domingo, 14 de março de 2010

QUEM PRECISA DE FADAS?



Os contos de fadas remetem a tradições folclóricas muito antigas, a maior parte delas,com pano de fundo medieval.

São histórias de pobres homens e mulheres (órfãos, camponeses, em resumo, “zés-ninguém”) sem espaço na vida que conseguiam reverter o destino que a lógica os reservava e encontravam seu final feliz, inspirando e consolando assim aqueles que tinham de se contentar com a dura realidade de um mundo injusto.

A estrutura básica de um conto de fadas é a seguinte: apresentação do dilema do protagonista, surgimento de uma intervenção sobrenatural que o capacita a vencer seus infortúnios, sua felicidade sem fim e a punição dos maus.

Acho interessante que a maioria dos contos de fadas menciona o sobrenatural, mas não menciona Deus – principalmente se levarmos em conta que eles são oriundos de um período em que a visão de mundo da sociedade era teológica, ou seja, com Deus ocupando o centro do pensamento e da cultura.

Por quê?

Seria Deus insuficiente para reverter os infortúnios da vida?

Não pense você que quero fazer uma crítica áspera à fantasia humana como tal: nós temos a necessidade de transcender a realidade que sabemos imperfeita, e isto nos faz sonhar com encanto e beleza, realização e felicidade pessoal, heróis que triunfam e a vitória do bem sobre o mal. Tudo isto faz parte do anseio pela eternidade que está no coração de todo ser humano, colocado nele por Deus, que criou o homem à Sua imagem e semelhança assim o reclama para Si (Eclesiastes 3.11).

Apenas estou intrigado pelo fato de Deus não aparecer nos contos de fada medievais!

Quero apresentar apenas duas proposições, que podem fucionar como possíveis explicações para o fenômeno e também como dicas para apurarmos nossa reflexão:




  1. Uma cosmovisão teológica não garante necesariamente uma vida de fé e maturidade por parte dos indivíduos que compõem esta sociedade. Ou seja, a questão não é apenas falar de Deus, mas como Deus é compreendido: será que eu vejo a Deus como Alguém interessado em mim e em minha história pessoal (incluindo meus sofrimentos), tal como a Bíblia o apresenta ou O vejo como uma entidade fria e distante ao qual devo dirigir ritos periódicos? Se assim for, Deus não me significará esperança. Devemos compreender que Deus anseia participar de nossa história de vida, e que Ele considera relevantes nossos fracassos, sucessos, atitudes e valores.



  2. Nós somos imediatistas. E não gostamos que Deus não o seja. Por isso é mais agradável conceber um mundo em que o sobrenatural aja em nosso tempo, de acordo com nossa vontade – o que torna uma fada madrinha mais atraente que o próprio Deus. As fadas são uma forma de fantasiar sobre o sobrenatural. Queremos a solução de nossos problemas já. Devemos compreender que Deus anseia trazer-nos o livramento de nossos males, mas usando seus métodos, em seu tempo. Você é capaz de confiar em Deus e no sábio uso de seus métodos? Isto se chama .

    Não quero que você jogue fora seus livros de contos de fada, queime-os ou faça coisa parecida. Não é esta a intenção deste artigo. Podemos brincar, fantasiar e sonhar. 

    Mas faremos isto de forma saudável se jamais esquecermos que Deus é quem nos proporcionará um final feliz.

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