sábado, 24 de dezembro de 2011

ENSEJOS NATALINOS

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ME ENCHES DE VERGONHA, ZACARIAS!

"E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo, e profetizou, dizendo:

Bendito o Senhor Deus de Israel,

Porque visitou e remiu o seu povo,

E nos levantou uma salvação poderosa

Na casa de Davi seu servo.

Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo;

Para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;

Para manifestar misericórdia a nossos pais,

E lembrar-se da sua santa aliança,

E do juramento que jurou a Abraão nosso pai,

De conceder-nos que,

Libertados da mão de nossos inimigos, o serviríamos sem temor,

Em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.

E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo,

Porque hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;

Para dar ao seu povo conhecimento da salvação,

Na remissão dos seus pecados;

Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus,

Com que o oriente do alto nos visitou;

Para iluminar aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte;

A fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz" (Lucas 1.67-79).

O Evangelho de Lucas é minucioso na análise dos eventos que precederam o nascimento de Cristo, relatando os louvores das pessoas que os vivenciaram.

Entre eles está o cântico do velho Zacarias.

Um cântico proferido depois de 9 meses de mudez, com o nascimento do filho que Zacarias havia considerado impossível.

Este cântico é chamado de profecia por Lucas.

Neste cântico, chamado de Benedictus, o sacerdote bendiz a Deus por:

• Seu caráter fiel e misericordioso;

• Sua intervenção na salvadora na história humana;

• O alcance universal desta salvação, incluíndo Israel e as nações.

O que mais chamou minha atenção ao ler o Benedictus, contudo, foi o versículo 75, onde Zacarias anela pelo tempo em que o povo de Deus, livre da opressão de seus inimigos, O serviria em justiça e santidade.

Não estamos sob o jugo de um império militar, cerceando a vida, a fé e a liberdade, como Zacarias estava.

Sendo assim, porque o Senhor não é melhor servido em justiça e santidade?

Por que não se cumpriu o sonho de Zacarias?

Teria Zacarias se esquecido que os inimigos da fé não são externos, mas internos também? Não apenas físicos (carne e sangue), mas espirituais (principados e potestades)?

Teria Zacarias sido ingênuo, no final das contas?

Tosco?

Pobre Zacarias...

?

Não sei – só sei que quanto a mim, que não vivo com a espada romana em minha garganta, sinto vergonha lendo o cântico do velho sacerdote.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

SÉRIE ESCLARECIMENTOS (II): “O FOGO ARDERÁ CONTINUAMENTE SOBRE O ALTAR”

Movido mais pelo dever do que pelo prazer, inicio esta nova série, cujo objetivo principal é debater e desmistificar alguns conceitos que circulam pela igreja e se tornaram lugar comum, seja pela má interpretação de alguns textos bíblicos ou pela força do hábito.



Todo cristão reconhece a necessidade de liderança eclesiástica de qualidade: que os responsáveis pelo povo de Deus sejam exemplos de ortodoxia e piedade.


Um dos textos mais utilizados para defender esta convicção é Levítico 6.13: “O fogo arderá continuamente sobre o altar e não se apagará”.


Um texto totalmente inadequado para expressar o desejo por um púlpito cristão avivado.


O fogo que este texto menciona é o fogo dos holocaustos (sacrifícios totalmente queimados) apresentado para expiação de pecados no período do sacerdócio levítico, no Antigo Testamento.


Ou seja, este é um fogo que, à luz da Nova Aliança e do perfeito sacrifício de Cristo, já se apagou.


Continua apagado.


E nunca mais se acenderá, para a glória de Deus.


Desejar que este fogo esteja aceso é ofensivo ao caráter infinitamente superior da Nova Aliança sobre o sacerdócio levítico (Hebreus 8.6; 10.8-14).


Outra dificuldade (é talvez você discorde comigo neste ponto) é que não existe altar na Igreja Evangélica.


Sei que muitos confundem púlpito com altar – só que altar é lugar de apresentação de sacrifícios – e não existe tal coisa para a Igreja evangélica, que reconhece que o sacrifício de Cristo é perfeito, dispensando repetição; e suficiente, dispensando novidades (Hebreus 7.22-27; 9.11-28), embora eu sei que existem aqueles que realmente crêem, pregam e ensinam que o crente se relaciona com Deus através de seus $acrifício$.


Ainda que a Bíblia fale de apresentar o próprio ser e louvor como sacrifício vivo a Cristo (Rm 12.1; Hb 13.15), o “altar” onde isto acontece é a vivência do dia-a-dia em Cristo – e não dentro de quatro paredes de um templo, em manifestações muitas vezes estereotipadas de espiritualidade.


