sábado, 29 de agosto de 2009

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O CASO DA UNIVERSAL


Recebi algumas sugestões (inclusive de minha esposa) de abordar, aqui no blog, o recente escândalo envolvendo a denúncia sobre o esquema de lavagem de dinheiro da Igreja Universal do Reino de Deus.

Gostaria apenas de apresentar algumas sugestões que creio serem relevantes para melhor nortear nossa conduta diante deste assunto tão pouco edificante:

1. O fator de menor importância de toda esta história é se existem interesses escusos por parte da Rede Globo de televisão, que se aproveitaria da denúncia e investigação no intuito de derrubar a emissora rival, Record. Concentre-mo-nos nos fatos. No desvio do dinheiro dos fiéis para fins próprios. A nós interessa o cumprimento da justiça. Deixe os mortos enterrarem seus mortos.


2. Creio que a melhor (e mais urgente!) postura que podemos apresentar para a sociedade é a de que nosso senso de justiça não é corrompido por uma mentalidade corporativista, capaz de fazer vista grossa àquilo que os "irmãos" fazem, em nome de uma pretensa unidade evangélica. Fatos são fatos. E estão aí para serem apurados. Se Macedo e seus companheiros são inocentes, podem recorrer aos meios legais para se defenderem. Se culpados, devem prestar contas do que fizaram. Um criminoso deve responder por seus crimes, independentemente de sua confissão religiosa. Assim nossa pregação sobre justiça não vai parecer papo furado.


3. Devemos mostrar também que somos capazes de agir com discernimento, sabendo que dentro da instituição Igreja Universal do Reino de Deus existem obreiros e pessoas sinceras, que servem a Deus com seriedade – e expor isto para a sociedade. A história de Samuel é um exemplo de que, mesmo em um ambiente eclesiástico corrompido, é possível caminhar com Deus de forma íntegra.


4. Todavia, isto não nos isenta de usarmos (ou continuar usando, para alguns) nosso senso crítico em relação aos desvios doutrinários e práticas controvertidas da referida igreja, com maior clareza e explicitude, de forma que fique patente ao público nossas convicções bíblicas acerca do Evangelho de Jesus Cristo, e assim o anunciemos através de nosso não-conformismo.


5. E, finalmente, deixar claro que, mesmo apurados os fatos, verificada a culpa dos acusados e declarada sua sentença, se Edir Macedo e todos seus comparsas manifestarem arrependimento genuíno, com o abandono das velhas práticas e legítimo desejo de mudança de vida... poderão contar com o perdão e acolhimento da Igreja.


Pois, aí sim, terão agido verdadeiramente como irmãos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

OBRIGADO, DEUS, POR EU VIVER EM SEU MUNDO


Pense na eternidade passada.

Pense em Deus Pai, Filho e Espírito Santo vivendo em perfeita harmonia, comunhão e alegria.
Que tipo de contribuição poderíamos trazer a este estado de bem-aventurança?
O Deus triúno, completo em Si mesmo, de nada carece.

Ele é absoluto em si mesmo.


Somente Ele existe na acepção mais profunda da palavra - nossa realidade deriva-se da realidade dEle.

E ainda assim, ele decidiu livremente que fizéssemos parte de Sua história
O Deus que conhecia a perfeita felicidade decidiu deleitar-se nos seres que criaria.

(Ou decidira criar seres para poder lhes proporcionar a oportunidade de conhecer o perfeito deleite que Ele possui em Si mesmo?)
A criação do mundo prova que não estamos aqui por acaso e que avida tem um propósito.
Você foi desejado por Deus.

Você é amado no sentido mais profundo da palavra.

"Nossa" história é apenas um pequeno parêntese na própria história de Deus.

O "nosso" mundo é o mundo de Deus, para nós preparado e por nós maculado.

"Nosso" talento é expressão da imagem de Deus em nós.

"Nosso" tempo é simplesmente as oportunidades que Deus tem nos dado para fazer da vida algo belo e significativo, com perspectivas à eternidade, e não se meramente ao temporal.

Você ainda acha mesmo que "aceitar Jesus" significa dar uma chance para Deus entrar em sua vida?


Ele é quem tem nos dado todas as chances a nós!


E, se a "nossa" vida deixar um pouco mais de ser "nossa" (pois na verdade não é!), em reconhecimento agradecido que dEle a derivamos, bem como todas as demais coisas, saberemos dar valor à ruptura que Deus quis fazer em Sua história perfeita por amor a nós.

domingo, 23 de agosto de 2009

VOCÊ ESTÁ PREOCUPADO COM Ó PAI, Ó?


A minissérie Ó pai, ó, exibida pela Rede Globo, tem sido motivo de muitos comentários recentes devido à divulgação que sua próxima temporada terá como personagem um pastor desonesto, que desvia o dízimo dos fiéis.

