Talvez você discorde de mim, a princípio, quanto ao uso do termo PARANÓIA.

Mantenho minha posição, afirmando categoricamente: NÃO, A IGREJA NO BRASIL NÃO É PERSEGUIDA.

Chega a ser blasfemo afirmar tal coisa.

Basta pensar na janela 10/40.

E uma das maiores provas de que realmente possuímos consistente liberdade religiosa é o respeito que até mesmo os picaretas religiosos desfrutam nesta nação para ampliarem seus “ministérios”.)

Este sentimento se manifesta através de uma análise política superficial, produzindo discursos do tipo: "estão aprovando leis contra a família", "os princípios cristãos não estão sendo levados em conta pelo Congresso".

Este discurso traz em si uma perigosa inconsistência: ao requerer que nossos legisladores consultem a Bíblia para criar e aprovar projetos de leis, e que defendam a família cristã, os proponentes desta idéia se esquecem de que, em um estado laico, tal coisa não pode ocorrer.

Não deve ocorrer.

E é BOM e, mais ainda, NECESSÁRIO que assim seja!

Por definição, o Estado que se declara laico isenta-se de legislar sobre assuntos religiosos, por compreender que está fora de sua alçada fazê-lo; que tal tarefa cabe ao indivíduo, na liberdade de sua consciência.

E Estado bom é o Estado que preserva a liberdade do indivíduo.

Toda boa legislação deve garantir e salvaguardar ao indivíduo o direito de ser idiota, se ele assim o quiser.

Ao legislar sobre os limites que esta liberdade individual deverá assumir para que não seja nociva socialmente, o Estado não recorrerá a textos sagrados, mas utilizará a base comum do Direito, que concebe valores como vida e dignidade como bens jurídicos, ainda que estes temas recebam também muito enfoque dentro da doutrina cristã.

Agora, quanto ao teor de validade existencial no uso da liberdade individual, somente a Deus serão prestadas contas. O Estado não pode exigir isto.

E, sabiamente, o Estado laico entende tal coisa.

O Estado que assim não procede, age criminosamente, violando a consciência individual.

Aqueles que desejam um Estado cristianizado sonham, sem saber, com o estabelecimento de um Estado criminoso, onde os princípios cristãos seriam impostos por força da lei, e não pela convicção do coração.

Deus não deseja tal abominação, e como podem alguns setores da Igreja sonharem com tal coisa?

Devemos respeitar as liberdades individuais assim como Deus as respeita.

Deus não remove do homem sua liberdade mesmo quanto este a usa para entristecê-lo.

E o Estado deve garantir o pleno exercício da liberdade a todos. A Igreja não deve solicitar ao Estado o cerceamento da liberdade dos grupos que propõem um estilo de vida diferente do seu, pois o Estado legisla para todos, e não apenas para a Igreja.

Quem vai defender a "família cristã" são os próprios cristãos, a partir da formação dada em seus lares. O Estado legisla para todas as famílias.

Quem vai defender os princípios cristãos é a própria cristandade, não importa as leis que sejam aprovadas pelo Estado.

Ao invés de pretender enfiar, goela abaixo, por força de lei, princípios cristãos àqueles que não desejam segui-los livre e espontaneamente, a Igreja deve concentrar-se no âmbito de sua atividade: apresentar o Evangelho e o estilo de vida em que ele implica a indivíduos para que, NO ÂMBITO DE SUA LIBERDADE INDIVIDUAL, ACEITEM TRANSFORMAR SUAS CONVICÇÕES.

A Igreja, no poder da Grande Comissão, chega onde o Estado não chega.


E isto, odiando o pecado, mas amando o pecador.


Amando-o inclusive no respeito de sua cidadania, liberdade e inviolabilidade de consciência.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

UM PAPO NA SORVETERIA


sábado, 26 de setembro de 2009

CONTEXTOS DE VIDA IDEAIS PARA A LEITURA DO SALMO 23


Leia o Salmo 23 quando você tiver a mesa farta. Ou, quando a mesa não estiver farta, perceber que ainda tem o que comer e o que vestir. E também quando estes recursos faltarem, sendo você sabedor que a vida é mais que comida e bebida, reconhecendo que você ainda vive e respira e está certo de que este momento difícil não diminuirá sua capacidade de viver a vida dignamente, pois o SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.

