Com o senso de descoberta próprio das crianças meu filho Rafael, de 5 anos, veio relatar-me que nas cédulas de real está escrita a frase "Deus seja louvado".
O evento deixou-me pensativo, por te me dado ensejo a algumas reflexões:
Em primeiro lugar, sobre o funcionamento das instituições neste país: definindo-se como laico, o Estado brasileiro afirma não ser de sua alçada versar sobre questões religiosas. Isto é afirmado constitucionalmente. Sendo assim, como é que o mesmo Estado laico utiliza papel-moeda capaz de ferir os princípios religiosos de grande parte de seus cidadãos? Budistas e ateus certamente sentem-se desconfortáveis com as cédulas que têm de utilizar obrigatoriamente, cuja inscrição é incompatível com suas crenças.
Além disso, a que deus esta frase está se referindo? O Deus da tradição judaica, judaico-cristã ou judaico-cristã-islâmica? Um deus afro?
Tupã?
Zeus?
O Estado brasileiro é incapaz de responder a esta pergunta enquanto estado laico – e, se a responder, deixará de ser um estado laico – definir Deus e incentivar seu louvor é característico do Estado teocrático, um papel que o Brasil não deseja assumir.
Este é mais um pequeno exemplo da inconsistência e incoerência de nossas instituições.
Em segundo lugar, questiono-me acerca do propósito de tal frase nas cédulas. Não sei a inscrição "Deus seja louvado" é imitação do In God We Trust dos americanos (nossa tendência de imitar e valorizar o produto estrangeiro?). Alguns acreditam que tanto as notas de dólar como as de Real, trazem inscrições religiosas de influência maçônica, cuja menção ao Deus bíblico é apenas aparente, sendo a referência, de fato, ao deus GADU dos maçons.
Não preocupo-me com esta última questão, porque ainda que seja verdadeira, não é este o significado que o povo atribui a estas notas quando estão em suas mãos e lê o que nelas está inscrito – o povo pensa no Deus bíblico (sendo assim, a "sabotagem" maçônica vai por água abaixo). A questão é: inscrevendo "Deus seja louvado" no papel-moeda, o Estado brasileiro demonstra parecer estar interessado em promover o louvor a Deus e uma vida de piedade entre seus cidadãos.
Sendo assim, para melhor alcançar este objetivo, por que ao invés de imprimir nas cédulas esta inscrição, o mesmo não é feito nas repartições públicas? Ao iniciarem-se as sessões do legislativo? Por que ela também não é timbrada nos papéis oficiais? Já pensou se, antes de assinar qualquer projeto de lei, contrato ou licitação, nossos parlamentares tivesse diante de si a expressão "Deus seja louvado"? Não seria isto um incentivo para a diminuição das maracutaias oficiais?
Deveríamos ver no Congresso uma perfeita expressão de devoção e temor a Deus, caso a intenção expressa no papel-moeda seja legítima. A obediência ao grande mandamento de amar a Deus, não teria como conseqüência o amor ao próximo (povo), que se veria menos lesado (ou pilhado?) tal como é hoje.
Como as coisas não são assim, parece-me mais um exemplo de leviandade religiosa o uso desta frase em nossas cédulas, sendo mais um exemplo típico de uma religiosidade inconseqüente e superficial, que usa em vão e supersticiosamente o nome do Senhor.
E, para finalizar, não poderia deixar de mencionar que o uso da frase "Deus seja louvado" em nossas cédulas acaba se tornando um irônico reflexo (ou expressão inconsciente? Freud explica!?) da "fé" (devidamente alimentada pelos conceitos da Teologia da Prosperidade), onde Deus é louvado (ou seja, existe a lembrança de louvá-Lo)... quando se tem dinheiro nas mãos!
Que diferença em relação à fé do profeta Habacuque (cap. 3.17-18):
Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação.
No livro do mesmo profeta é afirmado que esta fé, que mantém inabalável confiança no Deus redentor, reconhecendo-O como soberano na História, seja diante da bonança ou da catástrofe, torna um homem justo (cap.2.4).
Lamentavelmente, enquanto aquilo que nossa falamos, pensamos e escrevemos sobre Deus não for revisto e levado a sério, indo além da superficialidade, não temos condições de louvá-lO verdadeiramente. Deus não se satisfaz com uma religiosidade de chavões.
E nem com a falsa devoção que, usando seu nome, promove a adoração a Mamom.
eu fico com a pureza do evangelho. entre muitas contestações, se é ou não é uma afirmação de louvor a Deus, precisamos olhar de uma forma mais apurada ao q/ esta ocorrendo a nossa volta(mundo evangélico). Ha quem diga q/ o dia da proclamação da republica foi atribuída a fundação da maçonaria, e a imagem ou a figura q/ se vê na cédula de um real diz respeito a maçonaria. Verdade ou mentira, veja em q/ os cristãos se tornaram, como diz em Timóteo: amantes de si mesmo,falsos pastores, falsos profetas,falsos ministros, o nome de Jesus virou objeto de merchandising,para alimentarem suas paixões avarentas. Primemos pela verdade do evangelho de Cristo, por sua singeleza,por seu verdadeiro significado e objetivo. Sem se dar conta quantos de nos estamos, ou nos tornamos escravo do dinheiro e das suas implicações. Igrejas q/ se tornaram bancos depositários, enquanto uma massa vive a deriva, a mendigar,e é uma vergonha aos q/ se dizem Cristãos, quando os espiritas e entidades camufladas de uma espiritualidade excepcional, prestam assistencia de diversas formas. Onde esta a igreja dos tempos da perseguição? Estão criando fortalezas,templos exuberantes,riquezas p/ si. Vos pergunto? Sera q/ não é este deus que estão aclamando ser louvado? o deus mamon?
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