terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ESBOÇO: LIÇÕES QUE PODEMOS APRENDER COM OS PAIS DE MOISÉS (SERMÃO EXPOSITIVO)

TEXTO: Êxodo 2.1-10

INTRODUÇÃO: O Êxodo não se inicia com a chamada de Moisés, com a Páscoa ou com a travessia do Mar vermelho – inicia-se com a coragem de Joquebede e Anrão que, ao enfrentar Faraó, foram os instrumentos que Deus utilizou para prover um libertador a Seu povo.

FRASE DE TRANSIÇÃO: Que lições podemos extrair da história de Anrão e Joquebede?

1. TEMPOS DE DESESPERO NÃO IMPEDEM A VISITAÇÃO DE DEUS (v. 2.a)

a. Deus “faz nascer” uma esperança

2. DEVEMOS ENXERGAR A BELEZA DO QUE DEUS NOS CONCEDE – E VALORIZÁ-LAS (v.2b)!

a. Os pais de Moisés já tinham outros filhos, mas ainda assim lutaram por Moisés

      i. Aquela família ficaria mutilada sem Moisés: tudo aquilo que Deus nos concede é importante!

b. Não podemos abrir mão daquilo que é importante, nos entregando ao comodismo!

      i. O dono das 100 ovelhas não se contentou com 99 (Lucas 15.4-7)

      ii. A dona das 10 dracmas não se contentou com 9 (Lucas 15.8-9)

      iii. O pai do filho pródigo não se contentou com 1 (Lucas 15.11-32)

3. NÃO PODEMOS NOS INTIMIDAR DIANTE DE UM PODER MALIGNO (v. 2.b)

      i. Valorizar Moisés fez com que seus pais desprezassem a lei de Faraó – consequência lógica de seu juízo de valor

      ii. A coragem de Anrão e Joquebede preservou sua integridade
 
     iii. Um homem e uma mulher de fé conseguiram enfrentar o maior tirano de seu tempo (Hebreus 11.23)

1. Devemos compartilhar a mesma atitude de fé, coragem e resistência

4. DEUS CUIDARÁ DO QUE NÃO ESTÁ EM NOSSO ALCANCE (v. 3-9)

a. Anrão e Joquebede protegeram a criança e construíram a arca que a levaria – e Deus a conduziu pelo Nilo

5. DEVEMOS COMPREENDER NOSSO PROPÓSITO DIANTE DAS PORTAS QUE DEUS ABRE (v. 9b-10)

a. Ao ver seu filho salvo Joquebede cumpriu o mesmo dever que teria realizado sob outras circunstâncias: exerceu seu papel de mãe.

TESE: Devemos imitar o exemplo de fé e coragem dos pais de Moisés, expresso em sua responsabilidade paternal e na recusa em abrir mão da dádiva de Deus em suas vidas.

CONCLUSÃO/APLICAÇÃO: Enxergue o “Moisés” que Deus fez nascer em sua vida – e assim, valorize-o e lute com coragem por ele!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

SÉRIE ESCLARECIMENTOS (III): HAVERÁ "AMNÉSIA CELESTIAL"?

Existem muitos jargões expostos nos púlpitos evangélicos relacionados à escatologia - jargões criados para tentar descrever os eventos finais e a eternidade.

Um dos mais populares é a afirmação de que não existirá lembrança da vida terrena nos céus.

Trata-se de uma interpretação de Isaías 65.17 ("Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão".) - uma interpretação, a meu ver, equivocada - que embora pareça respeitar a letra do texto, é simplista, desconsiderando outros importantes textos bíblicos.

Em primeiro lugar, esta visão escatológica é falha do ponto de vista antropológico: é inconsistente com o ensino bíblico sobre a glorificação do corpo. Na 1.ª Epístola aos Coríntios, cap. 15.35-58, Paulo conclui seu ensino sobre a ressurreição do corpo afirmando que o mesmo será um corpo "incorruptível" (v. 42), "glorioso", "vigoroso" (v.43), "espiritual" (v.44), "imortal" (v. 53), semelhante ao de Cristo (v. 49).

Pergunto:

  • Afirmar que não haverá lembrança da vida terrena na eternidade não implica em afirmar que uma de nossas faculdades mentais (a memória) funciona melhor nesta vida do que na vindoura?
  • Como seria possível falar em um corpo glorificado... e amnésico?
  • PIOR: se nosso corpo futuro glorificado é semelhante ao corpo glorificado de Cristo, isto sugere que ELE não possui a lembrança das coisas passadas 
Acho difícil crer nisto...