Leia-o quando tiver emergido do fundo do poço, superado um grande obstáculo e encontrar em si, sem saber como e nem por que, as forças necessárias para enfrentar o próximo: somente Ele deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma.

Leia-o quando perceber as pressões da tentando tornar você alguém melhor, e não meramente mais abastado e bem-sucedido, já que este é o verdadeiro conceito de sucesso na vida para Aquele a doou para você, Aquele que guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.

Leia-o quando o perigo e a angústia, em suas mais variadas formas, forem mais reais e presentes do que você gostaria que o fossem, consciente de que ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

Leia-o quando sentir-se pressionado pelo anonimato e pela inverdade da avaliação dos homens e desejar que sua história de vida seja vindicada pois, neste mundo ou no outro Ele prepara uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unge a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.

Leia-o quando você perceber que, no balanço final da vida você recebeu muito mais do que merecia, pois certamente que a bondade e a misericórdia me seguiram todos os dias da minha vida.

Leia-o principalmente se hoje, você tiver percebido que ainda não chegou a etapa final de sua vida, mas já tenha decidido vivê-la no aprisco do Bom Pastor. Mas tão somente se estiver sentindo-se feliz e privilegiado por isso, pois Ele somente aceitará estabelecer um relacionamento com aquele que declarar habitarei na Casa do SENHOR por longos dias de forma espontânea e sincera.

E, assim, usufruir da promessa de vida que este Salmo traz consigo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

TELHADO DE VIDRO


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O DONO DA HISTÓRIA


Pense no chão que você está pisando.


Outras pessoas estiveram sobre este mesmo chão que você. Sobre ele amaram, produziram, sonharam e sofreram.


Angustiaram-se com questões de vida ou morte.


(E como as questões de vida ou morte parecem irrelevantes após a morte!)


Hoje, suas vozes encontram-se silenciadas.


Seus saberes, em grande parte, inacessíveis a nós. Seu legado, irreconhecível.


Resta o mesmo chão comum que vocês compartilham.


Somos seres formados historicamente. Contudo, não temos herança histórica. Temos apenas fragmentos de história que compõem esta herança.


História "oficial". Versões da história.


Brecht expressou sabiamente esta imposição da macro-história sobre a micro-história em sua poesia:


PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ

Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída —
Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas
Da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China
ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para seus habitantes? Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada
Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?

Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões


A Bíblia menciona o evento do juízo final. Nele, o registro da micro-história de cada indivíduo será resgatado e trazido publicamente à tona (Apocalipse 20.12-15).


O conhecimento soterrado pelo tempo se tornará acessível a todos.


Finalmente, será possível julgar a História com justiça, por finalmente tê-la diante dos olhos.


O Apocalipse promoverá o resgate da memória coletiva da humanidade.


Diante de Deus, ninguém é esquecido. Nem os seus feitos.


Geraldo Vandré estava errado. Não caminhamos com a "História nas mãos". Somente Deus é capaz de fazê-Lo.


A nós, cabe apenas a incumbência de caminhar gerindo responsavelmente nossos atos, compondo a nossa parcela na História, que será desvendada e apreciada por aquele que é Eterno.

domingo, 13 de setembro de 2009

Armadilhas do pensamento


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

UMA REFLEXÃO DESCONTRAÍDA


Durante uma conversa descontraída com minhas amigas no trabalho, uma delas relatou um comentário de seu pastor contra a música secular:

Pensem no sucesso do momento: casais, vocês são capazes de olhar nos olhos de seu cônjuge e dizer "você não vale nada, mas eu gosto de você?" No mundão não há nada que preste!

Minha amiga relatou a anuência do auditório à fala do pastor. Então indaguei:

Mas esta não é uma maneira adequada de descrever o próprio amor de Deus? Afinal, não valemos nada... e Ele gosta da gente!

(Será que o profeta Oséias também não sentiria-se muito à vontade para cantar o tema de Norminha para Gômer, sua esposa infiel?)

