segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DENÚNCIA (II)

Não esperava ter de retomar esta série tão cedo, mas não posso deixar de me pronunciar sobre acontecimentos como este.

O texto abaixo é transcrição literal da Revista Época, n.º 649, de 25 de outubro de 2010, pág. 40.

"PACOTE RELIGIOSO

EMPRESAS de marketing evangélico surgiram nos bastidores do segundo turno para pedir dinheiro em troca de um pacote eleitoral que inclui DVDs, pregação em templo e artistas capazes de pedir votos no meio de um show. Até o domingo da eleição, será possível conferir quem fez negócio".

Lamentável  ver como Mamom, e não Cristo, tem determinado a postura política e o estilo de vida de alguns segmentos da igreja.

OPONHA-SE A ISTO, como um ato de defesa dos valores do Reino de Deus e não-conformismo ao avanço da corrupção dentro da igreja evangélica.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

NOVA SÉRIE: DENÚNCIA (I)

Este blog não se dedica, de forma exclusiva, a questões apologéticas - minha abordagem é mais ampla, de cunho teológico-pastoral. Existem outros blogs e sites na web, que possuem este enfoque.

Mas ao ver tal panfleto, não pude me conter. Senti-me revoltado e decidi postar e iniciar uma nova série - não por amor à denúncia e polêmica em si, mas por amor ao Evangelho e por amor àqueles que deles se afastam, escandalizados com o modelo de cristianismo que se lhes apresenta atualmente.

Tire suas próprias conclusões.

As minhas, as registro (e prego) abaixo:

O EVANGELHO DE JESUS NÃO É ISTO!

O FAVOR DE DEUS NÃO ESTÁ À VENDA!

Tenho dito.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

BÍBLIA COMPARATIVA, A MINHA BÍBLIA


Como é característico de um país que goza de liberdade religiosa, é fácil ter acesso à Bíblia no Brasil – e o mercado encontra-se saturado delas, em diferentes versões e encadernações, além da “Bíblias de Estudo”, que trazem recursos variados junto ao texto (em geral, mapas, tabelas, gráficos, e, principalmente, comentários dos textos bíblicos em rodapé, que expressam diferentes ênfases e matizes teológicas). Algumas delas são excelentes, outras aparentam ser apenas jogada de marketing.

Gostaria de falar da Bíblia que eu uso, a Bíblia Comparativa.

Por que estou recomendando esta Bíblia, que aparentemente não passa de uma "colagem" de duas versões (Almeida Revista e Corrigida e Nova Versão Internacional) lado a lado?

Porque traduzir a Bíblia não é tarefa fácil.

Engana-se aquele que pensa que basta fazer uma transposição direta palavra por palavra do idioma dos originais para a língua portuguesa – é impossível.

Para transmitir a fluência do texto bíblico original para o idioma traduzido se faz necessário que o tradutor leve em conta aspectos lingüísticos, vocabulares, históricos, gramaticais e contextuais.

Isto sem mencionar a questão textual (ou seja, o texto original adotado: as famílias de manuscritos se dividem em orientais e ocidentais), que na melhor das hipóteses, é especulativa – a expressão “tradução baseada nos melhores manuscritos originais” reflete simplesmente a opinião do tradutor sobre os manuscritos utilizados, já que não temos critérios totalmente objetivos para avaliá-los.

Para quem quiser se aprofundar um pouco mais sobre a história da Bíblia, recomendo os livros Introdução Bíblica: como Bíblia chegou até nós, de Norman Geisler e William Nix (ed. Vida) e Versões da Bíblia – porque tantas diferenças?, de Elizabeth Muriel Ekdahl (ed. Vida Nova).

Felizmente temos boas traduções no Brasil, mas todas elas têm pontos positivos e negativos.

Como já foi mencionado, a Bíblia Comparativa traz a versão Almeida Revista e Corrigida, a tradução mais utilizada (e amada) no Brasil (e, por consequencia, a mais conhecida, memorizada e utilizada publicamente na igreja) lado a lado com a nova Versão Internacional (uma tradução que se preocupa com a fluência do texto na língua contemporânea, mas evita parafraseá-lo).

Cada versão tem suas dificuldades: se, por um lado, a Almeida Revista e Corrigida é muito literalista em sua tradução (embora haja vários textos que eu discorde da escolha vocabular e gramatical), seu vocabulário e gramática arcaicos também fazem com que o leitor se confunda e não compreenda muitas de suas passagens. A maior vantagem da Nova Versão Internacional é que sua linguagem assegura melhor compreensão do texto (muitas vezes, até esclarecendo o que a Almeida quis dizer em algumas passagens), embora eu ache que algumas passagens apresentaram um certo excesso de liberdade em relação ao texto original, para tentar torná-lo mais fluente. Além disso, já vi exemplares com erros de impressão (erros de gráfica).

Mas a publicação desta Bíblia prestou um excelente serviço à comunidade falante de língua portuguesa. É justamente o contraste entre as duas versões que contribuem para uma leitura mais atenta e aprofundada do texto e a tornam uma ferramenta poderosa - por isto ela é minha Bíblia.

***

PS: Não há nenhum interesse comercial por este post, nem estou recebendo nenhum subsídio  financeiro da editora. Recomendo o produto apenas porque acho que se é bom para mim, será também para outros.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

VOCÊ AINDA CONSEGUE CONFIAR EM DEUS...?



