PAULO MALUF
"Falem mal, mas falem de mim" é um dos muitos lemas do famigerado "rouba, mas faz" (aquilo que, em períodos de menor conscientização, os brasileiros entendem como o perfil de um bom político).
Apesar dos pesares, Maluf acerta nesta expressão, dando-nos uma relevante lição acerca da necessidadede não dependermos excessivamente da imagem que terceiros fazem de nós para construirmos nossa auto-imagem.
A psicologia (em especial a psicanálise) tem destacado que muitas obsessões modernas (aparência, peso, vestes, sucesso econômico) estão antes relacionados à necessidade de causar uma boa impressão em terceiros do que a uma necessidade real do indivíduo - ou seja, queremos que falem bem de nós.
A Psicanálise afirma que isto é um resquício nostálgico da infância, da experiência que o recém-nascido tem de ser especial aos olhos de sua mãe - uma experiência que o ser humano deseja recuperar ao longo de sua vida.
Depender excessivamente da opinião de terceiros é sinal de falta de amadurecimento...
Não nego que a comunidade cristã seja um lugar de cuidado mútuo, que requer prestação de contas mútua de todos seus membros. Devemos nos preocupar com o que falam de nós na medida em que isto satisfaça a necessidade de prestar contas acerca de nosso testemunho cristão à Igreja, porque não nos é lícito causar escândalo ao Evangelho.
Todavia, nem tudo o que falam de nós é justo - e, pior, não podemos impedir que falem.
Mas, em contrapartida, nosso matreiro político nos ensina que não temos que concordar com o que falam, cabendo a nós decidir o nível de importância que daremos a estas palavras - que, em certos casos, pode ser nenhuma importância.
Somente Deus sempre terá as palavras certas para falar acerca de nós - elogiosas ou repreensivas; elogiosas como um incentivo à gratidão humilde, e repreensivas para que melhoremos, não estagnando nossas vidas na conformidade com o erro, mas somente as palavras dEle merecem nossa atenção e aceitação incondicional, posto que são sempre verdadeiras e expressam aceitação, nunca rejeição.
Diante dos homens, todavia, será necessário "malufar" de vez em quando - para o bem de nossa própria saúde interior.
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PS: Mas nada disto é um incentivo para você votar no Maluf, OK?