Por favor, me entenda:


Longe de mim fazer apologia indiscriminada a todo tipo de música.

Não engulo muitos dos "grandes" hits do momento.

Os versos restantes da música citada apresentam idéias nem um pouco edificantes, incompatíveis com o amor cristão (Eu quero ver você sofrer/Só pra deixar de ser ruim/Eu vou fazer você chorar, se humilhar/Ficar correndo atrás de mim...).

Mas a questão é: o correto exercício do senso crítico exige olhos que saibam discernir também aquilo que é positivo, sem penderem automaticamente para a depreciação imediata.

Acredite: se nos dedicarmos a apontar defeitos, nos tornaremos experts nisso!

Mas a vida não é feita só de defeitos.

Ignorar isto implicará em deixar de apreciar muitas pérolas que a vida traz, apenas por desdenhar do aspecto da ostra que as envolve.

(PS: E, tratando-se do amor de Deus, o melhor é saber que, diferentemente dos "Solteirões do Forró", que amam e não sabem por que, Ele ama e
não tem crise de identidade por causa disso.)

domingo, 6 de setembro de 2009

BREVEMENTE, COM VOCÊS... O JOEL!


É muito pessoal o que vou escrever agora.


Poucas pessoas sabem que meu grande sonho, quando criança e adolescente, era ser desenhista.


(Bem, na verdade, este foi meu segundo grande sonho; primeiro pensei em ser cientista...)

Desenhar histórias em quadrinhos ou ilustrar livros era tudo que eu queria!

Realmente amo artes e sinto-me verdadeiramente comovido diante de produções visuais que conseguem apresentar primor estético e criativo.

Às vezes ainda sonho em trabalhar como free-lancer, produzindo charges para algum jornal.

Pela misericórdia de Deus, cheguei a ter experiências quase-que-profissionais nesta área.

Incomodava-me muito, porém, que esta área de minha vida estivesse meio "desativada" depois de minha conversão, em 1996.

(Como fiquei feliz quando, em meu aniversário de 1998, minha esposa, qe na época era minha noiva, presenteou-me com o livro "Quadrinhos e Arte Seqüencial", de Will Eisner, manifestando a fé, de que no futuro, Deus me usaria para pregar o Evangelho também através dos quadrinhos.)


Já havia alguns anos que eu pensava no assunto, em produzir tiras e charges que pudessem transmitir a fé.

Faltava-me algo, porém: um personagem!

E então Deus presenteou-me com o Joel.

Quem é ele?

Basicamente, o Joel é alguém que vive para declarar o que o seu nome significa: O SENHOR é Deus! Testemunha fielmente de sua fé, todavia, sempre com muita criticidade, biblicidade, amor e bom senso, sem jamais negar sua humanidade.

Imaginei-o franzino (talvez para demonstrar que sua força provém do Senhor), de cabelos encaracolados (amo cabelos revoltos!) e ruivos (qualquer semelhança com Davi, palavra, é mera coincidência!).

A contrapartida de Joel é o Cosmo (creio que as implicações do nome são óbvias!), um personagem que oscila, ora entre o total agnosticismo e mau-caratismo, ora até uma profissão de fé formal, capaz de abraçar irrefletidamente as maiores distorções contemporâneas da fé evangélica. Chega a ser um crente frio. Todavia, jamais Joel deixa de oferecer sua amizade e companheirismo a Cosmo, na esperança que um dia ele tome jeito. Cosmo é o campo missionário de Joel. Imaginei-o gordo, careca, aparentando meia-idade, com um aspecto entre o agressivo e o idiotizado.

Nestas tiras, não utilizarei um traço realista (característico das HQs de super heróis, por exemplo), optando por um estilo mais próximo do caricatural que, utilizando o grotesco por vezes, melhor serve ao humor, creio eu.

A princípio, fiquei em dúvida se deveria apresentar este material neste blog, essencialmente composto por textos. Minha esposa, porém, me deu muito incentivo neste aspecto.Portanto, assim que reunir tiras em número suficiente, começarei a colocá-las no blog, com o marcador Tiras do Joel.


