Existem pressupostos que compõem posturas diante da vida que são incompatíveis com o cristianismo.
Sendo assim, gostaria de fazer uma crítica das posturas conhecidas como otimismo e pessimismo, abordando a inadequação de seus pressupostos e sua total discrepância com a cosmovisão cristã - embora, para alguns, o otimismo e o pessimismo possuam compatibilidade com a fé cristã.
Encarar a vida a partir de uma perspectiva otimista significa sujeitá-la ao fatalismo do "tudo vai dar certo". Realmente, este tipo de leitura da realidade é "fatal" em sacrificar todo tipo de racionalidade: por não apontar os meios pelos quais se possa esperar que tudo dê certo, por não definir o conceito de certo e nem tampouco dizer para quem as coisas estarão certas!
O otimista deve possuir uma base que justifique sua crença infundada. Geralmente o nome que esta esperança recebe é "pensamento positivo", ou seja: considerar como real ou, pelo menos, inculcar a idéia de que se tornarão reais os conceitos de minha mente - não importa quão desvairados os descabidos possam ser!
Precisamente neste ponto reside o maior perigo do otimismo, pois comumente se confunde pensamento positivo com fé. A fé cristã não é fundamentada em pensamentos humanos (mesmo pensamentos “religiosos” humanos), mas confiança e esperança depositadas em Deus.
A postura de vida otimista não é uma alternativa viável para o cristão por ser mais uma forma de promover a idolatria do eu.
Já o pessimismo deve ser rejeitado por ser uma tentativa de enxergar a História como pronta e acabada. Tira de Deus a prerrogativa de conduzir o curso dos fatos, confiando em conclusões limitadas sobre a vida e sobre o tempo. A visão do pessimista rouba de Deus Sua soberania, vedando-Lhe o acesso à realidade, não admitindo a possibilidade do milagre e nem tampouco da ação responsável dos homens.
Formas "piedosas" de pessimismo são as manifestações radicais e letárgicas de ascetismo, que não consegue enxergar a possibilidade de promover o maior bem possível neste mundo durante o intervalo entre a Primeira e Segunda Vinda de Cristo como um dos elementos que confere urgência à missão cristã, desenvolvendo um cristianismo apático, insensível e isolado em si mesmo.
O otimismo é a alienação em torno do sim; o pessimismo faz o mesmo em torno do não.
A proposta da fé diferencia-se tanto do otimismo quanto do pessimismo por ter Deus como fundamento – em Seu caráter, em Sua veracidade, em Suas promessas. “O justo viverá pela fé” (Romanos 1.17; Hebreus 10.38) não é a descrição de um otimista, mas de alguém que caminha nesta vida confessando sua total dependência de Deus, produzindo em obediência para glória de Seu nome e repousando em Suas promessas, certo da santidade do caráter de quem tem crido (2 Timóteo 1.12), exposta de forma suprema na oferta de Jesus a favor de sua vida (Romanos 5.8; compare com Gálatas 2.20). A fé sabe esperar em Deus e reconhece que Ele trabalha (muitas vezes misteriosamente) a favor dos que nEle esperam (Isaías 64.4), sabendo enxergar além dos revezes imediatos da vida e olhar o futuro, sej qual for, com confiança.
A fé, por ter Deus como fundamento, sustenta o ser tanto diante do sim como do não.
E quanto à terceira postura? Bem, à luz da vida e dos fatos, diante da inadequação do otimismo e do pessimismo, só posso concluir concluir que a vida de fé é a única maneira de ter uma postura de vida adequada, ou seja, REALISTA.