Em primeiro lugar, do título do artigo: me recuso a falar da “americanização” da fé porque a América somos nós – latinos e anglo-saxões e não apenas os ocupantes do país governado por Barak Obama.
Agora, quanto ao tema do artigo propriamente dito: temo que a compreensão e vivência da fé evangélica no Brasil esteja adquirindo algumas características (leia-se: vícios) do cristianismo norte-americano.
Em primeiro lugar, a visão política do segmento, estreitando-se em questões relacionadas ao aborto e à questão LGBSTT, tal como nossos vizinhos do hemisfério norte – não nego a importância do debate sério e cidadão sobre estes temas, mas preocupa-me o fato de que eles possam decidir eleições (uma tendência que os candidatos espertalhões vão saber aproveitar muito bem para angariar a simpatia do segmento) e de que a escolha de uma candidato possa ser feita tão somente com relação a seu posicionamento sobre estes temas, descartando a exigência idoneidade pessoal e da apresentação de um projeto político que abranja a promoção de cidadania e justiça social mais ampla e efetiva.
Em segundo lugar, preocupa-me a apologia do obscurantismo: os cristãos americanos são afoitos e obcecados com teorias de conspiração, mensagens subliminares, especulações escatológicas e coisas do gênero: ou seja, se promove a espiritualidade através da paranóia, através de um perigoso desprezo ao discernimento e uso do senso crítico como meio de crescimento espiritual.
E, finalmente, o crescimento do nominalismo evangélico também me preocupa e entristece: as estatísticas numéricas do evangelicalismo nos Estados Unidos são impressionantes – da mesma forma como o alardeado crescimento da Igreja brasileira: porém, de forma semelhante nos dois países, é alto o número sem compromisso com Deus e sem vida cristã, apesar de inscritas em um rol de igreja. O que explica este fenômeno? Arrisco dizer que este seja um subproduto da Teologia da prosperidade perversamente pregada em muitos recantos evangélicos do país, com uma metodologia de discipulado falha, formando consumidores e espectadores da fé – e não imitadores de Cristo.
Historicamente, somos consumidores, imitadores e admiradores de tudo o que vem do “primeiro mundo” – mas espero que, nos casos que citei agora, nosso povo não siga o exemplo do país de Tio Sam.
Querido irmão Vítor,
ResponderExcluirGraça e Paz.
Infelizmente o seu receio já é uma realidade em grande parte de nosso meio evangélico brasileiro. A tendência "medíocre" de imitar o que vem do 1º mundo (o que chama de estadunização) é cada dia mais forte por grupos e denominações em nosso país. Não se discerne e muito menos se tem o cuidado de examinar á luz das Escrituras os ventos norte-americanos. Com isso cresce o número de "crentes" superficiais (se é que isso existe) ou como chamo "crentes da geração shopping centers" que buscam consumir tudo que lhes é oferecido, basta lhes acenar com alguma facilidade. Com essa realidade, fica fácil para pessoas sem temor a Deus se utilizar da "massa evangélica" para seus fins muitas vezes escusos
Forte abraço,
Pr. Magdiel G Anselmo