Que a Igreja evangélica deve pensar disto?

Sem dúvida, é triste viver sob o signo de um estereótipo. Há profissões e grupos sociais que carregam consigo clichês insuportáveis (policiais, enfermeiras, políticos), que menosprezam a seriedade das pessoas que pertencem a tais grupos e que não fazem jus à imagem generalizadora dos estereótipos. É o que ocorre com os pastores e evangélicos em geral, sendo que muitos destes preconceitos são alimentados pela própria postura da mídia.

O grande público ignora que a grande parte dos pastores brasileiros vive em condições humildes, exercendo seu ministério de forma quase voluntária, sem contarem com o devido e justo respaldo financeiro de suas respectivas igrejas. E que também, ao contrário do que se pensa, existe vida inteligente sentada nos bancos das igrejas, capaz de criticar e se opor aos vendilhões da fé.

Isto deveria levar a igreja evangélica a se mobilizar contra a rede Globo e a exibição de Ó pai, ó?

Não.

Ó pai, ó é uma história. Com “h” minúsculo. É uma obra de ficção. E como obra de ficção possui como função realizar a crônica de seu tempo. Sendo assim, ela apresenta recortes da realidade e de seus tipos (bons e maus), cabendo ao leitor/telespectador extrair e fazer suas próprias conclusões a partir dos exemplos hipotéticos apresentados.

Sendo assim, podemos falar de obras que expõem aspectos negativos da polícia (Tropa de Elite), ou do catolicismo romano (O Pagador de Promessas), por exemplo. Tais narrativas têm uma função ilustrativa, requerendo a posterior reflexão de quem as lê ou assiste. Uma mentalidade proibitiva surge de se ignorar este fato.

Há não muito tempo atrás, uma novela da Rede Globo foi acusada de racismo devido à postura racista de um de seus personagens. A organização que moveu a queixa não compreendeu que, através de um exemplo ficcional, é possível que o telespectador compreenda como é odioso o racismo e se oponha a ele.

Mas, você pode estar se perguntando, você não acredita que o diabo pode usar esta minissérie para reforçar os preconceitos que a sociedade já possui contra os evangélicos?

Sem dúvida.

Muitos telespectadores não utilizam a ficção como um subsídio para repensar a realidade. Preferem a zona de conforto das generalizações e dos estereótipos.

Mas também creio que DEUS também pode usar esta minissérie para despertar o repúdio da Igreja e da sociedade contra os criminosos da fé, levando as pessoas terem desejo de conhecerem o Evangelho legítimo, através de pessoas e locais que o pregam com seriedade.

Se não gostar de Ó pai, ó, desligue a TV ou mude de canal. Mas, por favor, não faça tempestade em copo d’água.

(PS: Apesar de tudo que falei sobre crônica ficcional como retratos da realidade, há algo que eu NUNCA espero ver na TV: uma caracterização fidedigna do cristão que teme a Deus e o serve. Isto não é possível de ser feito por quem não compreende e aceita as verdades espirituais – leia 1.ª aos Coríntios, capítulo 2, versículos 14 e 15. O local correto para buscar e encontrar tal retrato é nas páginas das Escrituras e dentro da comunidade dos fiéis.)

sábado, 15 de agosto de 2009

DESAFIO FUNESTO


Quero desafiar você a excluir Deus da sua vida por um dia.

Em primeiro lugar, acorde de manhã cedo e não cogite a hipótese de dar graças por mais um dia de vida. Da mesma forma, não pense em agradecer pelo pão que você tem sobre sua mesa.

Ao sair para o trabalho, entenda que você está indo para um dia de conquista do necessário para sua sobrevivência, e que para isto você é totalmente auto-suficiente: descarte a idéia de um Deus que concede saúde e abre portas.

Durante o almoço, repita o mesmo procedimento do café da manhã.

Não pronuncie a expressão “Meu Deus” em hipótese nenhuma, mesmo quando você levar um simples susto ou correr algum perigo – nem se detenha para pensar em como Deus, mesmo que de formas tão corriqueiras, está tão presente no dia-a-dia.

Despreocupe-se com a moralidade de suas ações – afinal, não há um Deus santo para prestar contas delas. Satisfaça seus apetites. Peque o que não é seu. Minta. Traia. Manipule. Extrapole. Apenas não reclame se, no seu mundo sem Deus, os outros também fizerem isso com você.

No caminho de volta para casa, tente ignorar os templos religiosos construídos no trajeto: faça de conta que eles não existem. E aproveite para fazer de conta também que não existe toda arte produzida por aqueles que amaram a Deus, bem como os hospitais, orfanatos e todas as outras instituições beneméritas que tiveram sua inspiração no mandamento divino de amar o próximo. Certamente a paisagem ficará mais vazia...
(Também aproveite para não permitir que nenhum sentimento de transcendentalidade invada você diante de um pôr-do-sol ou qualquer aspecto da natureza digno de admiração que você contemplar pelo caminho.)