Você ainda consegue confiar em Deus mesmo sem saber a cronologia exata de Gênesis?

Você ainda consegue confiar em Deus mesmo sem entender bem porque ele não destruiu Satanás imediatamente após sua rebelião?

Você ainda consegue confiar em Deus mesmo sem saber elencar todos os seres angelicais qua aparecem na Bíblia?

Você ainda consegue confiar em Deus mesmo quando desafiado por doutrinas enigmáticas que ultrapassam seu entendimento, como a predestinação?
 
Você ainda consegue confiar em Deus mesmo sem conseguir visualizar uma linha de tempo exata para os eventos do Apocalipse?

Você ainda consegue confiar em Deus mesmo sem obter algumas informações básicas sobre você mesmo, do tipo: sou corpo-e-alma, corpo-e-espírito ou corpo-alma-e-espírito?

Você ainda consegue confiar em Deus mesmo quando descobre Ele prefere contar com nossos esforços para melhorar o mundo, ao invés de usar Seus milagres?

Você ainda consegue confiar em Deus mesmo quando aceita o fato que Ele não fulmina imediatamente pessoas que, pelos males que causaram, dão a impressão de simplesmente estarem “fazendo hora extra no mundo”?

Você ainda consegue confiar em Deus mesmo quando assiste “Todo-Poderoso” e a idéia de Jim Carrey não parece tão absurda?

Você ainda consegue confiar em Deus mesmo sabendo que não consegurá solucionar todas suas dúvidas? 

Se você respondeu “sim” à grande maioria das questões, parabéns!

Isto demonstra que você não construiu sua fé (e, por consequencia, sua teologia e seu relacionamento com Deus) em torno de especulações sobre temas misteriosos do cristianismo (o que mostra também que você também rejeitou os extremos que incluem construir respostas teológicas simplistas do tipo “pão-pão, queijo-queijo” ou perder-se em devaneios estéreis), mas a edificou sobre o alicerce sólido da auto-revelação do caráter de Deus.

Não sei responder as questões mais intrincadas da teologia. Mas sei que Deus é amor. 

Não sei se todas as profecias do Apocalipse devem ser interpretadas literal ou simbolicamente. Mas sei que Deus é fiel e, por isso, cumprirá Seus planos na história.

Posso continuar confiando em Deus porque sei quem Ele é, mesmo que não o saiba explicar perfeitamente a Ele e a Seus atos.

Saber que Deus é confiável é mais importante do que saber tabular Deus.

Para a fé, basta saber que, se Deus é quem faz, está fazendo bem feito.
...
“Nossa fé é alimentada pelo que está claro nas Escrituras e testada pelo que é obscuro.” – Agostinho.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O QUE PODEMOS APRENDER SOBRE TEOLOGIA COMENDO CACHORRO QUENTE?

Inicio este artigo com grande constrangimento, pois não gosto de falar de minha vida devocional – mas isto é inevitável para abordar o assunto.

Já faz algum tempo que tive este insight. Foi quando estava prestes a degustar um cachorro-quente. Ao dar graças pelo lanche (meu favorito, por sinal), percebi que não era muito coerente agradecer a Deus pelo cachorro-quente.

Calma, deixe-me explicar.

Sei que, ao dar graças no horário das refeições, estamos louvando a Deus por Seu cuidado protetor – o que se aplica perfeitamente ao cachorro-quente, já que o Senhor é que provê nosso sustento.

Quando agradecemos a Deus pelo alimento também O louvamos por Seu poder criadore é neste aspecto que o cachorro-quente não se enquadra, simplesmente porque não foi Deus que o criou.

Um cachorro-quente não é natureza (criação direta de Deus), é cultura (criação humana a partir do trabalho sobre a natureza).

Dar graças por um cachorro quente não é louvar a Deus diretamente como criador, mas louvar a expressão de Sua graça na humanidade – ou seja, celebramos o ato de Deus ter concedido ao ser humano o privilégio de portar Sua imagem e semelhança, tornando-o um ser capaz de criar e produzir.

Seja um cachorro-quente, uma pizza, uma bolacha com manteiga ou um simples pão, estamos usufruindo de um bem cultural (e a mesma analogia se aplica às edificações, aos móveis, aos utensílios eletrônicos, às artes, etc.) e, ao usufruirmos dos mesmos com ações de graças, celebramos o fato de que Deus ainda se faz presente entre os homens e Se expressa através deles.

É óbvio que nem toda a cultura produzida pelo homem é positiva, pelo simples fato de que ela espelha não só a graça de Deus, mas a pecaminosidade humana. Por esta razão a cultura (tudo o que o homem faz) sempre deve estar sob crítica.

Mas também não podemos ir para o extremo oposto, pois todas as vezes que os bens culturais humanos dignificam a vida, usufruí-los significa celebrar o cumprimento das intenções originais de Deus para o homem mesmo neste mundo caído; pois o Criador, que tudo fez “bom”, ansiou que a tudo aquilo que saísse das mãos do homem assim também fosse.

E assim, podemos ansiar com expectativa alegre a redenção final do gênero humano, que remirá o potencial criativo humano. Neste dia, toda a cultura humana será boa e dispensará críticas.