sexta-feira, 29 de abril de 2016

ATOS PROFÉTICOS




Ezequiel foi um profeta que Deus usou de forma dramática para ministrar a um povo rebelde (Ez 2.5):

  • Passou por períodos de mudez (3.26-27), para que ficasse clara a inspiração divina de sua mensagem profética;
  • Teve de deitar-se em redor do mapa de Jerusalém e comer comida “imunda”, simbolizando os horrores do cativeiro (4) ;
  • O corte de seu cabelo foi uma profecia acerca do futuro de Jerusalém (5.1-4);
  • Falou aos montes de Israel (6.1-7);
  • Mudou-se para o lado exterior dos muros da cidade, em representação do exílio (12.1-16);
  • Foi proibido de guardar luto pela esposa, dramatizando como seria rude o tempo do exílio (24.15-24)

Podemos considerar que o ministério de Ezequiel foi marcado por diversos atos proféticos, que seriam profecias visuais, apresentações dramáticas e urgentes da mensagem do Senhor.

É possível citar outros exemplos de atos proféticos no Antigo Testamento: Isaías nu (20.2), Jeremias com um jugo no pescoço (Jr 28.10-13); casamento de Oseias com Gômer (Os 1.1)


Os atos proféticos de Ezequiel e dos demais profetas apresentam as seguintes características: 

  • Foram ordenado por Deus;
  • Eram um anúncios do que Deus iria fazer;
  • Traziam sofrimento ao profeta.

Os atos proféticos do Antigo Testamento são BEM DIFERENTES dos atos proféticos atuais (como toque de Shofar, unções estapafúrdias, hasteamento de bandeiras, enterro de votos, quebra de maldições, demarcação de territórios, etc.): tais atos se resumem a ritualismo proveniente da iniciativa humana, bravatas para a promoção de conquistas, que evidenciam mau entendimento do Antigo Testamento e do Novo Testamento, rompendo com a simplicidade eficaz que há em Cristo (2Co 11.23). 


Além disso, os atos proféticos atuais são danosos em sua promoção de superstição e frustração.

Todavia, não quero ser radical. Existem dois atos proféticos que são previstos no Novo Testamento: Ser perseguido por causa da justiça (Mt 5.10) e dar testemunho de Jesus (Ap 12.17).

Quem se habilita?

quarta-feira, 27 de abril de 2016

SIGO A JESUS, E NÃO DOUTRINAS



A declaração “Sigo a Jesus, e não doutrinas” tem se tornado cada vez mais popular no meio evangélico dentro e fora do Brasil. “Cristianismo é relacionamento com Cristo, e não com um conjunto de doutrinas”, reforçam seus defensores.

Não podemos negar que o cristianismo envolve uma experiência pessoal de relacionamento com Cristo: Ele mesmo se compara à videira verdadeira que traz vida a seus discípulos, que são como varas ligadas a Ele. Paulo fala de si mesmo como um homem em Cristo.

Todavia, embora o slogan “Sigo a Jesus, e não doutrinas” pareça propor o devido resgate da dinâmica místico-relacional do cristianismo, esta ideia representa um risco nocivo para a Igreja: uma proposta de espiritualidade cristã esvaziada de seu conteúdo doutrinário! 

Pois que fundamento existe em opor a pessoa de Cristo ao ensino de Cristo? 

Não é possível ter um relacionamento com Cristo sem levar em consideração o que Cristo ensinou!

Nosso objetivo neste é demonstrar a falta de fundamentação bíblica desta reinterpretação contemporânea e cada vez mais popular da fé cristã, alertando à Igreja quanto a seu perigo.

1. O QUE SÃO DOUTRINAS?
Doutrina (gr. didaskalia) significa ensinamento. A expressão "doutrina cristã" significa que os seguidores de Cristo possuem um conjunto de ensinamentos que lhes foi transmitido e que se comprometem a observá-los, como expressão de sua fé.

O slogan “Sigo a Jesus, e não doutrinas” parece sugerir que Jesus não transmitiu ensinamentos a seus discípulos!

Existem duas espécies de doutrinas: as que ensinam os conteúdos da fé (em quê os cristãos crêem) e as que ensinam a vivência da fé (como os cristãos devem viver). O cristianismo se preocupa tanto com a ortodoxia (crença correta) quanto com a ortopraxia (prática correta). 

Veja dois exemplos:
  • "Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem." (1Co 15.20 - ensino da ortodoxia)
  • "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor." (1Co 15.58 - ensino da ortopraxia)

As doutrinas também podem ser divididas entre si em mais dois grupos:

  • Doutrinas fundamentais da fé cristã: pontos essenciais da mensagem cristã, claramente explicitados pelo ensino das Escrituras, cuja negação consiste em rompimento com a fé cristã ortodoxa. Exemplos:
    • A inspiração e autoridade divina das Escrituras do Antigo e do Novo Testamento;
    • A Trindade;
    • A realidade do pecado e a necessidade de redenção do homem;
    • A encarnação, morte salvadora e ressurreição de Jesus Cristo;
    • A salvação pela graça mediante a fé;
    • A Segunda Vinda de Cristo;
    • A ressurreição;
    • A vida eterna e o juízo eterno.
  • Doutrinas secundárias da fé cristã: pontos da mensagem cristã que não são abordados de maneira direta no ensino das Escrituras, dando margem a interpretações variadas, sendo assim considerados não-essenciais. Negar uma determinada interpretação de uma doutrina secundária não constitui rompimento com a fé cristã ortodoxa, mas rompimento com uma determinada linha teológica. Exemplos:
    • Formas diferentes de ministrar o batismo: aspersão, imersão, ablução;
    • Formas diferentes de compreender a constituição do homem: corpo + alma, corpo + espírito, corpo + alma + espírito;
    • Diferentes formas de compreender a ordem dos eventos finais.


Existem questões também que a Bíblia não fala de forma direta, havendo margem para debate e contextualização (questões de ordem litúrgica, por exemplo).

2. POR QUE ALGUNS SE OPÕEM A DOUTRINAS?

  • Questões culturais: a mentalidade pós-moderna é avessa à ideia de definir, preferindo relativizar a verdade;
  • Questões pessoais: pessoas que sofreram processo de doutrinação traumático, por parte de obreiros que não manejaram corretamente a Palavra de Deus (2Tm 2.15);
  • Questões teológicas: aqueles que creem, de fato, que o aspecto doutrinário do cristianismo é inexistente ou secundário.
3. AFINAL, DOUTRINAS SÃO IMPORTANTES? 

SIM!!

a. A fé está fundamentada na doutrina (1Co 15.3-11; Cl 1.23)
b. A ética depende da doutrina (Sl 119.1)
c. A igreja é chamada a preservar a doutrina (1Tm 3.15; 2Tm 2.2; Jd 3)
d. Não é possível evangelizar sem doutrina (Mt 28.18-20)

Você consegue imaginar as consequências de um "Cristianismo sem doutrina"?

Deus nos livre!