A Igreja evangélica possui púlpito, e não altar – porque entende que Deus é glorificado e sua missão é cumprida através da pregação e ensino da Palavra de Deus - púlpito este que ocupa lugar central, demonstrando que a Palavra de Deus é o elemento central da fé e prática da Igreja (lembrando que relegar às Escrituras uma posição periférica fatalmente levará à corrupção da Igreja), e posição elevada para deixar claro que acima de qualquer pretensa autoridade humana está a autoridade divina, que provém das Escrituras.


Continuemos desejando, orando e trabalhando por púlpitos avivados, que sejam fonte de bênçãos para a Igreja e para o mundo.


Mas utilizando bases bíblicas adequadas.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

LIÇÕES QUE APRENDI ASSISTINDO À TRILOGIA "O PODEROSO CHEFÃO"


1. A luta pela sobrevivência é brutal, mas não podemos permitir que ela nos embruteça, como ocorreu com os Corleone. As condições adversas de vida não são desculpa para trilhar um caminho de brutalidade, nem isentam você da responsabilidade de fazer escolhas acertadas na vida - e quando fazemos tais escolhas, a despeito da circunstâncias, nosso verdadeiro valor fica provado.

2. É tocante no filme a preocupação dos Corleone em não promover o tráfico de drogas (a família mafiosa explora principalmente o contrabando e, posteriormente, a jogatina), mas tentar ser um "bandido ético" não funciona. Se sou ético, não posso ser bandido. Se sou bandido, não sou ético. E pronto.

3.  As consequências de um estilo de vida edificado sobre a injustiça são inevitáveis e trazem sofrimento a todos. Tais consequências podem ser evitadas apenas com mudanças urgentes e radicais - algo que, infelizmente, a família Corleone protelou por décadas, mantendo seu império, apesar dos anseios do "padrinho" Michael - um anseio, contudo, que não foi imbuído do devido senso de urgência. Sinceridade sem atitude não costuma ser algo muito eficaz.

Caso você ainda não tenha assistido a esta obra-prima do cinema, eu recomendo: vale a pena! A direção de Copolla é excelente, o elenco tem atuações fantásticas (principalmente de Niro e Al Pacino) e, como se diz por aí, quem aprende com os erros dos outros, evitando assim repeti-los, é sábio.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

DESOBEDIÊNCIA AO PÉ DA LETRA

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A INÚTIL FÉ


Debater religião é considerado algo inadequado nos dias atuais.

Em parte, isto ocorre não apenas pelo relativismo vigente que impõe a supremacia do “cada cabeça, uma sentença” (o que acaba tornando-se, ironicamente, em uma forma de absolutismo), mas pelo fato de que para muitas pessoas, a fé é algo inquestionável.

Nesta concepção, o exercício da fé torna uma pessoa isenta de ser indagada a respeito da validade de sua crença – o ato de crer justifica-se a si mesmo e a si mesmo se basta.

Logo, tudo o que importa é crer.

É a institucionalização dos versos de Herbert Viana: “A arte de viver da fé - Só não se sabe fé em quê”.

A contrapartida desta forma de pensar é a rejeição do debate religioso e o ostracismo para aqueles que questionam crenças.

O problema com esta concepção é que não é possível conceder tal autonomia ao ato de crer.

Não é a fé que valida a si mesma.

É objeto da fé que legitima o ato de crer.

Sem direcionar minha fé ao alvo certo, eu posso crer sinceramente... e viver sinceramente enganado.

Que resultados pode tal fé obter?

O ato de crer, dissociado de um objeto de fé que lhe conceda validade, é apenas credulidade.

Então, o segredo não está no ato de crer, mas em quê ou em quem creio.

È por isto que o convite do Evangelho não é para crer, simplesmente.

Mas é sempre um convite a crer em.

Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”. (João 5.24)

Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (João 6.35).

Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna” (João 6.47).

Para Jesus Cristo, a fé não é inquestionável, nem tampouco assunto de foro íntimo. 

Pelo contrário: porque a fé não pode existir de forma autônoma, e nem ser autojustificada, Jesus convoca pessoas a tornarem-nO o objeto de sua fé. .

E quando Jesus Cristo é o objeto da fé, este se torna o Senhor do ato de crer.

E na condição de Senhor do ato de crer, ele irá determinar como crer nEle – ou seja, o estilo de vida que a fé em Seu nome implicará.

Sim, pois não ignoro que existe também a credulidade voltada a Jesus Cristo – mas que, por ser insubmissa a Ele, é igualmente fútil e desqualificada.

E assim, sob (e somente) o senhorio de Cristo, a fé é qualificada (em ato, essência e vivência), podendo ser considerada o meio de vida do justo.

E agora podendo ser considerada um exercício útil.