sábado, 28 de março de 2009
EU ENTENDO O PASTOR JOSUÉ GONÇALVES
sexta-feira, 20 de março de 2009
VOCÊ ESTÁ NO BICO DO CORVO?
"Então, Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Tão certo como vive o SENHOR, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra. Veio-lhe a palavra do SENHOR, dizendo: Retira-te daqui, vai para o lado oriental e esconde-te junto à torrente de Querite, fronteira ao Jordão. Beberás da torrente; e ordenei aos corvos que ali mesmo te sustentem. Foi, pois, e fez segundo a palavra do SENHOR; retirou-se e habitou junto à torrente de Querite, fronteira ao Jordão.
Os corvos lhe traziam pela manhã pão e carne, como também pão e carne ao anoitecer; e bebia da torrente". (1Reis, 17.1-6)
Havendo seca em Samaria como conseqüência dos desvios que o rei Acabe induzira a nação, Elias, que havia confrontado o rei, foi orientado por Deus a refugiar-se na região de Querite. Lá, ele foi sustentado por corvos que lhe traziam alimento em seu bico. Estar "no bico do corvo", de acordo com a circunstância vivida pelo personagem bíblico, coincide com o sentido contemporâneo de estar passando por uma situação de extrema gravidade – porém, em total dependência de Deus.
Comparar a expressão contemporânea com o texto bíblico permite fazer uma outra leitura dos períodos de crise: uma leitura que abre novas possibilidades.
Estar "no bico do corvo" significa descobrir que mesmo em momentos de crise Deus opera milagres.
Significa aprender a esperar em Deus, descobrindo que, em última análise, sua vida depende totalmente dEle – e não de seus próprios recursos.
Significa descobris que Deus emprega meios não-convencionais (corvos) para realizar Seus desígnios.
Significa passar por um período de maturação espiritual.
Significa (espero sinceramente que este princípio também se aplique à sua vida) descobrir que certas crises chegam às nossas vidas devido a nosso compromisso com a justiça, e não pelo motivo oposto.
Você sente-se no "bico do corvo"?
Se a resposta for sim, espero que você possa fazer discernir sua situação à luz da riqueza da mensagem bíblica (não há lugar para esperança no sentido contemporâneo!), que mostra que mesmo períodos de aflição podem se tornar períodos de bem-aventurança.
sexta-feira, 13 de março de 2009
ILHA DAS FLORES
Ilha das Flores narra a “saga” de um tomate (isso mesmo!) que passa por diversas etapas desde seu cultivo, venda, revenda e descarte, quando chega ao lixão conhecido como “Ilha das Flores”, onde seres humanos têm permissão para ali procurarem alimento para sua sobrevivência – depois de o dono do aterro ter selecionado a lavagem dos porcos.
A fotografia, montagem e narração do filme são brilhantes, apresentando importantes conceitos políticos, econômicos, históricos e sociais, como a questão do trabalho e produção de cultura e riqueza, a produção de capital e lucro, as relações sociais predatórias que geram desigualdade e injustiça social.
Todavia, o filme apresenta também um conceito religioso.
Durante a abertura do filme, antes de qualquer imagem, escrito com letras garrafais aparece a frase: “DEUS NÃO EXISTE”.
Vejamos:
Segundo a filosofia, existem dois tipos de juízo: a priori (antes do exame de um objeto, fato ou conceito, ou seja, um raciocínio dedutivo) e a posteriori (após o exame dos mesmos, onde a conclusão é construída de maneira indutiva).
Nunca pude conversar com Jorge Furtado, mas talvez os meses de experiência em um ambiente degradante, onde seres humanos estão abaixo de porcos na cadeia alimentar tenham inspirado-o a uma expressão tão cética e indignada.
Todavia, ao colocar a frase no início do filme, o diretor a transforma em um pressuposto para a interpretação de todos os fatos subseqüentes: ou seja, o espectador é predisposto antes da projeção do filme a realizar um juízo apriorístico, considerando Deus e Ilha das Flores como realidades excludentes entre si.
“Se Deus existe, não existiria um lugar como Ilha das Flores”.
“Ilha das Flores existe. Logo, ou Deus não existe ou, se Ele existe, Ele não é bom – portanto, indigno de minha confiança”.
Ora, já foi dito que a fé é uma fuga, uma espécie de escapismo que as pessoas utilizam para negar os problemas da realidade.
Todavia, não foi Deus quem produziu um lugar como Ilha das Flores: foram os homens! Esta é uma realidade que o documentário, ironicamente, mostra de forma bem clara!
Negar a responsabilidade humana pela construção de sua realidade perversa e lançar a culpa sobre Deus – não seria este o verdadeiro escapismo? A verdadeira alienação? Comentei sobre isto em “Jesus e os descaminhos da história”.