Creio, em segundo lugar, que além do erro antropológico, este jargão comete um erro hermenêutico: a expressão "não se lembrar" na Bíblia não se refere literalmente a esquecer, mas em não permitir que um fato passado perturbe as condições presentes. Veja o que está escrito no próprio livro de Isaías (cap. 43.25)

"Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro". Sugere este texto que Deus passa a sofrer de amnésia quando perdoa? É óbvio que não.

 
O texto simplesmente afirma que, ao perdoar, Deus se dispõe a não permitir que os pecados passados venham a se interpor no relacionamento (presente e futuro) com quem Ele perdoa. É uma declaração de segurança e estabilidade, deixando evidente a qualidade do relacionamento gracioso que Deus almeja estabelecer com o pecador arrependido (veja ainda hebreus 8.12).
 
A ideia é que o passado ficou para trás - vida nova pela frente.
 
Portanto, afirmar que "não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão" nos céus equivale a dizer que nenhum sofrimento terreno será capaz de impedir o desfrute das alegrias eternas.
 
Como Paulo escreveu, nosso "peso eterno de glória mui excelente" não será comparável à "nossa leve e momentânea tribulação" (2.ª aos Coríntios 4.17-18).
 
Portanto, pode ir para o céu sem medo.
 
Lá você perderá sua dor (Apocalipse 21.4).
 
Mas não sua inteligência.
 
______
PS: Alguns pregadores afirmam que o motivo da "amnésia celestial" é impedir o inevitável sofrimento que seria advindo da consciência da condenação eterna de pessoas amadas em vida. Ora, esta teoria é falha porque:
1. desta forma, Deus seria um ser extremamente atormentado, pois em Sua onisciência Ele possui plena consciência das penas eternas, e tais pessoas foram objeto de um amor que sobrepuja qualquer vínculo de amor terreno. Por que isto não acontece? porque o amor de Deus não entra em desacordo com Sua justiça;
2. quem assim afirma, ignora que a glorificação escatológica implicará também na semelhança moral com Cristo (1.ª João 3.2) - ou seja, a Noiva do Cordeiro compartilhará de Seu perfeito senso de justiça.  

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

SÉRIE: LIÇÕES PRECIOSAS QUE PODEMOS APRENDER... COM QUEM JAMAIS ESPERARÍAMOS! (IV)

CHE GUEVARA

É com muito temor (e tremor) que escrevo este artigo, pois sei que a ideologia* defendida por Ernesto Rafael Guevara de la Serna cerceou liberdades individuais, trouxe atraso econômico a diversos países e causou a morte de milhões de pessoas, especialmente de muitos de meus irmãos fé.

Não quero ofender a consciência de ninguém. Especialmente de missionários que já tiveram experiências do outro lado da Linha Vermelha.

Mas não posso deixar de fazer justiça ao maior legado de Che Guevara: o exemplo de alguém coerente no compromisso com suas convicções pessoais, sendo capaz de aceitar as implicações mais extremas das mesmas.

O abandono da carreira de médico, seu compromisso com os miseráveis da América Latina, sua vida de guerrilheiro e revolucionário, a renúncia ao conforto e segurança pessoal não foram fatos isolados: foram respostas dadas às demandas de seus ideais.

O nível de devoção de uma pessoa a uma causa demonstra o quanto esta causa é importante para ela.

E neste ponto, Che Guevara é uma lição para todos os cristãos.

Que nós, que não temos nossa esperança de redenção em uma utopia ou ideologia falíveis, mas servimos ao Senhor Jesus, o Príncipe da Paz, redentor excelente e eficaz dos homens e da realidade, possamos defender e viver nossos ideais com o mesmo nível de coerência, comprometimento e dedicação.

Feliz 2012!
 

* Obs: se o problema consistia na ideologia em si, ou na maneira como foi implantada, não é algo que eu desejo discutir especificamente agora. Já havia dado uma pincelada na questão do socialismo e comunismo neste artigo: http://www.vitorgadelha.blogspot.com/2010/11/sobre-comunismo-e-comuhao.html . Penso apenas que Marx foi genial em certos aspectos e obtuso em outros.