sábado, 25 de abril de 2009

O PERIGO DO AMOR PASSIVO


Nossa cultura conseguiu produzir um dos erros mais perniciosos em relação ao amor e aos relacionamentos: o conceito da passividade do amor.

Dentro deste conceito, um relacionamento consiste no encontro e desfrute da companhia de alguém, príncipe ou princesa encantada, que se torna responsável pela promoção de minha felicidade.

É óbvio que, não havendo mais a minha felicidade, é um sinal de falência do relacionamento (era sapo!), sendo hora de partir para outra.

Acredito que existe um livro chamado "Complexo de Cinderela" que aborda esta questão, embora desconheça detalhes de sua abordagem.

Mas não me entenda mal, por favor:

Não pretendo defender a idéia absurda que, ao buscarmos um relacionamento, não estejamos buscando nossa felicidade - nem que isto seja ilegítimo!

Pascal disse que todo movimento nosso é dirigido em busca da felicidade.

E certamente o amor deve ser correspondido - até Deus requer isto!

Tampouco quero minimizar a dor e o sofrimento daqueles que tiveram de romper um relacionamento.

O que me incomoda são o egocentrismo e narcisismo que têm moldado a concepção contemporânea de "viver um grande amor": nesta concepção, não existe um papel a ser cumprido por quem ama (além de exigir): o amor torna-se totalmente passivo, que transforma o relacionamento em uma vivência de predominantemente de recepção.

Ora, o amor não é isto!

Amor envolve doação, renúncia, tolerância, disposição.

Boa vontade. Misericórdia. Sacrifício.

Ter tido coração foi cativado por alguém... é saber que foi encontrada a pessoa na qual será investido o melhor de si.


A felicidade de quem ama é vinculada à promoção da felicidade do outro.

E como um projeto de vida!

Não existe nada mais ativo do que o exercício do amor. Nele, o esforço incondicional de ser um príncipe surge antes de preocupar-se em exigir o comportamento de uma princesa (e vice-versa).

O amor de Deus é assim. E quando Deus deixa de ser o paradigma de nossos relacionamentos... o mundo está cheio de exemplos concretos de relacionamentos mal-sucedidos por seguir princípios errôneos.

Contos de
fada possuem o seu valor na época apropriada. Fora do contexto infantil, são inadequados.


Quem é passivo no amor abre mão da gerência de sua vida e de suas responsabilidades, por atribuir a sua felicidade ao outro (algo muito cômodo!). Tal concepção não possui espaço para auto-exame, a fim de que seja percebida a estreita relação entre minha felicidade e meus passos.


O amor passivo é postura para a promoção do caráter de sanguessuga, tornando inviável qualquer possibilidade de um final feliz.

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