Qualquer cristão que já tentou compartilhar sua fé através da pregação do Evangelho já passou por situações difíceis e inusitadas, podendo relatar diversas experiências.
Sim, pois dada a dureza natural do coração humano, a evangelização é um ministério extremamente árduo, que somente consegue obter êxito pelo poder do Espírito Santo, que torna as pessoas receptíveis à mensagem do Evangelho.
Hoje em dia, porém, o ministério de Evangelismo pessoal se depara com uma nova realidade: graças ao acesso à mídia e ao crescimento do evangelicalismo no Brasil, raramente anunciamos a fé a pessoas que não disponham de informações prévias sobre o cristianismo.
O único problema é quando estas informações não ajudam a pessoa a formar um conceito sadio sobre o Evangelho e a natureza da Igreja (muitas vezes porque as próprias informações originais não apresentam um conceito sadio sobre o Evangelho e a natureza da Igreja), levando-as, antes, a formarem preconceitos.
Sendo assim, o trabalho de Evangelismo pessoal consiste em grande medida, de plantar a semente do Evangelho, arrancando as ervas daninhas oriundas do falso evangelho.
É evangelizar desevangelizando!
Hoje em dia, se faz necessário, ao apresentar o Evangelho, tirar da cabeça das pessoas a ideia de que queremos o dinheiro dela, pois esta é uma ideia errônea, que se constitui em um obstáculo à fé.
Também se faz necessário explicar, como adendo, que o relacionamento com Deus não é mediado através do dinheiro, esta é uma ideia errônea, que se constitui em um obstáculo à fé, mas através de Jesus Cristo.
Hoje em dia, se faz necessário, ao apresentar o Evangelho, tirar da cabeça das pessoas a ideia de que pastores vivem uma vida cheia de regalias, pois esta é uma ideia errônea, que se constitui em um obstáculo à fé, falando-lhes a verdade de que os pastores brasileiros, em sua maioria, são pessoas íntegras que servem a Deus e à Igreja por amor, com enorme desprendimento e sacrifício pessoais e muito pouco reconhecimento.
Hoje em dia, se faz necessário, ao apresentar o Evangelho, tirar da cabeça das pessoas a ideia de que a Igreja é uma elite, um grupo de pessoas que se aacha superior às demais, pois esta é uma ideia errônea, que se constitui em um obstáculo à fé, visto que a Igreja é uma comunhão de pessoas humilhadas, que reconhecem sua fragilidade diante de Deus e dos homens, percorrendo assim, com lágrimas e esperança, o caminho do aprimoramento no discipulado cristão.
Hoje em dia, se faz necessário, ao apresentar o Evangelho, tirar da cabeça das pessoas a ideia de que nossas diferenças com outras confissões religiosas seja meramente uma questão de implicância pessoal, esta é uma ideia errônea, que se constitui em um obstáculo à fé porque desconsidera a seriedade das questões teológicas, do fato de que Deus deixou testemunho de Si mesmo em sua palavra, não nos deixando num vácuo religioso relativista.
Hoje em dia, se faz necessário, ao apresentar o Evangelho, tirar da cabeça das pessoas a ideia de ser cristão é uma questão de estética, resumindo-se a saias, cortes de cabelos e afins: esta é uma ideia errônea, que se constitui em um obstáculo à fé, minimizando a profundidade da experiência espiritual cristã, reduzindo-a ao nível de regras humanas.
Hoje em dia, se faz necessário, ao apresentar o Evangelho, tirar da cabeça das pessoas a ideia de que simplesmente as estamos chamando para ir à igreja, pois esta é uma ideia errônea, que se constitui em um obstáculo à fé ao apresentar o ritualismo como substituto da comunhão com o Deus vivo, que se dá em 7 dias da semana e 24 horas por dia.
Hoje em dia, se faz necessário, ao apresentar o Evangelho, tirar da cabeça das pessoas a ideia de que a Bíblia é machista: não, a verdade é que existem cristãos machistas.
Hoje em dia, se faz necessário, ao apresentar o Evangelho, tirar da cabeça das pessoas a ideia de que o Evangelho é alienação e a Igreja um local de lavagem cerebral, esta é uma ideia errônea, que se constitui em um obstáculo à fé apresentada na Bíblia como emancipadora, formadora de indivíduos conscientes e críticos.
A lista ainda poderia se estender muito... mas o que desanima não é o fato de realizar uma abordagem dupla no evangelismo contemporâneo (“evangelizar desevangelizando”), afinal, o exercício da apologética faz parte da evangelização.
O que desanima é a quantidade absurda de vezes que isso se tem feito necessário!
Sinal que hoje em dia as pessoas não tem recebido informações prévias sobre o Evangelho corretas (via rádio, TV, contato com outros cristãos), e/ou têm se abstido de refletir com mais profundidade para construir conceitos coerentes sobre o assunto mais importante da existência humana: o relacionamento com Deus.