Ao pensar no futuro, não se preocupe por não conseguir enxergar sentido na vida: afinal, tudo resume-se simplesmente em comer, beber, assistir TV, trabalhar e acumular bens até o dia da morte. Também não espere encontrar melhores resultados quando meditar sobre a origem da vida.

E, se tudo parecer vão e insuportável, e você sentir uma enorme solidão e um grande vazio no peito, desejando recorrer a Alguém que possa te amparar e orientar ... agüente firme! Vire para o canto e vá dormir!

E, finalmente, tendo realizado esta simulação, após passar um dia como este, responda: o que te daria motivação para levantar no dia seguinte se você decidisse manter este estilo de vida?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

SOBRE CHICLETES E COMPROMISSOS


Não vou revelar em que igreja isto ocorreu. Apenas quero expressar meu constrangimento com o ocorrido.

Ao participar de uma reunião, coloquei minha mão sob o assento da cadeira (de boa qualidade, obviamente custeada pelo dinheiro dos fiéis, que adquiriram o utensílio com o intuito de melhor equipar a casa de Deus) e encontrei ali um chiclete grudado.

Após o asco, e a preocupação e lavar as mãos, veio a indignação com o ato de vandalismo.

Nunca propus nenhuma espécie de perfeccionismo cristão e sempre denunciei a falibilidade de tal idéia, tanto dentro como fora da Igreja.

Todavia, encontrar um chiclete colado sob o assento da cadeira por um crente já é avacalhação demais!
(PS: O ocorrido não foi na parte do templo aberta ao público, mas em uma sala de reunião, onde apenas os membros possuem acesso.)
A nossa imperfeição e limitação não altera o fato de que temos um compromisso com a excelência, o que torna nossa vida uma jornada (desafiadora) de superação constante.

E certos hábitos e atitudes, de tão elementarmente toscos que são, já deveriam há muito ter sido superados entre a cristandade.

Que as centenas de copos plásticos e guardanapos jogados pelos templos nos finais de culto digam que estou mentindo!

Escrevo este artigo movido por uma mescla de indignação e também de medo.
Indignação pela demora quanto ao amadureceimento em coisas tão simples.
E medo do que pode acontecer se aqueles que são chamados à excelência se contentarem com a mediocridade.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

QUANDO RIR SE TORNA O PIOR VENENO


O povo brasileiro é conhecido mundialmente por seu bom humor. Rimos mesmo quando temos problemas.

Torna-se preocupante, porém, o fato de costumeiramente rirmos de nossos problemas. Utilizar o deboche diante de situações que demandam soluções que requerem seriedade e reflexão é escapismo da pior espécie; uma forma de transformar o riso em um novo tipo de ópio.

Atualmente é exibido na televisão um comercial de cerveja onde um grupo de amigos em uma roda de pagode zombam das advertências de uma mulher sobre a crise mundial.

Para o brasileiro, a leviandade é uma virtude.

Diogo Mainardi escreveu que teria sido um ato de decência cancelar o carnaval no Rio de Janeiro em 2007, como forma de protestar contra a morte de João Hélio, semanas antes. E, no entanto, todos sambaram no mesmo cenário da barbárie.

Marta Suplicy será eternamente lembrada por um momento de infeliz falta de sensibilidade humorística.

Há sabedoria na música popular que diz que rir é bom, mas rir de tudo é desespero.

Ao contrário do que se pensa, a Bíblia Sagrada estimula e incentiva a alegria e o bom humor. Diversas passagens narram o júbilo divino (Sofonias 3.17; Lucas 10.21; 15. 7, 10; Hb 12.2). Um dos frutos do Espírito Santo é a alegria (Gálatas 5.22), que também apresentada como um mandamento (Filipenses 3.1; 4.4).

Todavia, as Escrituras reprovam severamente estabelecer uma mentalidade leviana como rota de fuga para os momentos difíceis da vida (Eclesiastes 7.2-6).

Este tipo de riso configura-se em uma postura de covardia diante da vida.

A alegria verdadeira não aposenta o intelecto, nem tampouco diminui o senso de urgência diante das necessidades da realidade.

Apenas a título de curiosidade: na teoria clássica do teatro grego, a diferença entre a tragédia e a comédia consiste em que o primeiro gênero apresenta a agrura e a impotência do homem diante da vida.


E o segundo gênero realiza precisamente a mesma coisa... mas convidando o espectador a rir desta situação.

Seria cômico... se não fosse trágico.