Falar em História é falar acerca de uma forma de interpretar a realidade. Dependendo dos aspectos enfatizados pelo historiador (por exemplo, a macro-história dos fatos oficiais ou a micro-história do cotidiano; os feitos de indivíduos ou de comunidades), temos diferentes maneiras de conceber a História.
Isto ocorre principalmente com o referencial interpretativo da História: Marx acreditava que a História podia ser explicada em termos econômicos. A concepção do iluminismo do século XVIII era totalmente racionalista, descartando a possibilidade de intervenções sobrenaturais no cenário humano.
A concepção bíblica de que Deus conduz a História para um clímax que cumprirá o Seu bom propósito para a humanidade (visão teleológica da História, do grego telos - meta, objetivo) serviu como inspiração e pretexto para a concepção desenvolvimentista da História, hoje em xeque, devido à constatação dos crimes do colonialismo, seu produto direto, e à ausência de um paradigma claro acerca do que significa "progresso".
Mas a concepção que desejo destacar neste post é uma antiga maneira de olhar a vida e a História, que influenciou fortemente os povos andinos de outrora: a concepção cíclica da História.
Dentro desta concepção, a História é movida por um ciclo inevitável de nascimento, apogeu e declínio - e este movimento explica o surgimento e o desaparecimento de impérios, nações e culturas.
Embora esta concepção cíclica não seja geralmente adotada como modelo interpretativo da História macro nos dias contemporâneos, ela é larga e popularmente utilizada para interpretar os acontecimentos do dia-a-dia, a História micro. Mesmo o Pastor Ricardo Gondim, famoso por sua oposição a toda espécie de determinismo, por exemplo, utilizou categorias extraídas desta concepção em uma entrevista à revista Eclésia para abordar a decadência do movimento evangélico.
A vida, em todos seus aspectos, estaria sujeita a um ciclo inevitável de surgimento, apogeu e declínio.
Aliás, não foi assim que definiram para nós o que é um ser vivo, nas séries primárias? Alguém que nasce, cresce, reproduz-se e morre?
Entender a História como um ciclo é conceber uma engrenagem que atrela a existência humana (relacionamentos, projetos, empreendimentos e o próprio ser em si) a si.
É a quintessência do fatalismo.
Conformismo e passividade são os filhos do fatalismo.
Mas as coisas não precisam ser assim.
A concepção bíblica da História mostra que Deus não permitirá que ela se mova em torno de si mesma, mas que Ele a conduzirá em triunfo. Isto é um incentivo e um convite ao agir responsável do ser humano, elevado ao status de colaborador de Deus em Seu agir na História.
Por que é tão importante aprender a fazer a roda da História girar a nosso favor?
Porque é a chave para que nos liberta da prisão da passividade, fazendo-nos ir à luta contra os aspectos da realidade que se opõem à glória de Deus e ao bem-estar do homem, nos tornando agentes responsáveis e criativos de nossa própria História - tanto macro quanto micro.
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