“Conheçamos e prossigamos em conhecer o SENHOR: como
a alva, será a sua saída; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que
rega a terra” (Oséias 6.3).
O que torna triste este versículo – que tem sido largamente
utilizado como tema de canções e congressos pela igreja brasileira?
O que torna triste este versículo – que expressa um anelo
nobre e que deve, sem sombra de dúvida, ser endossado: o de conhecer de forma
crescente e contínua a Deus?
O que torna triste este versículo – escrito pelo profeta que
exemplificou em sua vida pessoal a intensidade e fidelidade do relacionamento
de amor Deus com Seu povo?
O que torna triste este versículo – que faz parte do rol dos
chamados “versículos conhecidos” da Bíblia Sagrada (sem dúvida um status
privilegiado para este texto, levando em consideração o atual índice de
analfabetismo bíblico)?
O que torna tão triste este versículo é o seu contexto – ou,
de forma mais precisa, o versículo seguinte:
“Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque a
vossa beneficência é como a nuvem da manhã e como o orvalho da
madrugada, que cedo passa” (Oséias 6.4).
Deus não se enganou pelas belas palavras daqueles que, desde
o versículo 1, falavam sobre conversão e restauração. Deus conhecia o coração
deles.
Era fogo de palha – e, para Deus, fogo de palha é fogo
estranho.
Oséias 6.3 é simplesmente o registro de uma grande
fanfarronice de Israel.
Uma fanfarronice que dá testemunho da justiça do julgamento
executado por Deus, conforme relata o versículo 5. E é triste ver que o Deus que julgou a
dissimulação de Seu povo tinha como anseio justamente ser conhecido
por ele (versículo 6), em um relacionamento ortodoxo e ortoprático – mas Seu
povo teimosamente preferia se ater a uma religiosidade hipócrita,
insensível e ritualística, sofrendo as consequências disto.
O que torna Oséias 6.3 o versículo mais triste da Bíblia é
constatar que a nobre intenção do versículo, expressa em tão belas palavras,
não foi cumprida.
Que possamos fazer melhor.
Deus não é o Capitão Nascimento, mas certamente já
está farto de fanfarronice. Mesmo daquelas expressas com as palavras mais belas
.