Espero que esta nova investida ministerial possa abençoar vidas. Suas orações, reflexão, críticas e sugestões serão muito bem vindas!

sábado, 29 de agosto de 2009

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O CASO DA UNIVERSAL


Recebi algumas sugestões (inclusive de minha esposa) de abordar, aqui no blog, o recente escândalo envolvendo a denúncia sobre o esquema de lavagem de dinheiro da Igreja Universal do Reino de Deus.

Gostaria apenas de apresentar algumas sugestões que creio serem relevantes para melhor nortear nossa conduta diante deste assunto tão pouco edificante:

1. O fator de menor importância de toda esta história é se existem interesses escusos por parte da Rede Globo de televisão, que se aproveitaria da denúncia e investigação no intuito de derrubar a emissora rival, Record. Concentre-mo-nos nos fatos. No desvio do dinheiro dos fiéis para fins próprios. A nós interessa o cumprimento da justiça. Deixe os mortos enterrarem seus mortos.


2. Creio que a melhor (e mais urgente!) postura que podemos apresentar para a sociedade é a de que nosso senso de justiça não é corrompido por uma mentalidade corporativista, capaz de fazer vista grossa àquilo que os "irmãos" fazem, em nome de uma pretensa unidade evangélica. Fatos são fatos. E estão aí para serem apurados. Se Macedo e seus companheiros são inocentes, podem recorrer aos meios legais para se defenderem. Se culpados, devem prestar contas do que fizaram. Um criminoso deve responder por seus crimes, independentemente de sua confissão religiosa. Assim nossa pregação sobre justiça não vai parecer papo furado.


3. Devemos mostrar também que somos capazes de agir com discernimento, sabendo que dentro da instituição Igreja Universal do Reino de Deus existem obreiros e pessoas sinceras, que servem a Deus com seriedade – e expor isto para a sociedade. A história de Samuel é um exemplo de que, mesmo em um ambiente eclesiástico corrompido, é possível caminhar com Deus de forma íntegra.


4. Todavia, isto não nos isenta de usarmos (ou continuar usando, para alguns) nosso senso crítico em relação aos desvios doutrinários e práticas controvertidas da referida igreja, com maior clareza e explicitude, de forma que fique patente ao público nossas convicções bíblicas acerca do Evangelho de Jesus Cristo, e assim o anunciemos através de nosso não-conformismo.


5. E, finalmente, deixar claro que, mesmo apurados os fatos, verificada a culpa dos acusados e declarada sua sentença, se Edir Macedo e todos seus comparsas manifestarem arrependimento genuíno, com o abandono das velhas práticas e legítimo desejo de mudança de vida... poderão contar com o perdão e acolhimento da Igreja.


Pois, aí sim, terão agido verdadeiramente como irmãos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

OBRIGADO, DEUS, POR EU VIVER EM SEU MUNDO


Pense na eternidade passada.

Pense em Deus Pai, Filho e Espírito Santo vivendo em perfeita harmonia, comunhão e alegria.
Que tipo de contribuição poderíamos trazer a este estado de bem-aventurança?
O Deus triúno, completo em Si mesmo, de nada carece.

Ele é absoluto em si mesmo.


Somente Ele existe na acepção mais profunda da palavra - nossa realidade deriva-se da realidade dEle.

E ainda assim, ele decidiu livremente que fizéssemos parte de Sua história
O Deus que conhecia a perfeita felicidade decidiu deleitar-se nos seres que criaria.

(Ou decidira criar seres para poder lhes proporcionar a oportunidade de conhecer o perfeito deleite que Ele possui em Si mesmo?)
A criação do mundo prova que não estamos aqui por acaso e que avida tem um propósito.
Você foi desejado por Deus.

Você é amado no sentido mais profundo da palavra.

"Nossa" história é apenas um pequeno parêntese na própria história de Deus.

O "nosso" mundo é o mundo de Deus, para nós preparado e por nós maculado.

"Nosso" talento é expressão da imagem de Deus em nós.

