sexta-feira, 18 de junho de 2010

NÃO SOMOS INÚTEIS - JEAN-PAUL SARTRE ESTAVA ENGANADO!


Para Jean-Paul Sartre (1905-1980), eu e você não passamos de paixão inútil. Isto porque, para o filósofo existencialista francês, a vida não possui sentido nenhum além do que possamos lhe atribuir.

Sendo assim, o dever do homem consiste em usar sua liberdade para dar o melhor sentido possível à vida. Isto é ao mesmo tempo seu privilégio e seu fardo, já que ele nunca poderá reverter a falta de sentido para a vida, nem tampouco se eximir da responsabilidade pelo exercício de sua liberdade.

É interessante que, apesar de tais conceitos, a filosofia de Sartre abomine o suicídio.

A razão pela qual o filósofo é tão radical em suas colocações é que, para ele, buscar um sentido na vida seria admitir a existência de um propósito superior pré-estabelecido ao  homem, por alguém superior a ele - e isto Sartre não podia admitir.

É interessante que toda forma de ateísmo que supostamente tenta “emancipar” o homem acaba por reduzi-lo.

Não somos "paixão inútil".

Segundo o cristianismo,somos seres portadores de dignidade, criados à imagem e semelhança de Deus, chamados para ser co-participantes de Seus propósitos para a humanidade e para o cosmo. Somos amados e valorizados no sentido mais profundo destes termos, o que Deus comprova através da cruz de Cristo.

Há uma antiga canção do Barão Vermelho que diz que "viver é fúria e folia rumo ao mágico".

Acontece que aqueles que não conseguem enxergar o "Mágico" não vêem um rumo para caminhar, e assim, sua "fúria e folia" de vida se torna inútil.

Ao que parece, Sartre foi um deles.

Lamento muitíssimo.
Mas sábado sepultei meu pai e jamais me pareceu tão revoltante a visão de Jean-Paul Sartre  sobre a vida quanto neste momento.

Pobre filósofo!

5 comentários:

  1. Existe uma explicação para o homem ser uma paixão inútil, Sartre não o disse só por dizer.
    A dedução pelas palavras do autor é a seguinte: "Toda realidade humana é uma paixão. Ela tenta perder-se parar se tornar ser, ao mesmo tempo se tornando o Em-si que escapa à contingência: a 'coisa que causa a si mesma', que as religiões chamam de Deus. Assim, a paixão do homem é o oposto da paixão de Cristo, pois o homem se perde como homem para que Deus possa nascer. Mas a ideia de Deus contradiz a si mesma e nós nos perdemos em vão. O homem é uma paixão inútil."

    É preciso estudar a fundo a filosofia de Sartre para compreender melhor, algumas coisas podem parecer contraditórias quando, na verdade, não são.

    Os ateísmos não reduzem o homem em geral, geralmente o engrandecem e alegam que a religião é que reduz o homem. O ateísmo de Bauer por exemplo diz que Deus impede os homens de se verem como a mais alta divindade. Assim como o de Feuerbach, que afirma que Deus é a essência humana projetada numa realidade estranha e exterior, de modo que enriquecemos Deus com nossas características e empobrecemos a nós mesmos.
    (Não quero arranjar briga nem ser rude, só quis esclarecer alguns pontos que achei que pudesse)

    Meus pêsames pelo seu pai

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  2. Ian: muito obrigado por sua visita ao meu blog e por sua brilhante colaboração, cheia de cordialidade e sensibilidade.

    Peço desculpas por não ter interagido com você antes, mas não o fiz por absoluta falta de tempo.

    Embora minhas fontes que não tenham exposto tão bem o pensamento de Sartre como as suas, creio que tocamos ambos no mesmo assunto: Sartre propôs emancipação humana à parte do divino, deixando ao homem o dever de ressignificar-se.

    Ao meu ver, esta é uma proposta falha, pois era encarada pelo próprio filósofo como um fardo, incapaz de alterar o absurdo da existência.

    A tônica do artigo é o valor e dignidade que o cristianismo confere ao ser humano, enquanto criatura à imagem e semelhança divina, objeto de Seu amor e alvo de Seus propósitos, opondo-me à idéia de que em Deus o homem encontra a aniquiliação de sua dignidade, tendo que emancipar-se à parte dele - a mesma tese defendida pelos outros autores que você citou.

    Muito obrigado pelo apoio neste momento difícil que passamos.

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  3. Não há necessidade de se desculpar.
    Entendo a sua posição, não pretendi desmerece-la, só pensei que pudesse esclarecer alguns pontos, principalmente da filosofia de Sartre, que muitas vezes são mal interpretados.
    Obrigado pela compreensão e pela resposta.

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  4. Através da troca de idéias nós crescemos mutuamente. Suas contribuições são válidas e muito bem-vindas, Ian!

    Tem sido muito bom conversar com você e espero recebê-lo sempre por aqui!

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  5. Ótima reflexão sobre o Cristianismo, já estudei esse filósofo e acho que você está correto. Abraço!

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