Ilha das Flores não nega a realidade de Deus. Antes, confirma a realidade da queda e do pecado do homem, bem como sua necessidade de redenção..
sábado, 7 de março de 2009
O AMOR ENQUANTO PERDA
Toda relação de amor envolve perdas.
Uma vez definindo o amor essencialmente como desprendimento altruísta, que gera ações positivas e desinteressadas de promoção do bem-estar do ser amado, vê-se logo que o elemento de perda está presente de forma intrínseca; amor é doação. Sacrifício.
É investir no outro o melhor de si.
Mover tempo, recursos e energias.
E se não for assim, não é amor verdadeiro.
Pais e mães que perdem noites de sono, abrem mão de sua privacidade e projetos particulares, constroem e investem patrimônio movidos pelo amor a seus filhos são excelentes exemplos disto.
Amar é uma tarefa perigosa, não pelo risco da não-correspondência, mas porque amar fragiliza. Fragiliza porque neste processo se abre mão em excesso de coisas consideradas fundamentais para o bem-estar e para a auto-afirmação: Direitos, prerrogativas, brios.
Camões acertadamente discorreu sobre o amor, alegando que ele é "... um não querer mais que bem querer/É cuidar que se ganha em se perder/É querer estar preso por vontade/É servir a quem vence, o vencedor/É ter com quem nos mata lealdade.", nos versos tornados pop por Renato Russo.
Deus, definido como amor, também participa deste ciclo de perdas.
"Glória a Deus nas maiores alturas e paz na Terra aos homens, a quem Ele quer bem" (Lucas 2.18), cantaram os anjos no nascimento de Jesus, considerando o nascimento do Messias uma expressão inquestionável do amor divino para com os homens.
Por quê?
Devido aos elementos que este momento envolve.
A concretização deste momento envolveu o abandono de toda a excelência de vida que Jesus desfrutava em sua glória pré-existente para assumir a existência em forma humana, tornando-se nosso companheiro e representante. "Sendo rico, fez-se pobre", escreveu Paulo (1.ª aos Coríntios 8.9).
Envolveu abrir mão da perfeita adoração recebida pelas hostes celestiais para ver-se cercado pela rejeição da elite religiosa de seu tempo e da incompreensão de seus próprios discípulos – o povo que viera salvar.
Envolveu viver uma vida descentralizada de seu bem-estar pessoal para ministrar a mensagem às necessidades humanas.
Envolveu nível de doação tal que o levou à cruz do Calvário – não como conseqüência, mas como projeto de um Deus Redentor para salvar a humanidade.
“Glória a Deus nas alturas”, cantaram os anjos, porque reconheceram que na manjedoura de Belém iniciava-se o mais importante de uma saga de doação em prol dos “homens a quem Deus quer bem”.
“Deus prova seu amor para conosco em que Cristo Jesus morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”, pondera Paulo (Romanos 5.8). Nas palavras do próprio Jesus: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir, e dar sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10.45).
A Bíblia nos apresenta saga de um Deus amante – e que, portanto, perde – doando-se àqueles a quem ama, em nível supremo, na doação de Seu Filho à humanidade.
Em sua busca amorosa pelos homens a quem Deus quer bem, Deus continua perdendo.
Atualmente, Deus perde Sua credibilidade entre os homens que não aceitam seus métodos.
Zombam de Sua Palavra. Duvidam de Seu amor. Rejeitam a mensagem da cruz. Ou simplesmente se revoltam por não encontrarem nEle a satisfação de seus caprichos pessoais.
O Deus santo constantemente afrontado pelos homens! Por que não acabar logo com a rebeldia humana?
Porque ao abrir mão de suas prerrogativas de vingança, Deus possibilita que a história torna-se o palco da manifestação de Sua misericórdia.
A loucura e a fragilidade de quem ama é superior à sabedoria e falsa força dos homens (1.ª aos Coríntios 1.25).
Há ainda um estranho paradoxo no fato de que o exercício do amor, embora custoso, traz em si uma bem-aventurança. A maior bem-aventurança encontrada em dar amor que receber amor. A bem-aventurança de um estilo de vida que vale a pena. De um estilo de vida que reproduz o caráter de Deus.
Não à toa o Mar Morto possui este nome porque não escoa as águas que afluem para ele, impossibilitando a vida. Nunca doa, apenas recebe...
Ao aceitar o desafio de viver em amor, experimenta-se um salto qualitativo de vida. Um salto que pode ser vivenciado por aqueles que aceitam construir relacionamentos que possuam a perda como sua contrapartida.
Que Deus, em Sua graça, te abençoe de tal forma que você seja sempre receptor de Seu amor e transmissor do mesmo às outras pessoas.