"Nosso" tempo é simplesmente as oportunidades que Deus tem nos dado para fazer da vida algo belo e significativo, com perspectivas à eternidade, e não se meramente ao temporal.

Você ainda acha mesmo que "aceitar Jesus" significa dar uma chance para Deus entrar em sua vida?


Ele é quem tem nos dado todas as chances a nós!


E, se a "nossa" vida deixar um pouco mais de ser "nossa" (pois na verdade não é!), em reconhecimento agradecido que dEle a derivamos, bem como todas as demais coisas, saberemos dar valor à ruptura que Deus quis fazer em Sua história perfeita por amor a nós.

domingo, 23 de agosto de 2009

VOCÊ ESTÁ PREOCUPADO COM Ó PAI, Ó?


A minissérie Ó pai, ó, exibida pela Rede Globo, tem sido motivo de muitos comentários recentes devido à divulgação que sua próxima temporada terá como personagem um pastor desonesto, que desvia o dízimo dos fiéis.

Que a Igreja evangélica deve pensar disto?

Sem dúvida, é triste viver sob o signo de um estereótipo. Há profissões e grupos sociais que carregam consigo clichês insuportáveis (policiais, enfermeiras, políticos), que menosprezam a seriedade das pessoas que pertencem a tais grupos e que não fazem jus à imagem generalizadora dos estereótipos. É o que ocorre com os pastores e evangélicos em geral, sendo que muitos destes preconceitos são alimentados pela própria postura da mídia.

O grande público ignora que a grande parte dos pastores brasileiros vive em condições humildes, exercendo seu ministério de forma quase voluntária, sem contarem com o devido e justo respaldo financeiro de suas respectivas igrejas. E que também, ao contrário do que se pensa, existe vida inteligente sentada nos bancos das igrejas, capaz de criticar e se opor aos vendilhões da fé.

Isto deveria levar a igreja evangélica a se mobilizar contra a rede Globo e a exibição de Ó pai, ó?

Não.

Ó pai, ó é uma história. Com “h” minúsculo. É uma obra de ficção. E como obra de ficção possui como função realizar a crônica de seu tempo. Sendo assim, ela apresenta recortes da realidade e de seus tipos (bons e maus), cabendo ao leitor/telespectador extrair e fazer suas próprias conclusões a partir dos exemplos hipotéticos apresentados.

Sendo assim, podemos falar de obras que expõem aspectos negativos da polícia (Tropa de Elite), ou do catolicismo romano (O Pagador de Promessas), por exemplo. Tais narrativas têm uma função ilustrativa, requerendo a posterior reflexão de quem as lê ou assiste. Uma mentalidade proibitiva surge de se ignorar este fato.

Há não muito tempo atrás, uma novela da Rede Globo foi acusada de racismo devido à postura racista de um de seus personagens. A organização que moveu a queixa não compreendeu que, através de um exemplo ficcional, é possível que o telespectador compreenda como é odioso o racismo e se oponha a ele.

Mas, você pode estar se perguntando, você não acredita que o diabo pode usar esta minissérie para reforçar os preconceitos que a sociedade já possui contra os evangélicos?

Sem dúvida.

Muitos telespectadores não utilizam a ficção como um subsídio para repensar a realidade. Preferem a zona de conforto das generalizações e dos estereótipos.

Mas também creio que DEUS também pode usar esta minissérie para despertar o repúdio da Igreja e da sociedade contra os criminosos da fé, levando as pessoas terem desejo de conhecerem o Evangelho legítimo, através de pessoas e locais que o pregam com seriedade.

Se não gostar de Ó pai, ó, desligue a TV ou mude de canal. Mas, por favor, não faça tempestade em copo d’água.

(PS: Apesar de tudo que falei sobre crônica ficcional como retratos da realidade, há algo que eu NUNCA espero ver na TV: uma caracterização fidedigna do cristão que teme a Deus e o serve. Isto não é possível de ser feito por quem não compreende e aceita as verdades espirituais – leia 1.ª aos Coríntios, capítulo 2, versículos 14 e 15. O local correto para buscar e encontrar tal retrato é nas páginas das Escrituras e dentro da comunidade dos fiéis.)